A Apple caminha contra evidências científicas e se rendeu à farsa da agenda Woke. Ela aderiu à pauta identitária de criar política de representatividade para lacrar. Mas é provável que se continuar assim, terá o mesmo destino da Disney.
A Apple é uma das empresas mais bem-sucedidas do mundo, revolucionando o mundo da tecnologia e como o ser humano lida com seus aparelhos smartphones. Considerando o sucesso de uma empresa dessa envergadura, e com um valor de mercado avaliado em 3,4 trilhões de dólares, acreditamos que a grande preocupação dela é com capacidade e entrega de resultados, certo? Talvez não, já que a Apple reabriu inscrições no dia 13 de agosto para um curso de empreendedores na qual as três sessões de treinamento previstas entre outubro e dezembro são somente para mulheres e minorias raciais.
Como mostra o site oficial, a Apple lacrou e entrou para a onda Woke. O que se lê no site é a seguinte declaração: “o Acampamento de Empreendedores da Apple apoia fundadores e desenvolvedores sub-representados, [as] inscrições agora estão abertas para desenvolvedores que são mulheres, negros, hispânicos/latinos e indígenas”. E para piorar, colocaram asteriscos na palavra mulher, e logo explicam na nota de rodapé que a organização acredita que a expressão de gênero é um direito fundamental. Ou seja: conforme a esquerda e os seguidores da cartilha Woke dizem, não existe mulher, tanto é que não definem cientificamente o que seria uma. Para eles, qualquer pessoa pode se sentir como mulher e fazer sua transição, já é considerada uma e a ciência que vai para a “fruta que partiu”. A empresa frisa na mensagem: “aceitamos inscrições de todas as mulheres”. Isso quer dizer que aquele seu amigo açougueiro de dois metros que vive coçando as bolas, só precisa colocar um vestido rosa, mudar o nome para Cleide, e falar que se tornou uma mulher. Talvez nem precise de tudo isso.
Essa iniciativa progressista que abraça a cartilha das minorias e do segregacionismo vem de anos na companhia. De acordo com um comunicado à imprensa, publicado em 31 de agosto de 2021, a gigante da tecnologia pretendia gastar 30 milhões de dólares na sua iniciativa de “Equidade Racial e de Justiça” visando, “apoiar estudantes, inovadores e organizações de ativismo líderes em criar um mundo mais inclusivo e mais justo”. Assim, entre as iniciativas estava o Acampamento de Empreendedores para minorias, com um “laboratório de tecnologia imersivo”. E para fechar com a lacração, o chefe executivo da big tech, Tim Cook, chegou a declarar que “o chamado pela construção de um mundo mais justo e com mais equidade é urgente”.
O que essas empresas que seguem essa cartilha nefasta têm feito, na prática, é apenas uma segregação embasada em argumentos politicamente corretos. O resultado é mais segregação e militância totalmente desconectada da realidade, e isso não tem nada a ver com inclusão. Um exemplo é que em março deste ano, a Apple considerou integrar aos seus dispositivos a IA do Google, conhecida como Gemini. No entanto, o que aconteceu foi um fiasco de imagens enviesadas, que trocavam a cor da pele dos fundadores dos Estados Unidos, e isso acabou com a reputação da ferramenta. Será isso inclusão, ou distorção da realidade? O que os progressistas têm feito é uma forma de distorcer os fatos históricos e criar novas narrativas para alimentar as políticas identitárias. Essas empresas de tecnologia estão querendo seguir o mesmo caminho da Disney, e o fracasso retumbante de seus filmes já nos mostrou que quem lacra não lucra.
No famoso livro Os Intelectuais e a Sociedade, o economista americano Thomas Sowell critica a ênfase moderna na “representação” de grupos. Essa falsa representação se trata da ideia de que alguns conjuntos de pessoas devem ser representados proporcionalmente em várias esferas da sociedade (como na política, nos negócios ou na educação) para a justiça ser finalmente alcançada. Sowell aponta que diferentes grupos têm, historicamente, demonstrado diferentes preferências e capacidades em várias áreas da vida, resultando em diferentes níveis de representação sem que isso necessariamente implique discriminação. Ele defende que os resultados desiguais entre grupos não são automaticamente evidências de injustiça ou de um sistema discriminatório. Critica também a ideia de que as pessoas devem ser vistas como membros de grupos ao invés de indivíduos. Para Sowell, essa abordagem é uma forma de coletivismo que desconsidera as diferenças individuais e promove políticas que podem ser injustas em prol de resultados coletivos. E é por isso que as políticas progressistas que invadiram o mundo político, acadêmico e corporativo são um fracasso total, e apenas pioram o desempenho dessas instituições. Sowell argumenta que a busca por resultados iguais entre grupos muitas vezes ignora as diferenças em oportunidades e escolhas individuais. Ele aponta que a imposição de “representação” pode prejudicar a eficácia de instituições ao priorizar a diversidade de grupos sobre a competência individual.
Para o indivíduo progressista, que milita pela cartilha Woke da representatividade e do igualitarismo, as pessoas e os grupos sociais a que pertencem não podem ser diferentes. Eles não entendem que até mesmo entre pessoas de idade diferentes há aptidões, objetivos e condições de trabalho diferentes, e entre homens e mulheres isso é mais intensificado. As diferenças entre as pessoas não são culpa da sociedade. Na verdade, são características inerentes aos seres humanos, já que cada pessoa tem dons e talentos únicos e objetivos de vida únicos. Por isso, o típico progressista médio não passa de um engenheiro social autoritário com interesses de planejar a sociedade e como a vida das pessoas deveria ser. Eles veem o aparato estatal como o instrumento detentor da força e do poder para corrigir o que consideram injustiças ou anomalias sociais, que devem ser mudadas à base da imposição. Assim, para Thomas Sowell, toda essa ideia desconectada da realidade de resolver o suposto problema da representatividade têm uma natureza utópica e dogmática. É o novo plano comunista de criar igualitarismo forçado, já que as teorias marxistas de guerra de classe e exploração do trabalhador foram já refutadas e reveladas como fracassadas.
Todas essas políticas de representatividade ou de reparação histórica que visam dar cotas a negros e reservar vagas para certos grupos apenas geram um ambiente de insegurança jurídica. Um estudante negro, mesmo sendo rico, ganhará uma cota na universidade e roubará a vaga de outro estudante que merecia mais do que ele. Em muitos casos, um estudante pobre e esforçado, que se dedicou muito, tem sua vaga roubada por um estudante negro que além de rico, teve um resultado ruim. Isso apenas cria distorções e intensifica a segregação racial, piorando o ambiente acadêmico e depois, o ambiente das empresas. Isso, com certeza, pode ser considerado injustiça.
Sowell também é autor do livro “Ação Afirmativa ao Redor do Mundo”, que critica incisivamente as políticas de ação afirmativa e os programas de diversidade em empresas e outras instituições. Ele parte de algumas premissas interessantes para embasar seus argumentos contra essas políticas. Para o economista, não há sólidas evidências para justificar tais atos. Sowell escreve que muitas dessas políticas partem da premissa de que as diferenças entre grupos relacionadas a emprego, educação e outras áreas são sempre injustas. Mas isso é um objeto de contestação do economista que mostra que essas diferenças resultam de um conjunto de vários fatores históricos, culturais e individuais, e não se limitam ao problema da discriminação sistêmica. Portanto, a retórica dos progressistas de que tudo isso é fruto de discriminação é simplista, ignora fatos e culturas diversas.
O autor também revela que essas políticas com metas sabidamente inatingíveis são usadas de forma estratégica pelos políticos oportunistas e seus defensores. Afinal, toda política com metas inalcançáveis pode criar mais problemas do que soluções, além de incentivar a militância do igualitarismo e do politicamente correto para criar novos bodes expiatórios e problemas sociais a serem corrigidos. Dessa forma, esses programas de diversidade e ação afirmativa, mesmo que apresentados como temporários, têm uma tendência de se perpetuar indefinidamente, como as cotas raciais aqui no Brasil.
Podemos lembrar aqui um interessante posicionamento de um engenheiro de software do Google, James Damore. No ano de 2017, adotou um posicionamento contra um programa de cotas para mulheres entre engenheiros do Google. Assim, decidiu escrever um memorando citando sólidas evidências científicas de que as mulheres se interessam menos que os homens pela programação mais técnica, diferentemente da programação relacionada a interface com o usuário. O título do documento era “A bolha ideológica do Google”. Assim, Damore dava sugestões não-discriminatórias para atrair as mulheres para a engenharia de software, como “programação com pares de colaboração”. Infelizmente, a resposta dada ao engenheiro foi negativa, já que foi chamado de misógino na imprensa progressista, culminando na sua demissão. Até o diretor-executivo do Google, Sundar Pichai, se rendeu ao politicamente correto e à pressão da imprensa. Pichai justificou a demissão ao defender que o memorando tinha partes, em suas palavras, “que passam dos limites ao defender estereótipos danosos de gênero no nosso ambiente de trabalho”.
Segundo pesquisa do Tech Report, há 26,9 milhões de desenvolvedores de software em todo o mundo neste ano de 2024, representando um crescimento de mais de três milhões nos últimos 4 anos. A avassaladora maioria é de homens, que representam quase 92% dos trabalhadores no setor. Nos Estados Unidos, cerca de 54% dos desenvolvedores são brancos, e 25% são de origem asiática. Na população dos Estados Unidos, quase 66% são brancos e 5,8% são asiáticos. Isso mostra que muitos indivíduos asiáticos têm interesse natural nesse setor e eles sequer precisaram de cotas para se tornarem desenvolvedores de software. Não foi uma política afirmativa e de diversidade que fez a representação de asiáticos ser grande, mas a escolha pessoal dessas pessoas que são de um grupo numericamente minoritário. Esse dado com certeza refuta muito dessa falácia da esquerda de que precisamos da intervenção do estado com políticas afirmativas de diversidade sendo impostas de cima para baixo por burocratas e engenheiros sociais.
Enfim, o que uma política afirmativa e de cotas pode fazer é apenas criar mais segregação e prejudicar pessoas competentes por não fazerem parte do seleto grupo considerado minoritário. A Apple, infelizmente, apenas caminha em direção à lacração e a subserviência de políticas fracassadas, mas que são fortemente defendidas nos campi universitários e na mídia americana.
https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/representacao-apple-abre-programa-de-treinamento-somente-para-mulheres-negros-e-indigenas/