Casas Abandonadas, Vidas Roubadas: Mais Uma Vez o Estado FALHOU em Proteger os CIDADÃOS

Cidades inteiras abandonadas, ruas desertas e moradores expulsos pelo terror: o que era para ser um lar virou território dominado pelo crime. Este é o retrato sombrio da falência do estado em garantir segurança e dignidade às suas comunidades.

Preparem-se para mais uma demonstração grotesca e inaceitável da completa falência do aparato estatal brasileiro. O que aconteceu em Capanema, zona rural de Maragojipe, no Recôncavo Baiano, e se reproduz sistematicamente nos conjuntos habitacionais do programa "Minha Casa Minha Vida" e também em Iratama, zona rural de Morada Nova (CE), é um retrato devastador de como o estado — essa entidade que se arvora como guardiã da ordem e da segurança — é, na verdade, o grande responsável pela criação e perpetuação do caos que assola comunidades inteiras.

Em março de 2024, a equipe do site Alô Juca foi chamada por moradores desesperados de Capanema para testemunhar algo que deveria causar vergonha profunda em qualquer autoridade: uma comunidade inteira transformada em cidade fantasma pela ação do crime organizado. Ao chegarem ao local, encontraram casas vazias, comércios fechados, ruas desertas e o silêncio sepulcral de uma localidade que outrora pulsava com vida.

A facção criminosa Katiara invadiu a comunidade e assumiu o controle territorial absoluto da região. Em disputa com o Bonde do Maluco (BDM), essas organizações criminosas transformaram Capanema em um verdadeiro campo de batalha, onde o cidadão comum — aquele que supostamente deveria ser protegido pelo estado — se tornou refém de uma guerra que não escolheu e da qual não pode escapar.

Como se não bastasse, em julho de 2025, presenciamos a repetição exata do mesmo padrão de abandono estatal em outro canto do Nordeste. O distrito de Iratama, na zona rural de Morada Nova, no Vale do Jaguaribe (CE), foi completamente esvaziado após ultimato de facções criminosas. A escalada da violência entre GDE (Guardiões do Estado) e Terceiro Comando Puro resultou em algo inédito: a evacuação total de uma comunidade inteira.

O método é sempre o mesmo: ameaças diretas, ultimatos com prazo determinado, e o terror como ferramenta de controle territorial. O assassinato de Audivan, braço direito de um líder criminoso, desencadeou uma retaliação desproporcional e coletiva contra uma população civil que não tinha absolutamente nada a ver com a guerra entre facções.

O jornalista Ricardo Lima, do Cidade Alerta, capturou perfeitamente o absurdo da situação: "Nunca vimos algo assim. Onde há intervenção do crime, geralmente são expulsos familiares de inimigos, rivais. Mas dessa vez foi diferente: ninguém ficou. É uma limpeza total imposta pelo terror."

A incompetência estatal não se limita às comunidades rurais, mas também ocorre nos conjuntos habitacionais do programa federal. Em Salvador, Simões Filho, Feira de Santana, Santo Amaro da Purificação e Jequié, o mesmo padrão se repete: traficantes expulsam moradores, apropriam-se dos imóveis e estabelecem seus próprios códigos de "lei" — tudo isso enquanto o estado cobra impostos para financiar uma segurança que jamais entrega.

No Conjunto Residencial Fazenda Grande II, a situação é particularmente revoltante. Traficantes armados com fuzis e pistolas batem de porta em porta, expulsando qualquer pessoa que tenha ligação com policiais — sejam familiares, amigos ou conhecidos. O relato de um ex-morador é aterrorizante: "Eles entraram em meu prédio batendo de porta em porta, falando que aqueles que são policiais, que têm parentes policiais ou que tenham amigos policiais civis ou militares deveriam sair. Estavam fortemente armados, com fuzis e pistolas. Era um grupo enorme."

A perversidade do sistema fica ainda mais evidente quando descobrimos que os apartamentos abandonados são vendidos por valores irrisórios — R$ 10 mil, R$ 15 mil, R$ 20 mil — em sites como Facebook e OLX. Esse dinheiro, obviamente, é reinvestido na compra de drogas e armas, perpetuando o próprio sistema criminoso que o estado alega combater.

A realidade nos conjuntos habitacionais dominados pelo crime organizado é a de uma verdadeira ditadura paralela. No Bosque das Bromélias, Bate Coração, Retiro e São Cristóvão, as regras são claras e brutais: moradores são obrigados a manter suas portas abertas para facilitar fugas durante operações policiais, líderes comunitários são proibidos de contatar órgãos públicos sem autorização prévia do tráfico, e qualquer suspeita de "caguetagem" pode resultar em espancamentos ou morte.

O caso de uma adolescente no Bosque das Bromélias é emblemático: ela foi sequestrada e espancada por traficantes que achavam que suas conversas telefônicas frequentes com a mãe eram denúncias à polícia. Apenas a intervenção da mãe, que foi pessoalmente até a "boca" explicar a situação, salvou a vida da jovem.

Em Bate Coração, uma família inteira foi expulsa porque uma das crianças estudava em um Colégio Militar. O simples fato de uma criança usar farda escolar foi suficiente para que traficantes determinassem a expulsão imediata da família, que teve que providenciar mudança no mesmo dia.

Não estamos falando de uma ou duas famílias isoladas, mas de comunidades inteiras que tiveram que abandonar tudo o que construíram ao longo de décadas. Em Capanema, as casas abandonadas foram prontamente invadidas pelo tráfico, que passou a utilizá-las como pontos de apoio logístico e distribuição de drogas. Em Iratama, o temor é o mesmo: que os imóveis abandonados sejam invadidos, depredados ou tomados por criminosos.

As evidências físicas do domínio criminoso são gritantes e humilhantes. Pichações com as iniciais "KT" (Katiara) e "BDM" (Bonde do Maluco) em muros e postes, marcas de tiros de fuzil nas paredes como cicatrizes de uma guerra urbana que o estado se recusa a enfrentar, acampamentos improvisados em áreas de mata — tudo isso compõe o retrato de territórios onde a lei do estado foi substituída pela lei do crime.

Mas o mais revoltante é a resposta patética das forças de segurança. Em Capanema, as forças só entram na região com o apoio de tropas especializadas como a RONDESP. Em Iratama, apesar da presença constante de equipes da Polícia Militar e patrulhamento da Polícia Civil, não há qualquer sinal de moradores nas ruas — apenas o vazio do território perdido para o crime.

A situação expõe de forma crua uma contradição fundamental do sistema estatal. O estado reivindica para si o monopólio da violência legítima, proibindo os cidadãos de se armarem e se defenderem, mas simultaneamente se revela incapaz de proteger essas mesmas pessoas quando elas mais precisam. É uma traição dupla: primeiro, o estado desarma a população; depois, a abandona à própria sorte diante de criminosos fortemente armados.

A falta de policiamento efetivo permitiu o domínio territorial quase absoluto das facções, que agora controlam o acesso e as atividades nas regiões. Comerciantes fecharam seus estabelecimentos, igrejas estão trancadas, centros comunitários foram desativados, e até mesmo campos de futebol estão abandonados. A vida social, econômica e cultural dessas localidades foi completamente destroçada pela ação criminosa — uma destruição que só foi possível graças à omissão estatal.

A resposta burocrática dos órgãos públicos torna a situação ainda mais revoltante. Quando moradores fazem denúncias, são jogados de um órgão para outro numa dança macabra da irresponsabilidade institucional. O Ministério Público Federal se esquiva alegando que tráfico só é de sua competência quando é internacional; o Ministério Público do estado afirma não ter "nenhum procedimento em andamento no sistema"; as polícias Civil e Militar simplesmente não respondem aos questionamentos.

A Caixa Econômica Federal, responsável pelo programa habitacional, oferece como "solução" o distrato da operação — ou seja, a vítima que perde sua casa para o crime organizado deve abrir mão de seu benefício e recomeçar do zero.

Não nos iludamos: essas tragédias não são acidentes isolados ou fatalidades inexplicáveis. São o resultado direto e previsível de décadas de políticas estatais equivocadas que criaram as condições perfeitas para o florescimento do crime organizado.

A absurda e contraproducente "guerra às drogas" transformou o tráfico em uma atividade extraordinariamente lucrativa, capaz de financiar organizações criminosas cada vez mais poderosas e violentas. A proibição das drogas não reduziu o consumo, mas criou um mercado negro bilionário que opera fora de qualquer controle legal, gerando violência e corrupção em escala industrial.

Simultaneamente, o estado mantém leis restritivas ao porte de armas, impedindo que cidadãos honestos possam se defender adequadamente. O resultado é uma equação perversa: criminosos fortemente armados versus população civil desarmada e desprotegida, enquanto o estado se mostra incapaz de garantir a segurança que promete.

A apresentadora Isis, do Cidade Alerta, expressou com precisão o absurdo: "É inacreditável que o estado ainda não tenha garantido o retorno dessas famílias. O povo tem o direito de ir e vir. Quem manda é o estado, e não uma facção." Essa fala, ainda que represente a expectativa da sociedade em relação ao estado, escancara a dura realidade: no território tomado pelo crime, quem de fato exerce o poder são as facções, enquanto o estado se limita a patrulhar ruas vazias como um fantasma de sua própria incompetência.

Diante desse cenário desolador, a resposta estatista tradicional será previsível e ineficaz: mais recursos para a polícia, mais leis penais, mais operações espetaculosas que produzem manchetes temporárias mas não resolvem o problema estrutural.

A perspectiva libertária oferece soluções mais eficazes. Em primeiro lugar, é fundamental reconhecer que a proibição das drogas é a principal fonte de financiamento do crime organizado. A legalização do mercado de drogas retiraria dos criminosos essa importante fonte de receita, reduzindo drasticamente seu poder e influência.

Em segundo lugar, é necessário restaurar o direito natural de autodefesa dos cidadãos. Em uma sociedade livre, pessoas honestas e trabalhadoras teriam o direito de se armar e se defender, sem depender da proteção falha e muitas vezes inexistente do estado.

Finalmente, a proteção efetiva das comunidades poderia ser garantida por meio de serviços de segurança privados, operando em um mercado competitivo onde a eficiência e a responsabilidade seriam recompensadas, e a incompetência seria punida pela perda de clientes.

O abandono de Capanema, a expulsão de Iratama e a tomada dos conjuntos habitacionais são mais do que tragédias locais; são símbolos da falência de todo um sistema baseado na concentração do poder nas mãos de uma burocracia estatal ineficiente e irresponsável.

Esses casos deveriam ser um alerta final para todos os brasileiros: não podemos continuar dependendo de um estado que demonstra, repetidamente, sua incompetência em proteger os direitos mais básicos dos cidadãos. É hora de buscar alternativas que coloquem a liberdade e a responsabilidade individual no centro da organização social.

Enquanto isso não acontecer, comunidades continuarão sendo entregues ao crime organizado, beneficiários do "Minha Casa Minha Vida" continuarão sendo expulsos de suas próprias casas, e o estado continuará cobrando impostos para financiar sua própria incompetência.

A lição é clara: onde o estado falha, o crime organizado triunfa. E quem paga o preço são sempre os cidadãos honestos e trabalhadores que merecem muito mais do que o abandono e a incompetência que lhes são oferecidos. O sonho da casa própria não pode se transformar no pesadelo da expulsão e do terror. É hora de despertar para a realidade: o Estado não é a solução, é o problema.

Referências:

https://www.correio24horas.com.br/minha-bahia/traficantes-expulsam-moradores-do-minha-casa-minha-vida-0225
https://youtu.be/f7rdzZFSHFI