Este homem previu com exatidão o cenário político do futuro, influenciando até os próprios generais japoneses.
Lea Homer, mesmo com seu nome quase totalmente desconhecido no mundo atual, acabou por prever em seu tempo a queda da dinastia chinesa, as duas guerras mundiais e até a ascensão da Rússia em uma guerra de disputas.
Nascido em 1876, foi um escritor e ativista político que morreu em 1912. Tendo sua obra mais famosa lançada em 1909, como um livro intitulado "O Valor da Ignorância", e escrito outro posteriormente em 1912, chamado "O Dia do Saxônico".
Para este vídeo, iremos fazer uma análise sob uma perspectiva libertária, destacando seus pontos sobre um "valor do estado" enquanto iremos contrapor os mesmos. Dito isso, vamos continuar...
Em seu livro "O Valor da Ignorância", Lea Homer faz comparações semelhantes às de Hobbes, comparando o estado com um grande corpo formado por pessoas que sozinhas não teriam a força desse grande leviatã. Ele faz diversas comparações com a saúde desse corpo sendo a prosperidade e estabilidade de uma nação e associando a decadência como uma doença que pode ou não matar o corpo dependendo do seu sistema imunológico, ou nesse caso, do seu exército.
O autor também afirma que a capacidade de defesa e o exército são coisas fundamentais para o crescimento de um país pois, sem estes, a nação não poderia se impor ou se defender de outras nações interessadas em suas riquezas. E, embora obviamente não seja a intenção original, podemos concordar com esse ponto de outra perspectiva, com a defesa do indivíduo sendo algo extremamente necessário e um direito natural defender-se contra os malfeitores.
Ele também destaca muitos dos seus pontos de vista militares, propagando que a guerra é um estado natural da humanidade. Seu argumento é de que na maior parte do tempo, a humanidade esteve sempre em guerra em algum lugar do mundo, o que, embora hoje ainda seja verdade, temos uma proporção muito menor principalmente no número de mortos.
Com a dependência comercial que as maiores potências possuem se torna cada vez mais preferível o comércio ao invés da força bruta. Com os EUA e a China não tendo condições de iniciar uma guerra entre si, tal qual foi a Otan e o Pacto de Varsóvia durante a Guerra Fria.
A guerra é o padrão de dinâmica entre os estados, pois sendo parasitas e incapazes de produzir, eles sempre querem se expandir e controlar cada vez mais territórios. A sede do poder nunca acaba.
O Autor também cita bastante sobre a China, mostrando que sua história era bastante parecida com a de nações europeias. Tendo construído um império com seus próprios recursos e alternando entre a ascensão e decadência, mas nunca desaparecendo. Além de sua vasta geografia, o que tornou a China protegida e isolada ao mesmo tempo.
Porém, a partir do século XIX, com a grande expansão das navegações, isso mudou e a China teve que enfrentar inimigos vindos da Europa e do Leste. Principalmente os ataques japoneses, que emergiram como forças influentes que procuraram dividir e conquistar o país.
Um ponto interessante destacado por ele foi sobre a questão do orgulho de nações, no qual do mesmo jeito que um indivíduo não consegue conceber sua própria morte, uma nação também não consegue prever seu próprio fim, ainda negando quando a mesma está em decadência.
Todo estado tende sempre a lutar e revidar para se prender ao máximo ao poder, mesmo que a sua queda seja algo cíclico e que repetiu o mesmo padrão durante séculos, nenhuma nação dura para sempre.
Porém, o mais interessante é que ele destaca os Estados Unidos, que até então havia seguido o mesmo padrão de outras nações europeias, tendo crescido seu território com a conquista de povos mais fracos durante a expansão para o oeste. Porém, a conquista foi contra forças proporcionalmente muito mais fracas, o que acabou causando um rápido crescimento mas não criou a necessidade de se desenvolver novas táticas de guerra.
Segundo Lea Homer, o Industrialismo é o trabalho de um povo para suprir as necessidades do povo enquanto o Comercialismo seria o uso desse Industrialismo para fins pessoais. Com a Indústria Militar sendo essencial para a existência de uma nação para que não sucumba diante outras nações. O clássico conto do estado necessário para proteger o povo de um outro estado mais malvado.
Isso tudo é importante na perspectiva dele, pois naquele momento estava se formando ameaças contra a ordem Anglo-Saxônica vigente. Para as questões estratégicas, ele afirmou que as relações com a América dependiam dos interesses Canadenses, dos interesses dos Estados Unidos e de uma terceira nação, que foi o que aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial.
Ele também fez previsões quanto à permanência do Império Britânico, afirmando que enquanto mantivessem a Índia o Império Colonial do Reino Unido se manteria. Já que a Índia é um ponto estratégico central entre a África e a Ásia, com uma população gigantesca mas com movimentos nacionalistas crescendo aos poucos. A perda de seu controle significaria a perda da supremacia britânica. O que também pode ser visto durante a Segunda Guerra.
Além disso, ele mostrou preocupação com a defesa da região da Austrália, que era fácil de ser atacada por uma potência que pudesse controlar os mares da região. Coisa que de fato foi um problema contra o Império Japonês, embora, de fato, tenham conseguido se defender, ao contrário de sua previsão.
Outra crítica do mesmo foi quanto à aliança britânica com o Japão, que acabaria fortalecendo o Império do Japão, o qual não era amigável aos interesses britânicos e muito menos seria um aliado fiel, atendendo somente aos seus próprios interesses como qualquer estado ultranacionalista.
Nessa questão ele faz uma comparação da história do Japão com a do Reino Unido, que causaria com que o mesmo se tornasse uma superpotência. Assim como a Grã-Bretanha, o Japão também é um estado faminto por expansão, porém pelo fato de ser uma ilha, sua única opção seria desenvolver uma forte marinha para poder expandir em direção à costa da China e sul do pacífico, sendo, esse, seu único meio de se tornar uma nação forte. Também prevendo que o Japão iria focar na tomada das Filipinas para formar uma barreira natural de ilhas ao redor de seu império, sem se importar com as etnias ou indivíduos que já moravam nelas.
Sendo que ele também via com preocupação a ascensão da Rússia, vendo ela como um império em expansão a partir de um plano em longo prazo. Tendo mantido no século 18 o mesmo plano de expansão firmado no século 17, sendo eficiente em conquistar e consolidar esses vastos territórios, embora os mesmos fossem pouco habitados de qualquer maneira.
Com a Alemanha se expandindo na Europa e o Japão no Pacífico, a Rússia manteria o foco no Sul, na Pérsia, até chegar ao Império Britânico, o que não aconteceu na nossa realidade por não ter conseguido vencer a influência britânica na Pérsia.
Mas é importante destacar que ele menciona que no seu futuro (em 1912) era inevitável uma guerra entre o Império Alemão e o Império Britânico, o que veio a se concretizar somente dois anos após sua previsão, em 1914. Descrevendo isso como um conflito entre a civilização Anglo-Saxônica contra a civilização Teutônica.
Ironicamente, sua previsão de estratégia Alemã para a Primeira Guerra foi algo semelhante ao visto na Segunda Guerra, onde ele descreve que a região da Dinamarca e da Holanda seria essencial para isolar o poderio britânico, usando os portos holandeses para atacar diretamente as ilhas britânicas.
Com o último ponto sendo a expansão teutônica na Áustria, que garantiria influência no Mediterrâneo e Ásia Menor (atual Turquia). Com a própria Áustria estando destinada ao colapso e a guerra por suas múltiplas etnias que não foram assimiladas com o tempo, como Romenos, Húngaros, Checos, Eslovacos, Croatas e outros. Se concretizando depois com a queda da fraca Áustria-Hungria.
Sua previsão mais distante é de que após todas essas lutas, o Império Britânico acabaria esgotando suas forças e não seria capaz de manter seu Império, com a Rússia lentamente construindo seu caminho para se tornar o novo senhor do Mundo à medida que o Reino Unido caia em influência. O Autor só não esperava a ascensão da União Soviética que destruiria esse legado dos antigos planos e construiria uma economia instável que, como descrito por Ludwig Von Mises em 1918, levou ao colapso pela falta de um sistema de preços para a organização do mercado interno.
Ironicamente, o que o Lea Homer não pode prever foi que um sistema totalmente ineficiente seria posto em prática na Rússia. A Burrice humana de fato se manteve imprevisível na história.
O Autor afirma, por fim, que a coisa mais importante que molda uma nação é o ambiente político em que ela está inserida, se expandindo para onde o poder de resistência dos invadidos é menor e a motivação para expansão é maior. Nós, libertários, temos uma total compreensão do desejo do Estado em se expandir onde é mais recompensador e mais fácil, pois se torna quase um "ouro grátis" com expedições pagas pelo seu próprio povo via impostos.
Embora seja um autor praticamente desconhecido, que errou em algumas coisas e com um viés altamente nacionalista e estatista. É interessante estudarmos sobre a lógica que os estados têm para organizarem suas estratégias. Pois, é fundamental conhecermos a estratégia do inimigo e como ele se comporta para combatê-lo com eficiência.
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