Por que a sociedade está tão polarizada?

Se você já passou mais de um minuto na internet, certamente reparou como tem briga por todo o lado. Mas o que será que explica toda essa polarização? Será que as pessoas desaprenderam a conviver de forma saudável?

Todos percebem como a sociedade atual está cada vez mais polarizada. A briga na internet é constante, e qualquer assunto pode gerar reações inflamadas e ofensas aos opositores. Qual será o motivo disso? A natureza humana é assim, ou será que há uma causa para o desentendimento?

Mais uma vez, a culpa é dele mesmo: o estado. Essa entidade, que teoricamente serve para garantir a boa convivência, na prática, fomenta a discórdia. O leviatã tem um modus operandi de jogar uns contra os outros de diversas formas, como veremos aqui neste vídeo.

A democracia é, por definição, o governo da maioria - pelo menos na teoria. Quem ganha as eleições têm o privilégio de mandar na vida dos outros. Isso inevitavelmente traz conflitos para a sociedade, que agora precisa participar da luta política, caso não queira ter sua vida ditada pela vontade dos outros. Muitos iludidos imaginaram a democracia como um sistema no qual todos debateriam de forma racional, e as melhores ideias seriam levadas adiante - grande engano. Vemos na prática que tanto os políticos, quanto seus eleitores, se parecem mais com torcidas organizadas gritando com os outros, do que com adultos sensatos em busca do bem comum. Aliás, o bem da sociedade, ou melhor, dos pagadores de impostos, é a última coisa que passa na cabeça de um político ou de um burocrata que ocupa cargos de poder.

A mesma dinâmica que acontece no Brasil também acontece em outros países. Afinal, o que todos têm em comum? Isso mesmo: estados. Há fatores intrínsecos ao sistema estatista vigente que sempre vão levar a população à discórdia geral.

Primeiramente, os parlamentares podem aprovar leis inadequadas, que ferem o modo de vida de muita gente sem sofrer as consequências diretas de suas ações. Por exemplo, chegou a ser aprovada, numa comissão da Câmara dos Deputados, uma lei para proibir o casamento gay. Mesmo que a maioria da população apoiasse essa lei, se duas pessoas adultas querem casar, ninguém tem nada a ver com isso. Um grande grupo de pessoas pacíficas acaba sendo prejudicado apenas pelos interesses de quem está no poder. A mesma lógica se aplica a outras proibições, como as de bingos e cassinos. Podemos achar essas atividades bonitas ou feias, mas, em termos de legislação, isso não deveria ter a menor importância. Se uma pessoa está agindo de modo pacífico, ninguém tem o direito de proibi-la de fazer o que gosta. A partir do momento que certo grupo pode pressionar deputados para restringir a liberdade alheia, os atingidos vão odiar esse grupo. A discórdia está plantada. Numa sociedade baseada no livre mercado, em que o poder de decisão é descentralizado, isso não aconteceria, pois as leis seriam voluntárias, e não impostas.

Outra forma de o estado gerar brigas é por meio de ações que ferem os valores de parte da população. Por exemplo, quando a prefeitura do Rio de Janeiro traz a cantora Madonna para fazer apresentações eróticas ao lado de símbolos religiosos, isso significa que o dinheiro do contribuinte religioso está sendo usado para profanar a sua própria religião. O mesmo acontece quando o governo subsidia a pecuária com dinheiro público, obrigando veganos a contribuírem com o abate de animais. Ou então quando o presidente fala absurdos contra Israel, deixando os judeus brasileiros numa situação em que seus supostos representantes atacam um símbolo de sua identidade. Assim como no caso das proibições indevidas, o conflito é criado entre os que apoiam essas ações do governo e os que têm os seus valores atingidos. Novamente, como falamos, numa sociedade de livre mercado, ninguém seria obrigado a financiar ou fazer parte de algo que fere seus próprios valores.

Outro ponto de conflito é sobre os lugares ou serviços públicos. Como uma rua pública deve ser usada? Uns querem trânsito livre, outros querem fazer protestos. As duas atividades são válidas, mas não podem acontecer ao mesmo tempo. Isso naturalmente vai gerar briga entre a população. Quando falamos de escolas, é a mesma coisa. Uns querem que seus filhos aprendam educação financeira, outros querem que seja ensinada sociologia ou artes. Essas pessoas terão que se digladiar para conseguir fazer o serviço público do seu jeito. As coisas públicas sempre vão ter esse problema, enquanto a propriedade privada, por definição, não sofre com isso. Algo ser privado significa que é claro quem decide como algum recurso será utilizado e como o serviço poderá ser prestado. Num livre mercado, onde tudo é privado, os serviços se adequam a seus consumidores. Não seria necessário, por exemplo, ter um currículo escolar único. Cada responsável poderia escolher o currículo que acha melhor para seu filho.

Outro abuso estatal, que gera muitos conflitos, é a imposição de contratos pré-definidos. A CLT é um grande exemplo disso. Em vez de empresas e trabalhadores definirem contratos favoráveis para os dois lados, eles precisam seguir as regras feitas pelos iluminados burocratas. É sabido que o combinado não sai caro. Mas no caso da CLT, não há combinado, somente imposição, gerando atrito na relação, e o lado mais fraco sempre sairá perdendo. Por exemplo, atualmente cada vez mais empresas adotam horários flexíveis e não exigem que o funcionário bata o ponto. No entanto, o funcionário pode alegar que fez horas extras, e se a empresa não tiver o ponto para comprovar, a justiça vai obrigar a empresa a pagar. Então uma vulnerabilidade é criada, que é um prato cheio para desentendimentos. É como se ligassem uma panela de pressão. Se empresas e funcionários pudessem combinar o que quisessem sem interferência do governo, haveria menos possibilidades para dar problema. O mesmo acontece com shoppings centers e lojistas. Em vez de fazerem o contrato da forma que achassem melhor, eles precisam seguir a lei do inquilinato, que contém uma série de restrições. Por exemplo, o shopping é obrigado a manter um lojista, mesmo que ele não venda nada e se torne um mau negócio para o shopping. Isso gera uma série de atritos, que não existiriam se eles pudessem redigir seus contratos sem precisar seguir as arbitrariedades dos burocratas de plantão.

Outro ponto, que impacta o lado financeiro, é que o governo sempre vai tirar dinheiro de uns e dar para outros. Não estou falando somente de programas sociais. Mas qualquer gasto estatal também é uma distribuição de renda. Há os prejudicados e os beneficiados. Por exemplo, quando o governo taxa a indústria de alimentos e usa a verba para comprar papel para uma repartição pública, é como se a indústria de alimentos estivesse dando dinheiro para a indústria de papel. Então se forma um atrito entre os trabalhadores e empresários da indústria de alimentos, que vão odiar o governo, e os trabalhadores e empresários da indústria de papel, que vão apoiar o governo. Repare como os receptores de dinheiro público estão de um lado político, e os pagadores de impostos estão de outro. Os dois lados sempre vão brigar, pois um não quer ser taxado e o outro não quer perder a boquinha. Deu para perceber até aqui como o grande poder do estado moderno, até para ganhar apoio entre a população, é comprar esse apoio com cargos, subsídios ou políticas assistencialistas.

Por fim, assim como no famoso programa de TV, Big Brother Brasil, temos um grande jogo da discórdia chamado eleições. A cada dois anos a população faz um exercício de odiar bastante seus opositores políticos. Afinal, sabemos que a eleição é definida pela menor rejeição, e não pela maior aprovação. Então, quem conseguir odiar mais o outro lado vai sair vitorioso. Na época de eleição não é possível nem ter um almoço de família, que sai discussão e bate-boca. Vale ressaltar que pouquíssimas coisas seriam definidas por eleições num livre mercado. Soluções são feitas da melhor forma quando consumidores tomam a decisão de comprar ou não algum produto. Todos os participantes do mercado estão sempre trocando informação entre si, menos no simples ato de não comprar algo ou não recomendar um produto, ou serviço. As empresas reagem de acordo, buscando satisfazer o seu público da melhor forma possível. É uma ideia lunática querer que uma população inteira entenda profundamente de economia e política e vá escolher seus gestores e legisladores. Nenhum problema é resolvido de forma séria no mundo dessa forma. O resultado é uma população que se odeia e políticos que não resolvem problema nenhum - apenas pensam na próxima eleição e em como manter seu poder.

Portanto, enquanto houver governo, haverá muita intriga. O livre mercado, inerentemente pacífico, faz com que as pessoas sejam obrigadas a colaborar ou competir de forma saudável - tudo em benefício do consumidor final. Coagir o outro está fora de cogitação nesse arranjo, que se mostra infinitamente superior ao modelo baseado na coerção estatal. O mundo está caminhando para isso, e a humanidade tende a coexistir muito melhor no futuro. Mas, enquanto isso, ainda vamos ver muito o circo pegando fogo, e resta a nós, palhaços, tentarmos não nos queimar nessa tragédia política que vemos no Brasil.

Referências:

https://www.cnnbrasil.com.br/politica/comissao-da-camara-aprova-projeto-de-lei-que-proibe-casamento-homoafetivo/
https://keniopereiraadvogados.com.br/lei-do-inquilinato/