06 Fev. 2024
Escritor: TomFelix
Revisor: Historiador Libertario
Narrador: Leafar do Leafarverso
Produtor: Leafar do Leafarverso

O ALEMÃO que queria SEPARAR o Sul do BRASIL !

O povo brasileiro já passou por muitos apuros, sobretudo em relação às nossas dificuldades atuais. Da década de 70 até a década de 90, a inflação foi um fantasma que aterrorizou todos os brasileiros. Foi em 1980 que a inflação brasileira chegou num patamar até então histórico, superando os 82% ao mês. E no final da década de 80, houve uma hiperinflação que chegou a acumular quase 2000%. Durante os anos 90, o Brasil continuou passando por momentos conturbados com a alta inflação, tendo uma troca frequente entre diversas versões de notas estatais. Já no ano de 1994, a inflação estava 40% ao mês, o que dava um grande número de três mil por cento ao ano, por isso, nesse mesmo ano, no governo Itamar Franco, foi criado o Plano Real. Antes do Real era um caos total, os preços dos produtos eram mudados com frequência nas prateleiras e isso tornou as pessoas cada vez mais pobres. Brigas e conflitos nos supermercados eram rotina de um país que vivia num caos econômico que, com certeza, destruiu gerações inteiras. Nessa década tivemos também o Plano Collor e seu posterior Impeachment, e todos esses problemas levaram um homem a ter uma ideia: a de separar o Sul do País.

E não, não estamos falando do tão famoso movimento "O Sul é meu País", que também surgiu nessa mesma época, no ano de 1992. Estamos falando de Irton Marx que, em 1993, era um jornalista e político brasileiro nascido em Hamburgo e veio para o Brasil com a família quando tinha menos de um ano, após a Segunda Guerra Mundial. Ele morava em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul.


Tendo prestado o serviço militar em 1966, o Homem discutiu algumas vezes com seu avô, que afirmava que "Isto aqui não é Brasil, isso poderia ser um País", se referindo a seu estado. Assim, surgiu essa ideia de separar o Sul do Brasil e o converter em uma nova nação, que se chamaria "República do Pampa Gaúcho". Ele fez até uma bandeira e um hino para o novo país, dizendo que ali "nascia uma nova pátria".


Irton Marx lançou em 1990 o livro "Vai Nascer um Novo País", um manifesto que falava sobre suas motivações e como funcionaria a economia da nova nação. Segundo ele: "O Brasil já era! É um barco que está afundando! Nós estamos pulando fora e deixando para o Brasil um até mais!" confessou ao repórter numa entrevista.


O alemão afirmava diversas vezes que a região Sul era prejudicada pelo pacto federativo, que só concentrava poderes e recursos em Brasília. O que de fato nós podemos concordar com ele, pois os estados não possuem tanta autonomia quanto em países como os Estados Unidos da América ou a pequena Suíça.

Um exemplo muito maior disso no Brasil é o caso do estado de São Paulo. Os paulistas reclamam, e com razão, que seu estado arrecada 10 vezes mais do que recebe. A verdade é que toda a grana é destinada para sustentar regiões mais pobres que servem como colônias políticas de certos partidos e políticos poderosos. Outro exemplo é o que acontece com o estado de Santa Catarina. Como revelado pelo político Bruno Souza, ex-deputado estadual de Santa Catarina. Segundo ele, a cada R$ 100,00 reais de impostos pagos pelos trabalhadores da região, cerca de R$ 81,36 ficam em Brasília. Absurdo, não é?


Mas, voltando ao plano do gaúcho Irton Marx, a nova nação sulista teria a bandeira nas cores preto, vermelho, amarelo e azul, e se chamaria República do Pampa Gaúcho. Além do português, o próprio alemão seria idioma oficial. A moeda da região seria o "Joia", lastreada no marco alemão. Bem similar à antiga ideia de alguns argentinos e brasileiros de lastrear suas moedas no Dólar americano.


Irton dizia que até o Plano Real era uma cópia do seu "Plano Joia", um plano econômico para a nova república que ele havia detalhado em seu manifesto citado anteriormente.


O homem via a Alemanha como um exemplo de nação e cultura a se espelhar, porque mesmo após derrotas em duas guerras mundiais, o país conseguiu se tornar uma grande economia no cenário europeu e internacional.

De fato, é algo compreensível uma pessoa deseje que seu povo e nação tenha por base as atitudes e políticas que deram certo e prosperaram, ou que trouxeram mais segurança e melhores índices de desenvolvimento em outros países. O estranho mesmo é ter tanta gente que admira países pobres e super autoritários, como Cuba e Venezuela e nunca vão morar lá, além de querer trazer esse modelo comunista fracassado para o Brasil.


É algo razoável você querer repetir passos que deram certo, não? Mesmo que alguns ainda insistam em políticas que já falharam afirmando que 'não era o verdadeiro socialismo, por isso, precisamos dar uma nova chance às ideias de Karl Marx'. Mas, sobre isso, o próprio Albert Einstein já falou que é uma grande burrice fazer as mesmas coisas esperando resultados diferentes.


Sendo algo inusitado, o senhor Irton ficou popular na sua região, mas não por simpatia, e sim por ser algo tão diferente do convencional, que o povo o via como uma piada. Por ser somente um indivíduo que queria construir sozinho um movimento inteiro e criar um novo país no Sul, muitos não compreendiam os benefícios disso. Assim, o alemão foi vítima de ataques e difamações contra sua pessoa, pois muitos o viram como um homem preconceituoso e racista, o que não era o caso. Ele estava apenas cansado de pagar altos impostos para ver sua cidade e seu estado serem degradados por políticas que não tem bons resultados e só servem a interesses de uma poderosa casta que nunca pensa na população.


Até a própria Rede Globo fez uma matéria sobre o alemão e seu movimento, insinuando que ele era xenofóbico e racista com outras regiões do país e que seria esse o motivo do separatismo. Mas o alemão, ao ser perguntado numa entrevista se os nordestinos seriam bem-vindos, respondeu que "caso haja emprego, sim".


Mesmo assim, Irton ganhou todos os processos movidos contra ele e seus acusadores foram condenados a pagar por calúnia e danos morais. Porém, houve reações ainda maiores contra ele, e até sua casa foi alvejada com tiros por pessoas intolerantes e ignorantes que caíram nas narrativas da mídia sobre sua pessoa.


Ele se afastou definitivamente dessa sua ideia separatista em 1997, e decidiu seguir outros rumos. Ao disputar um cargo político, conseguiu se tornar vereador de Santa Cruz do Sul em 2005. Posteriormente, tentou se eleger para Deputado Federal pelo PL em 2010, mas não conseguiu.


Irton chegou a ser preso e condenado em maio de 2017 a 10 meses de prisão em regime fechado, por crime contra a honra. Ao ser reconhecido na rua por um policial já com mandado de prisão contra ele na época em que era filiado ao PSDB, acabou por ser preso por um tempo. Tudo isso porque ele foi acusado de ferir a honra de uma pessoa. Realmente, a liberdade de expressão no Brasil nunca foi muito valorizada.


No ano de 2020 ele se candidatou para prefeito de sua cidade natal, Santa Cruz do Sul, mas ficou em último lugar na eleição, com míseros 0,46% dos votos. Parece que ele nunca teve uma boa fama entre a maioria da população, e com certeza, o objetivo da grande mídia em descredibilizar o alemão deu certo.


Após tudo isso, ele ainda afirmou que tinha vontade em se candidatar a Governador do Rio Grande do Sul. Mas não precisamos nem falar sobre o porquê ele não se elegeu e sequer se candidatou, correto? Mas vamos ver se ele vai tentar nas próximas eleições, pois desta vez, com uma população mais madura e entendendo o que de fato é separatismo, ele pode conseguir muito apoio.


Podemos perceber então que uma ideia só vai adiante quando tem massivo apoio popular. É muito difícil para um ou poucos homens mudar a realidade política de um país sem o devido apoio popular, ou, ao menos, uma aceitação. Como sabemos, durante muito tempo a grande e poderosa mídia que sempre teve relações promíscuas com os chefões de Brasília, e sempre fez o possível para sabotar e difamar pessoas como Irton Marx.


Mas o que nós como libertários podemos falar sobre essa ideia da República do Pampas enquanto projeto? É claro que o separatismo e a ideia de criar uma autonomia a uma região menor, seja uma cidade ou pequeno estado, é algo visto como legítimo e positivo por nós libertários. Essas tentativas de separação, inclusive, são recorrentes na história. O próprio Ludwig von Mises, um dos principais nomes do liberalismo do século XX, já defendia a autonomia dos indivíduos em ter o direito de declarar independência do governo central, caso não se sintam representados por esse governo. Já libertários como Hans Hermann Hoppe e Murray Rothbard sempre alertaram em suas obras sobre os perigos do governo central ser muito poderoso, e como isso retira poder das comunidades locais e suas instituições. A descentralização, portanto, é um importante passo para a liberdade e o separatismo é uma alternativa para nos libertarmos das amarras do leviatã de Brasília que é insaciável pelos nossos recursos.


Um povo que ama sua cultura, sua tradição, suas religiões e seus costumes é hostil a controles por governos distantes que não tem contato com a realidade local e não compartilha da mesma identidade. Um exemplo é que desde quando era controlada e anexada pela União Soviética, a Ucrânia sempre foi um país que boa parte de sua população fazia o possível para resistir ao domínio de Moscou. Isso se deu tanto no período do governo Bolchevique liderado por Vladimir Lênin, quanto depois com Josef Stalin governando a União Soviética. A reação dos comunistas, sob a liderança de Stalin, foi esmagar as lideranças ucranianas, atacando o suprimento agrícola do país, episódio que ficou conhecido como Holodomor. Se quiser saber sobre isso, assista ao vídeo: “A história do Holodomor Ucraniano”, disponível aqui no canal. Deixaremos o link na descrição.


Enfim, o projeto de Irton Marx era baseado numa teoria que é coerente, mas impraticável naquele período, seja por falta de apoio político e social, ou de um canal de informação que lhe ajudasse. Infelizmente, ele estava quase sozinho competindo contra toda a mídia tradicional, os jornalistas e intelectuais que defendem o governo federal, além do sistema de ensino tradicional. Por isso, naquela época, ninguém queria ou levava a sério uma ideia separatista, apenas algumas pessoas.


Assim como o famoso Enéas Carneiro, Irton foi visto como louco por alguns, mas hoje em dia, com sua história sendo revelada na internet, muitos estão achando interessante suas ideias e reconhecendo que ele acertou em sua previsão. Talvez seja porque a sua maior sensatez é tal que os eleitores "fazedores do L" ainda não perceberam:

O fato de o Brasil estar fadado ao fracasso se continuarmos a ser controlados e explorados pela elite de Brasília.

Referências:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Irton_Marx Visão Libertária - A história do HOLODOMOR ucraniano: https://youtu.be/Us3eEzAwrVU

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