A Adultização das Crianças Pela Ética Libertária

Liberdade não é libertinagem. Quem sexualiza crianças não é livre — é criminoso. E a ética libertária deixa isso claro.

O influenciador digital Felca fez algo que poucos têm coragem de fazer: expôs publicamente a sexualização e exploração de crianças que acontece diariamente nas redes sociais brasileiras. Seu vídeo viral denunciando dezenas de perfis que promovem a adultização infantil deveria ser aplaudido por todos os defensores da liberdade individual – afinal, não existe liberdade mais fundamental que o direito de uma criança crescer protegida da exploração sexual.

Mas onde estava todo mundo antes? Enquanto Felca corajosamente levanta essa bandeira, o Brasil registrou mais de 60,7 mil violações sexuais contra crianças e adolescentes em 2023. E aqui está o dado mais chocante: apenas 10% dos casos são denunciados à polícia. O resto acontece no silêncio, protegido pela mesma sociedade que agora finalmente desperta para esse horror através do trabalho de pessoas como Felca.

Felca não está surfando na onda da virtude digital – ele está expondo um crime real que acontece debaixo dos nossos narizes. Quando ele denuncia a adultização e sexualização de crianças, está fazendo o que Murray Rothbard defendia em "The Ethics of Liberty": protegendo os direitos absolutos dos menores contra qualquer forma de exploração.

E vamos ser claros sobre uma coisa: a exploração sexual de crianças é uma violação absoluta do princípio da não-agressão. Não existe "contexto cultural" ou "liberdade artística" que justifique transformar uma criança em objeto sexual. Rothbard foi categórico: os pais não são "donos" de seus filhos. Eles são guardiões temporários com a responsabilidade sagrada de proteger essas crianças até que desenvolvam sua própria capacidade de autodeterminação.

Qualquer adulto que sexualiza, explora ou permite que outros explorem uma criança está violando os direitos mais fundamentais daquele ser humano. E isso vale para pedófilos, para pais exploradores, para produtores de conteúdo e para qualquer pessoa que lucre com essa abominação.

Os números são aterrorizantes. Em 2022, as meninas representaram 87,7% dos casos de violação no país. Mais assustador ainda: 68,7% dos casos ocorreram no ambiente doméstico. Ou seja, Felca está apenas mostrando a ponta do iceberg de um problema muito maior e mais profundo.

O maior perigo para uma criança não está necessariamente nas redes sociais – está dentro da própria casa, muitas vezes perpetrado pelos próprios responsáveis que deveriam protegê-la. Mas as redes sociais se tornaram uma vitrine para essa exploração, um mercado digital onde crianças são transformadas em commodity.

Onde está o estado "protetor" quando essas crianças precisam dele? Ocupado com burocracias enquanto uma violação acontece a cada 8 minutos no país. É mais fácil ignorar o problema do que enfrentar a realidade brutal que Felca está corajosamente denunciando.

Aqui é onde muita gente se confunde sobre a ética libertária. Alguns pensam que "liberdade individual" significa tolerância com qualquer comportamento. Estão completamente errados. A ética libertária estabelece princípios mais rígidos que qualquer lei estatal quando se trata de crianças.

Walter Block, em "Defending the Undefendable", deixa claro que a liberdade só existe entre adultos capazes de consentimento. Crianças, por definição, não podem consentir com sua própria exploração. Portanto, qualquer forma de exploração sexual infantil – seja por estranhos, familiares ou próprios pais – é uma violação criminosa dos direitos naturais.

O mercado livre funciona entre adultos que podem tomar decisões informadas. Uma criança não pode "escolher" ser sexualizada. Não existe "liberdade de mercado" que justifique a transformação de uma criança em produto sexual. Quem defende isso não é libertário – é cúmplice de um crime.

Quando Felca expõe perfis que promovem a adultização infantil, ele está fazendo o trabalho que uma sociedade saudável deveria fazer automaticamente: proteger suas crianças. Ele está mostrando que a responsabilidade não pode ser terceirizada para o estado – cada cidadão tem o dever moral de denunciar e combater essa exploração.

A adultização infantil – a exposição precoce de crianças a comportamentos, responsabilidades e expectativas adultas – é particularmente insidiosa porque normaliza a sexualização. Uma criança fantasiada de adulta para "entretenimento" está sendo preparada para aceitar que seu valor está em sua sexualidade, não em sua humanidade.

O mais revoltante não são apenas os crimes que Felca está denunciando – é a hipocrisia de uma sociedade que finalmente se escandaliza quando o problema vira viral, mas que sistematicamente ignora sinais óbvios de exploração infantil.

Quantas pessoas que agora compartilham o vídeo de Felca já viram crianças sendo exploradas e não fizeram nada? Quantos adultos já presenciaram situações suspeitas e preferiram "não se meter"? A cultura do silêncio e da omissão é o que permite que essas violações se perpetuem.

Felca está quebrando essa cultura de omissão. Ele está dizendo: "Vejam, isso está acontecendo, e vocês não podem mais fingir que não sabem."

As redes sociais não criaram a exploração infantil – elas apenas tornaram visível um problema que sempre existiu. Antes do YouTube e do TikTok, crianças já eram exploradas, abusadas e violentadas. A diferença é que agora temos evidências digitais e a capacidade de expor esses crimes.

Felca está usando essa transparência da forma correta: para atacar o problema de frente. Em vez de culpar a tecnologia, ele está usando ela para expor os verdadeiros culpados.

A internet pode ser usada para explorar crianças, mas também pode ser usada para protegê-las – como Felca está fazendo. A questão não é a ferramenta, é como ela é usada.

Em 2023, mais de 166 violações sexuais contra crianças aconteceram todos os dias no Brasil. O estado que supostamente deveria proteger essas crianças é o mesmo que cria as condições de vulnerabilidade através de suas políticas econômicas desastrosas. Inflação descontrolada, desemprego em massa, famílias destruídas pela intervenção estatal – tudo isso cria o terreno fértil onde a exploração floresce.

Por isso o trabalho de Felca é ainda mais importante. Ele não está esperando que o estado resolva o problema – ele está mobilizando a sociedade civil para agir. Está mostrando que a proteção das crianças é responsabilidade de todos nós, não apenas de burocratas distantes.

Felca está iniciando algo muito maior que uma campanha nas redes sociais. Ele está promovendo uma revolução moral: a ideia de que adultos verdadeiramente livres têm a obrigação de proteger aqueles que não podem se proteger.

Numa sociedade libertária genuína, a proteção das crianças seria mais eficaz porque seria baseada na responsabilidade individual real, não na burocracia estatal. Quando cada adulto se sente pessoalmente responsável pelo bem-estar das crianças ao seu redor, a proteção se torna uma questão de comunidade, de valores compartilhados.

Isso significa que exploração sexual infantil seria tratada pelo que realmente é: uma das mais graves violações dos direitos naturais, punível não apenas legalmente, mas socialmente ostracizada por uma comunidade que valoriza verdadeiramente suas crianças.

Daqui a anos, quando olharmos para trás, veremos que pessoas como Felca foram pioneiras em despertar a consciência social para um dos crimes mais hediondos da nossa época. Ele não está apenas denunciando perfis específicos – está construindo uma cultura de proteção ativa à infância.

Mais de 200 perfis denunciados, acordos propostos para doação a instituições de proteção infantil, conscientização massiva através de conteúdo viral – esse é o tipo de ativismo que realmente funciona. Não é burocracia estatal ou regulamentação governamental, é ação direta da sociedade civil.

A exploração sexual infantil é um crime contra os direitos mais fundamentais do ser humano. Não importa quem perpetua – estranhos, familiares, pais, produtores de conteúdo – é uma violação absoluta que não pode ser relativizada por nenhuma circunstância.

Felca entendeu isso e está agindo. Ele está provando que numa sociedade livre, a proteção das crianças não depende de leis ou decretos, mas da coragem moral de indivíduos que se recusam a aceitar o inaceitável.

Que seu exemplo inspire outros a quebrar o silêncio, expor os crimes e proteger aqueles que não podem se proteger. Porque no final das contas, uma sociedade só é tão livre quanto suas crianças são protegidas. E Felca está lutando pela liberdade mais fundamental de todas: o direito de uma criança ser criança.

Referências:

Notícias:
https://www.correiobraziliense.com.br/aqui/2025/08/08/quem-e-o-youtuber-que-esta-mudando-o-jogo-no-combate-a-adultizacao-infantil/
https://ric.com.br/cotidiano/felca-video-adultizacao/
Dados:
https://www.fadc.org.br/noticias/cenario-violencia-sexual
https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2023/maio/disque-100-registra-mais-de-17-5-mil-violacoes-sexuais-contra-criancas-e-adolescentes-nos-quatro-primeiros-meses-de-2023

Livros:
A Ética da Liberdade - Capítulo 14: As crianças e seus direitos
https://rothbardbrasil.com/wp-content/uploads/arquivos/A%20etica%20da%20liberdade%20-%20miolo%20capa%20brochura_2013.pdf
Defendendo o Indefensável - Página 23 (Conservadorismo Cultural)
https://rothbardbrasil.com/wp-content/uploads/arquivos/indefensavel.pdf