A narrativa da elite coletivista brasileira segue sendo extremamente parcial e, invariavelmente, deturpada pela fantasia e propaganda de quem está no controle!
Cá estamos de novo, observando, mais uma vez, os eventos de 8 de janeiro de 2023, que, diga-se de passagem, ainda permanecem como um marco de tensão política no Brasil. Esses eventos vêm sendo usados pelo governo Lula como ferramenta para consolidar narrativas convenientes e desviar o foco dos reais problemas enfrentados pela população brasileira, como o excesso de taxação, a austeridade fiscal e a impopularidade mundial dos alinhamentos ideológicos do Brasil perante a geopolítica mundial.
Agora, com um ato simbólico e deveras politicamente carregado de ideologias marxistas, planejado para o próximo 8 de janeiro, o governo busca reforçar sua imagem de defensor da democracia, enquanto ignora as causas mais profundas da insatisfação popular que motivou os protestos daquele dia. Lula convidou figuras proeminentes do Congresso, incluindo Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, sob intensa pressão política, além de determinar a presença de seus ministros no evento. Porém, o significado dessa movimentação vai muito além de uma simples cerimônia institucional.
Para melhor compreensão do contexto atual, faz-se sempre necessário revisitar os acontecimentos de poucos anos atrás, haja vista a memória curta do povo — ou, pelo menos, é assim que os políticos pensam que os brasileiros são. Em 8 de janeiro de 2023, diversos brasileiros verdadeiramente descontentes tomaram as ruas em um ato de revolta contra um sistema político que, para muitos, estava desconectado da vontade popular e permeado por condenações por corrupção, lavagem de dinheiro e diversos escândalos internacionais.
Vários manifestantes expressaram sua insatisfação com os resultados eleitorais, enquanto outros demonstraram uma indignação mais ampla com o estado geral do país. Embora excessos tenham sido cometidos, incluindo invasões e depredações nas sedes dos Três Poderes, tratar o evento como uma mera tentativa de golpe está aquém da verdadeira magnitude daqueles dias. Para muitos, aquele dia representou um grito de socorro de uma população que se sentia traída por um processo político que não parecia refletir seus interesses.
O governo atual, no entanto, escolheu interpretar os protestos de maneira conveniente e capciosa, rotulando toda forma de oposição como antidemocrática. Isso lhe permitiu justificar medidas autoritárias e criminalizar movimentos legítimos de dissidência. O ato planejado para 2025, a ser realizado no Palácio do Planalto, é um reflexo direto dessa abordagem.
Em plano completamente oposto ao evento “Democracia Inabalada”, realizado em 2023 no Congresso Nacional e no STF, o encontro deste ano parece ser menos uma homenagem à democracia e mais uma estratégia para consolidar a posição política de Lula em um momento de crescente insatisfação popular, agravada pela instabilidade econômica e fiscal que marca sua gestão.
Além do simbolismo, o governo enfrenta questões práticas que surgiram dos desdobramentos do 8 de janeiro. Entre elas está o controverso Projeto de Lei da Anistia, que busca beneficiar os detidos durante os protestos. O tema gerou debates acalorados no Congresso, dividindo opiniões entre governo e oposição. Para setores da oposição, a anistia é vista como um passo necessário para a reconciliação nacional. Já o governo, aparentemente hesitante, usa a pauta como moeda de troca política, particularmente nas articulações para a sucessão na presidência da Câmara. Arthur Lira, atual presidente da Casa, sugeriu a criação de uma Comissão Especial para analisar a proposta, postergando qualquer resolução imediata e evitando que o tema interfira nas negociações políticas em curso.
A questão da anistia transcende disputas partidárias e entra no campo da justiça e das liberdades individuais. Após os eventos de 8 de janeiro, centenas de brasileiros foram presos, muitos sob acusações vagas e sem evidências concretas de participação em atos de violência. Relatos de processos judiciais conduzidos sem o devido processo legal levantam sérias dúvidas sobre o uso do sistema judicial como ferramenta de repressão política. Esse tipo de prática deveria preocupar qualquer sociedade que se diz democrática, pois reflete uma perigosa expansão do poder estatal às custas dos direitos individuais.
A situação política do Brasil ficou ainda pior quando vista tomando por base os eventos recentes que reacenderam tensões que já existiram em um passado não tão distante. Em novembro de 2024, um suposto atentado a bomba em frente ao Supremo Tribunal Federal, realizado com fogos de artifício, trouxe novamente à tona o debate sobre a violência política. O suposto autor do ataque, Francisco Wanderley Luiz, um ex-aspirante a politico, morreu no incidente, mas o governo rapidamente aproveitou o episódio para reforçar sua narrativa de que a democracia estaria sob constante ameaça. Em vez de abordar os reais motivos por trás do descontentamento popular, o governo opta por se posicionar como vítima, utilizando o aparato estatal para marginalizar e criminalizar qualquer forma de oposição.
A ampliação do aparato de vigilância estatal e a criminalização de opositores revelam uma dinâmica perigosa para a liberdade no Brasil. De uma perspectiva libertária, a resposta estatal ao 8 de janeiro é um exemplo claro de como o governo utiliza crises para ampliar seu poder e restringir direitos. Medidas que deveriam ser temporárias para garantir a ordem têm se transformado em instrumentos permanentes de repressão, afetando não apenas os envolvidos diretamente nos protestos, mas também qualquer cidadão que ouse discordar da narrativa oficial. Essa escalada autoritária ameaça minar as bases de uma sociedade livre e plural.
Enquanto isso, as causas estruturais da insatisfação popular permanecem ignoradas. A corrupção endêmica, os impostos sufocantes e o constante desrespeito às liberdades individuais continuam a alimentar a revolta de uma parcela significativa da população. O governo, em vez de trabalhar para resolver esses problemas, opta por focar em narrativas convenientes e em eventos simbólicos que pouco ou nada contribuem para aliviar as dificuldades enfrentadas pelos brasileiros no dia a dia. O ato de 8 de janeiro de 2025, nesse contexto, parece ser mais uma tentativa de encobrir essas falhas do que um esforço genuíno de reconciliação nacional.
Além disso, o governo continua a reforçar sua narrativa por meio de acusações contra figuras da oposição, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Embora a responsabilização deva ser baseada em evidências claras e julgamentos imparciais, há uma sensação crescente de que o governo utiliza esses processos como distrações para desviar a atenção de seus próprios erros. Esse uso político do sistema judicial caracteriza a simbologia ardilosa com que vem acontecendo o desgoverno nesse país. Isso tudo é perigoso e qualquer sociedade livre deveria reconhecer e rejeitar.
Por fim, é importante destacar que o uso político dos eventos de 8 de janeiro cria um precedente preocupante para o futuro da tão amada e reverenciada democracia brasileira. A tentativa de controlar a narrativa histórica colocando qualquer forma de dissonância como uma ameaça, ja vem sufocando o debate público e afastando ainda mais a população das instituições que deveriam representá-la. Para uma massa de pseudo intelectuais que tanto defende a chamada Democracia, toda a questão soa como um fenômeno de grande hipocrisia coletiva.
O Brasil vive aprisionado por um modelo de governança que, sob o pretexto de proteger a democracia, perpetua uma estrutura estatista ineficiente e injusta. Como bem afirmou Hans-Hermann Hoppe, a democracia é um "deus que falhou", uma ilusão que promete igualdade e justiça, mas invariavelmente resulta em privilégios para poucos e opressão para muitos. Os eventos de 8 de janeiro de 2023 e o subsequente uso político dessa data exemplificam como as instituições estatais são incapazes de atender às demandas populares de forma legítima, pois estão sempre orientadas pelos interesses da classe política que as controla.
O Estado, em todas as suas formas, se torna uma ferramenta de exploração, onde "todos são iguais, mas alguns são mais iguais que outros", como bem satirizou George Orwell. A insatisfação popular que moveu os protestos não nasceu do acaso, mas da percepção crescente de que as instituições públicas não servem ao povo, e sim aos seus próprios interesses. A promessa de um governo democrático que respeite as liberdades individuais e combata a corrupção é um mito perpetuado para manter a submissão das massas. O ato planejado para 2025 não é uma celebração da democracia, mas uma reafirmação do poder de uma elite política que se beneficia da manutenção do status quo.
A continuidade desse modelo não apenas sufoca as liberdades individuais, mas também alimenta a ineficiência econômica e a instabilidade social. Enquanto o povo permanece preso a narrativas de vitimização e promessas vazias de mudança dentro do sistema atual, os fundamentos de uma verdadeira sociedade livre são ignorados. A busca por soluções dentro do paradigma estatista é como dar murro em ponta de faca: um esforço inútil que apenas perpetua o sofrimento.
A única esperança para o Brasil reside na descoberta e adoção das teorias libertárias e anarquistas por uma massa crítica de indivíduos. Apenas quando o povo entender que a liberdade genuína não pode ser concedida pelo Estado, mas sim conquistada pela rejeição de suas amarras, será possível vislumbrar o início de uma transformação real. Continuar acreditando no modelo atual é perpetuar a própria opressão; abandonar esse paradigma é o primeiro passo para uma sociedade verdadeiramente livre e justa.
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