Parece que não existe apenas a 'Consciência de Classe', mas também a consciência de Carnes!
Todo mundo se lembra da frase de Lula que marcou a campanha eleitoral do PT nas eleições de 2022: "O Pobre gosta de Picanha". Com isso, nascia um meme poderosíssimo que marcaria o marketing petista daquele período. No entanto, a essa altura do campeonato, todo mundo sabe que essa promessa não foi cumprida e, pelo visto, não será cumprida nem mesmo que o Molusco de Nove Dedos consiga vencer as próximas eleições para outro mandato.
Apesar de a carne ter reduzido um pouco o seu valor, toda a questão acabou gerando frustração em muitos brasileiros que "fizeram o L" e esperavam uma melhoria relevante no seu poder de compra e em suas condições de vida. Porém, um presidente não cumprir uma promessa como deveria é algo a que a maioria já está mais do que acostumada. O que é revoltante, de verdade, acaba sendo outra coisa.
Recentemente, o Molusco deu uma declaração ainda mais polêmica, para não dizer objetivamente desrespeitosa e com bases lógicas equivocadas.
Ele afirmou: “Carne de frango é o que o povo come, sabe. Todo dia, pé de frango, pescoço de frango, peito de frango”. Com isso, ele afirma que existem carnes de rico e carnes de pobre, uma declaração que não só falha em abordar os problemas reais da desigualdade, mas também exibe um caráter terrivelmente elitista e ignorante.
Essa fala de Lula revela uma postura que vai além da simples falha em cumprir uma promessa eleitoral; ela toca na moralidade de segmentar alimentos básicos por classes sociais. Considerando que você, o ouvinte, tenha o mínimo de base moral, eu posso afirmar que defender esse tipo de ideia é, no mínimo, desagradável e revoltante.
A ideia de que certos alimentos existem para os mais afortunados, enquanto outros são destinados aos menos privilegiados, defende uma divisão social injusta e imoral. Além disso, toda essa base de pensamento vergonhoso está sendo usada para justificar o aumento de tributação nos produtos que o presidente julga "não existirem para os pobres".
A fala também demonstra um desrespeito pelas dificuldades enfrentadas pelos brasileiros de baixa renda, que já sofrem com a falta de acesso a alimentos de qualidade.
Em vez de retirar as mãos do estado da alimentação básica e promover a todos os cidadãos a possibilidade de escolher livremente os alimentos que consomem sem a distorção de preços das tributações, o presidente reforça estereótipos e divisões. Assim, infelizmente, o que Lula tem feito é agravar ainda mais a situação dos mais pobres.
Sobre isso já nos alertava Ludwig von Mises, um dos mais influentes economistas da Escola Austríaca de Economia. Mises criticou o modelo de economia marxista, destacando suas falhas estruturais e morais. Em seu livro "Socialismo: uma Análise Econômica e Sociológica", o pensador austríaco argumenta que a economia socialista é incapaz de alocar recursos de forma eficiente e justa.
A fala de Lula sobre a existência de "carnes de rico" e "carnes de pobre" exemplifica uma situação em que a falta de moralidade, unida à incompetência econômica, gera conceitos sociais equivocados e reforça uma estratégia prejudicial aos indivíduos em geral.
Segundo Mises, a economia socialista falha porque elimina o mecanismo de preços livres, essencial para a administração de recursos escassos. Em um sistema econômico com bases marxistas, como o do Brasil, onde o governo corrompe toda compra e venda de produtos e serviços, a falta de liberdade econômica acaba gerando o empobrecimento da maior parte da população.
Essa centralização administrativa resulta em uma distribuição arbitrária e muitas vezes injusta dos bens, como a própria declaração de Lula sugere ao categorizar carnes por classes sociais. Podemos ver, por exemplo, que certos servidores públicos da elite do judiciário brasileiro têm acesso a auxílio-alimentação no valor do salário de muitos trabalhadores pobres. O estado sempre irá beneficiar seus membros de alto escalão exatamente com o dinheiro dos assalariados pagadores de impostos e de todos aqueles que criam riqueza no setor privado.
Mises também enfatizava que o socialismo ignora as preferências individuais e as necessidades reais das pessoas. A ideia de que certos alimentos pertencem a classes sociais é um exemplo claro de como uma economia centralmente planejada pode impor preferências de cima para baixo, desconsiderando as escolhas e necessidades dos indivíduos.
Na visão do economista austríaco, a liberdade econômica é essencial para que as pessoas possam decidir por si mesmas o que consumir, sem a interferência de um estado paternalista que dita o que é apropriado para cada grupo social. Podemos ver isso quando um indivíduo que viveu durante muitos anos em países como Cuba entra nos Estados Unidos e tem acesso a uma economia que permite a escolha. Suas reações ao entrarem num supermercado são de total deslumbre; eles demoram a acreditar na variedade e no fato de que certos produtos são infinitamente mais baratos do que em Cuba. Na pobre ilha-prisão, eles não têm escolha; comem o que conseguem para sobreviver ao dia seguinte.
Além disso, Mises argumentava que o socialismo leva à burocratização e à corrupção. Quando o governo se torna o agente que decide o que terá maior ou menor valor, manipulando tudo com tributações a bel-prazer, surgem incentivos para o favoritismo e a corrupção, com os burocratas decidindo quem merece acesso a quais bens. É sempre assim nos países socialistas: a elite do estado conseguia furar as filas na União Soviética e se favorecer graças a seus cargos, algo amplamente documentado por historiadores. Já o típico cidadão comum, sem privilégios, ficava anos esperando poder comprar um pequeno apartamento ou qualquer outro produto.
A fala de Lula sobre a divisão de carnes por classes sociais é um reflexo dessa dinâmica, na qual o governo não só falha em cumprir suas promessas, mas também perpetua uma estrutura desigual e arbitrária de distribuição de recursos. O impressionante disso tudo é como alguém tão corrupto e elitista como o Lula ainda consegue manter a imagem de “pai dos pobres”, mesmo após falar tantas asneiras, desrespeitando os mais pobres.
Isso tudo, sem sequer citar qualquer base biológica e de nutrição para expor a completa ignorância do Molusco em relação ao fato de que uma dieta saudável consiste em variar as refeições com alimentos de valores diferentes. Além do fato de que tanto o rico quanto o pobre não têm diferenças biológicas e precisam dos mesmos nutrientes.
O pai do anarcocapitalismo, Murray Rothbard, em seu livro "Homem, Economia e Estado", sustenta que a intervenção governamental na economia, por meio de regulações, controle de preços e subsídios, distorce os mecanismos de mercado e prejudica os mais vulneráveis. Em um mercado livre, a concorrência entre as empresas incentiva a eficiência e a inovação, resultando em produtos melhores a preços mais baixos. Nesse modelo, os que não forem eficientes em servir seus clientes saem do mercado. Essa dinâmica aumenta o poder de compra dos consumidores, inclusive dos mais pobres. Em contraste, a intervenção estatal frequentemente leva à criação de monopólios e ineficiências, elevando os preços e reduzindo a qualidade dos produtos disponíveis. Apenas imagine se tivéssemos uma grande empresa estatal de alimentos. As coisas com certeza estariam piores do que já estão!
O autor Hans-Hermann Hoppe, em seu livro "Democracia: o deus que falhou", critica a estrutura democrática que favorece a expansão do poder estatal e a diminuição das liberdades econômicas. Hoppe defende que uma sociedade baseada na propriedade privada e no livre mercado é mais eficaz em promover o bem-estar geral, incluindo o dos mais pobres. Em um sistema verdadeiramente livre, os indivíduos têm mais oportunidades para empreender, inovar e melhorar suas condições de vida sem as barreiras e interferências que o governo cria. Ao invés de redistribuir a riqueza de maneira ineficaz, o mercado livre permite que todos prosperem através do trabalho árduo e da troca voluntária. Por isso, aquele que for mais competente em servir seus concidadãos, irá ganhar mais dinheiro.
Para nós, libertários, a chave para melhorar a qualidade de vida dos pobres reside na redução da intervenção estatal e na promoção de um ambiente econômico livre. Como já foi falado, somente no mercado livre as pessoas podem melhorar suas condições de vida por meio do empreendedorismo e da inovação, algo que é demonizado pela esquerda política. Essa liberdade econômica resulta em maior produtividade, preços mais baixos e melhor acesso a bens de consumo, incluindo alimentos de qualidade. A divisão de carnes proposta por Lula é um exemplo claro de como o intervencionismo estatal pode criar barreiras desnecessárias e ineficazes, prejudicando aqueles que mais precisam.
A fala de Lula sobre "carnes de rico" e "carnes de pobre" reflete um sintoma de um sistema intervencionista e segregador que falha em reconhecer o poder emancipador do capitalismo. Em vez de criar divisões artificiais, como os socialistas fazem, um sistema mais livre permite que todos, independentemente de sua classe social, tenham a oportunidade de melhorar sua situação econômica e acessar produtos de qualidade. Promovendo a liberdade econômica e protegendo os direitos de propriedade com segurança jurídica, podemos construir uma sociedade onde os pobres não apenas tenham acesso a alimentos melhores, mas também aumentem seu poder de compra e sua liberdade individual.
https://rothbardbrasil.com/wp-content/uploads/2022/07/Homem-Economia-e-Estado-IR.pdf