Violando acordos firmados há poucos meses, e também a soberania da Guiana, o governo ditatorial de Nicolás Maduro oficializou a inclusão da região do Essequibo no território venezuelano.
A Venezuela, governada com mãos de ferro por Nicolás Maduro, tem mesmo dado o que falar. À medida que se aproximam as eleições presidenciais no país - fraudulentas até a tampa, - mais o teor ditatorial do amiguinho do Lula se torna evidente. Primeiro, Maduro violou qualquer senso de legalidade, no que se refere à própria questão eleitoral. Depois, ele passou a violar também a soberania da vizinha Guiana - ainda que a questão tenha ficado, por enquanto, apenas na ameaça. Acontece que, nos últimos dias, Maduro subiu o tom em ambos os aspectos. E sim: o governo venezuelano oficializou, recentemente, a transformação do território do Essequibo - um pedaço do país vizinho - em parte de seu próprio território.
As coisas estão tão feias na Venezuela, que até mesmo o governo brasileiro teve que emitir uma nota - muito safada, como era de se esperar - na qual reprovou os avanços ditatoriais do amigo do Lula. Veja o que diz um trecho da tal nota: “O governo brasileiro acompanha com expectativa e preocupação o desenrolar do processo eleitoral” na Venezuela. Uau! Que declaração mais incisiva, não é mesmo? Olhando assim, parece que o governo brasileiro está falando de uma eleição levemente questionada, como a que aconteceu aqui, no Brasil, em 2022, ou nos Estados Unidos, em 2020. Só que a coisa na Venezuela é muito, mas muito pior.
Nicolás Maduro, na prática, está seguindo os passos de seu mentor, Vladimir Putin, e de seu colega, Daniel Ortega, destruindo por completo a oposição, para vencer as eleições com tranquilidade. Primeiro, ele impediu a candidatura de Maria Corina Machado, o nome mais forte da oposição, tornando-a inelegível. Depois, a Suprema Corte do país - também a serviço da ditadura - sacaneou as primárias do partido de oposição - novamente para perseguir Maria Corina, que venceu essa disputa de forma inquestionável.
Agora, a nova candidata indicada pela oposição, Corina Yoris, não conseguiu sequer registrar sua candidatura, por conta de “problemas no sistema” responsável pelos registros. Pois é. De última hora, um terceiro nome, Manuel Rosales, foi inscrito pelo partido Um Novo Tempo. Não se sabe ainda se ele é exatamente uma oposição a Maduro, nem se vai ter o apoio de Maria Corina. O que se sabe, contudo, é que o ditador não vai descansar, enquanto não esmagar a oposição por completo.
Ou seja, chamar essa situação de fraude é pegar leve. Ainda assim, o máximo que o governo brasileiro, eterno baba-ovo de Nicolás Maduro, conseguiu fazer, foi tratar a coisa toda como sendo motivo de “expectativa” e “preocupação”. Toda essa paumolecência, contudo, ainda conseguiu desagradar o Maduro. Em resposta, à nota brasileira, o governo da Venezuela afirmou que o pronunciamento oficial do Brasil é “nebuloso e parece ter sido ditado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos”. Pois é: fomos até chamados de intrometidos pelos venezuelanos!
Tudo bem, mas como isso se relaciona com a crise do Essequibo, que dá tema a este vídeo? Bem, os dois assuntos têm tudo a ver um com o outro. Em primeiro lugar, Nicolás Maduro assumiu dois compromissos, um em Barbados, e outro, em São Vicente e Granadinas - ambos celebrados no fim do ano passado. No primeiro caso, Maduro garantiu que a Venezuela realizaria eleições limpas em 2024; no segundo caso, o ditador venezuelano se comprometeu a não invadir o território da Guiana. Pois é, parece que esses dois compromissos já subiram no telhado, não é mesmo?
Em segundo lugar, toda essa tensão envolvendo a região do Essequibo, ao que tudo indica, é uma bravata de Nicolás Maduro. O mais recente desenrolar dessa história foi a decisão, proferida pela Assembleia Nacional da Venezuela - o parlamento de fachada do país, - aprovando a criação do estado de Essequibo, no território que pertence à Guiana. E adivinha só: essa decisão teve aprovação unânime por lá! Me diga se essa democracia não é mesmo algo lindo de se ver? Pois bem: agora, oficialmente, o Essequibo se torna o 24º estado da Venezuela - o 3º maior do país, com uma área de 160 mil km2. Esse novo estado, inclusive, já aparece na Wikipedia!
Essa possível anexação efetiva da região vizinha foi justificada por aquele referendo maceteado, feito pouco tempo atrás, na Venezuela. Nós, inclusive, já falamos sobre esse tema, aqui no canal, no vídeo: “Referendo na VENEZUELA dá vitória ESMAGADORA às aspirações IMPERIALISTAS de Nicolás Maduro” - link na descrição. Obviamente, aquilo foi uma fraude total - a ponto de o próprio Lula afirmar, publicamente, que Nicolás Maduro iria conseguir o que queria com aquele pleito. Dito e feito.
Obviamente, a ditadura venezuelana tem bons motivos para prosseguir com essa história de ameaça à soberania da Guiana. O primeiro desses aspectos, como não poderia deixar de ser, é econômico. Nós também já falamos sobre isso algum tempo atrás, aqui no canal, no vídeo: “A ECONOMIA da GUIANA: por que a VENEZUELA está tão INTERESSADA no país vizinho?” - link na descrição. A região do Essequibo, que responde por mais da metade do território da Guiana, possui vastas reservas de petróleo - que viriam a calhar para a Venezuela, um país que amarga graves problemas econômicos há muitos anos.
Contudo, o grande fator que leva Nicolás Maduro a ameaçar um país vizinho pacífico é, essencialmente, interno. A ditadura chavista enfrenta seu pior momento, desde que foi instaurada. A popularidade de Maduro é praticamente inexistente; hoje, ele se mantém no poder, apenas, pelo uso brutal da força. Você se lembra do que aconteceu, em 2019, quando o ditador enviou seus veículos blindados para dispersar pessoas que manifestavam contra o governo, na capital? Pois é: não existe evidência alguma de que a coisa melhorou para Maduro de lá para cá - pelo contrário.
Todo o esforço que o governo venezuelano tem feito para combater a oposição é o reflexo da certeza que o próprio Nicolás Maduro tem, a respeito de suas chances num pleito eleitoral legítimo. Hoje, qualquer candidato de oposição derrotaria o ditador com tranquilidade. Pior ainda: se os termos do acordo de Barbados fossem respeitados, também os venezuelanos no exterior poderiam votar. Você acha que esses refugiados votariam na manutenção do chavismo, ou na sua substituição por qualquer outro governo que seja? Não existe hoje, para Maduro, qualquer alternativa para a manutenção do seu poder, que não passe pelo uso extremo da força.
É por isso que o ditador quer demonstrar sua força de todas as formas possíveis. E criar um conflito externo, ainda que implícito, é sempre uma boa alternativa para consolidar seu poder internamente. Um cenário de possível guerra pode motivar a suspensão de direitos civis ou o adiamento de eleições, tornando Maduro virtualmente o presidente vitalício da Venezuela. Nesse cenário, quanto mais tempo essa história de guerra contra a Guiana ficar em banho-maria, melhor para ele.
É pouco provável que a Venezuela, de fato, invada o território de Essequibo - pelo menos de forma abrangente. Pequenas incursões na fronteira são possíveis, mas não é crível imaginar uma invasão completa de toda a região. Em primeiro lugar, exceto pela zona costeira - que demandaria um complexo desembarque anfíbio, - a região do Essequibo é formada por densas florestas, difíceis de penetrar.
Em segundo lugar, embora o exército da Guiana seja muito pequeno, é certo que o país teria apoio pelo menos do Reino Unido e dos Estados Unidos. O apoio não precisa ser muito grande: basta durar tempo suficiente para falir a Venezuela, país que, na atualidade, é claramente incapaz de manter um conflito de longo prazo. Não, Maduro sabe que invadir o Essequibo daria à comunidade internacional um ótimo pretexto para invadir a Venezuela, derrubar o chavismo e pôr fim à tragédia humanitária que castiga o país.
Para Nicolás Maduro, só a bravata já é suficiente. Ela permite criar inimigos imaginários, a serem combatidos - o imperialismo norte-americano, as forças estrangeiras que querem minar a soberania venezuelana, etc. Esses inimigos imaginários, contudo, são combatidos de forma real dentro do país - através da perseguição a adversários políticos que, supostamente, estão conspirando contra os interesses nacionais. Veja que, sob todos os aspectos, decretar a anexação do Essequibo, distribuir livros didáticos incluindo esse território no mapa da Venezuela e prometer retaliar quem se coloque contra o chavismo ajuda a fortalecer a imagem de Maduro. E é exatamente isso o que ele tem buscado.
É claro que, em se tratando de ditadores psicopatas, nunca podemos descartar, por completo, atitudes insanas. Afinal de contas, foi exatamente isso que Vladimir Putin fez, ao invadir a Ucrânia - passou da bravata para a ação, para consolidar seu poder, e para poder macetear as eleições de 2024 sem grandes problemas. Pelo menos no aspecto eleitoral, Maduro parece estar se espelhando em seu par russo, na tentativa de evitar o colapso de seu governo ditatorial. Esperamos, portanto, que a coisa fique apenas na bravata. Do contrário, num eventual conflito regional, nós poderemos ser arrastados para o lado errado dessa história - tudo isso, por conta da ideologia nefasta que Lula e seu amigo venezuelano compartilham.
https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2024-03/brasil-acompanha-com-preocupacao-processo-eleitoral-na-venezuela
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2024/03/26/eleicoes-na-venezuela-prazo-candidaturas.ghtml
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2024/03/26/venezuela-diz-que-nota-do-brasil-parece-ter-sido-ditada-pelos-eua.ghtml
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_da_Venezuela
https://revistaoeste.com/mundo/maduro-manda-cortar-energia-em-embaixada-argentina-onde-estao-oposicionistas/
https://www.bbc.com/portuguese/articles/cgr3ke9xgrlo
A ECONOMIA da GUIANA: por que a VENEZUELA está tão INTERESSADA no país vizinho?: https://www.youtube.com/watch?v=jyUooRjUYm8
Referendo na VENEZUELA dá vitória ESMAGADORA às aspirações IMPERIALISTAS de Nicolás Maduro: https://www.youtube.com/watch?v=Fbqei3LhlHY