Indianos roubam mais de 10 bilhões de dólares dos Estados Unidos todos os anos. E o estado americano, não consegue fazer nada.
Anualmente, telemarketings indianos conseguem arrecadar em torno de 10 bilhões de dólares através de fraudes e golpes contra os cidadãos americanos. Os idosos, logicamente, são seus principais alvos. Os Estados Unidos não podem fazer nada, pois os golpistas estão na Índia, e está nação é complacente com o crime. Certamente, diversas autoridades indianas fingem não ver essas ações em troca de alguma propina.
Em meio a todo esse caos, quem tenta resolver o problema são cidadãos comuns que iniciaram uma verdadeira guerra com essas centrais de estelionato. Mas, como esse ambiente de crime foi criado e como ele se proliferou? Como funcionam esses esquemas de fraudes e porque as pessoas comuns, e não o estado, estão tentando resolver o problema?
Como muitos já sabem, a Índia teve colonização Britânica. Isso fez com que uma parcela da população adquirisse a proficiência no inglês. Lembrando que qualquer parcela da população indiana já é um número absoluto muito grande, visto que hoje esta nação é a mais populosa, atualmente. Com os indivíduos habilitados nesta língua, muitas empresas estadunidenses viram uma grande oportunidade de negócio e terceirizam suas operações de atendimento ao cliente para a Índia. Para os indianos é uma ótima oportunidade, afinal, terão um emprego com uma renda razoável. Para as empresas é uma bela economia visto que o valor de hora de trabalho de um indiano é consideravelmente menor que a de um americano.
A terceirização offshore foi um processo benéfico para este país em desenvolvimento, pois além de aquecer seu mercado de trabalho, via sua balança comercial sempre positiva com a entrada de dólares. Entretanto, como em todo livre mercado, a concorrência é algo natural. Um país próximo viu nessa terceirização uma ótima oportunidade para sua população, e claro seus cofres públicos. A Filipina entrou no jogo, e passou a oferecer os mesmo serviços com um valor mais atrativo. Possuíam vantagem competitiva, sotaque e cultura é mais próximo a dos americanos, pois seu país já fora colônia do próprio Estados Unidos.
Além da similaridade entre os idiomas e culturas, as Filipinas apresentam um sistema educacional mais eficiente que o indiano, tornando o empregado filipino mais qualificado. Isso foi um prato cheio para as empresas de Tecnologia, que também estavam terceirizando muitos dos seus serviços para outros países. Algumas empresas americanas de tecnologia tentaram migrar seus serviços de atendimento para a Índia, investindo em capacitação para muitos trabalhadores. Contudo, isso não foi o suficiente para atender toda oferta de mão de obra. Com a debandada de empresas para as Filipinas, este mercado que estava crescendo ficou estagnado. A Índia se viu então com uma grande oferta de mão de obra capacitada para o atendimento ao cliente com poucas oportunidades de trabalho.
Então, quando a vida lhe dá limões, faça uma limonada, como já dizia o ditado popular. E foi nesse cenário que surgiram os “Call Centers Piratas” com o único objetivo de dar golpes em pessoas desavisadas. Mas, como eles funcionam? No início, os golpistas ligavam para as vítimas, fingindo ser de suporte de algum produto de tecnologia. Assim, alegavam que o computador da vítima estava com problemas, vendendo uma solução que não existia, sempre com valores salgados.
Em outros casos faziam as vítimas comprarem cartões de presente como os da Amazon e Netflix, induzindo-as a lhe entregarem os códigos de verificação dos cartões. Contudo, o golpe que tinha um grande retorno era o do reembolso falso, algo difícil de realizar e mais trabalhoso. Neste tipo de estelionato, o golpista envia um e-mail para vítima de uma cobrança indevida. A vítima, então, retornava para contestar essa cobrança. O golpista o convencia a instalar um programa que dava acesso ao seu computador. Feito isso, ele poderia ter acesso à conta-corrente, dados pessoais, e muito mais. Em geral, o bandido manipulava o próprio navegador da vítima, fingindo transações bancárias para que no final ela acreditasse que ficou devendo ao golpista. Em muitos desses casos a pessoa era orientada a enviar dinheiro vivo para os infratores.
Esse tipo de golpe funcionava maravilhosamente bem com idosos, afinal, são eles que possuem menos integração com a tecnologia. Entretanto, com o tempo, os bandidos ficaram previsíveis. As pessoas começaram a ficar mais espertas para as ligações vindas da Índia, e assim os golpistas tiveram que se adaptar e evoluir. Passaram de funcionários de suporte de empresas de TI a empregados do IRS, a Receita Federal do Tio Sam. Assim, começaram a utilizar inteligência artificial para reproduzir a voz de autoridades americanas e também para esconder o sotaque.
Agora, os golpistas conseguem os contatos e alguns dados das vítimas e iniciam a conversa informando que a pessoa possui alguma pendência com o governo. A receita americana costuma ser muito rigorosa com altas multas e penalidades contra os pagadores de impostos estadunidenses que tentam se esquivar do roubo estatal. Portanto, com uma boa técnica de manipulação, esses estelionatários experientes criam uma sensação de urgência para pressionar a vítima, informando que as viaturas da polícia já estão a caminho, por exemplo. Assim é fácil convencer as vítimas a pagar uma determinada quantia para resolver tal pendência, geralmente, em dinheiro vivo. Alguns, inclusive, conseguem convencer os indivíduos a pagar com criptomoedas.
Os golpes da falsa pendência na receita federal poderiam render ao meliante, até 30 mil dólares, e segundo dados do FBI, em 2022 cidadãos americanos perderam por volta de 10 bilhões de dólares com esses estelionatários internacionais. Mas, mesmo com essa quantidade gigante de dinheiro, como e por que o estado, que deveria ser o responsável em combater tais fraudes, está inerte?
Basicamente, o problema é a limitação do juspositivismo estatal. Os crimes acontecem nos Estados Unidos, as vítimas são americanas e estão "protegidas" pela lei deste país. Acontece que os bandidos não estão lá. Por estarem na Índia, respondem pelas regras deste país, e a lei indiana diz que para punir os criminosos, é necessário o depoimento das vítimas. E aí está o grande problema. Sem o depoimento da vítima, não há crime.
Algo que poderia ser resolvido com um sistema de leis privadas, no qual o cidadão americano lesado acionaria algum ente de justiça privado da Índia para avaliar seu caso. Ou ainda, poderia vender o seu direito de ir atrás dos bandidos para um órgão daquele país, a fim de que eles vão atrás dos bandidos para conseguir auferir algum tipo de lucro.
Não seremos injustos com o Tio Sam, visto que em alguns casos específicos o FBI acionou a Interpol e algumas prisões foram realizadas. Mas isso acontece apenas quando o call center criminoso se torna grande demais para ser ignorado pelo próprio governo indiano. Entretanto, no meio desse impasse burocrático existem pessoas comuns que voluntariamente estão agindo por sua conta para combater essa prática golpista. Esses são os “scambaiters”, que em tradução livre para o português seria os “Caçadores de Golpistas”.
Essas pessoas basicamente são hackers que utilizam de engenharia social e técnicas de invasão para identificar os escritórios dos bandidos, invadindo suas câmeras de segurança, expondo seus dados na internet. Em muitos casos, conseguem evitar que idosos percam dinheiro, e com a informação descentralizada e distribuída estão propagando essa cultura e recrutando mais pessoas para combater essa prática fraudulenta. Hoje é possível encontrar muitos tutoriais no YouTube para se tornar um scambaiter, além de criarem vários vídeos divertidos nos quais golpistas se dão mal. É um tanto quanto reconfortante ver esse tipo de pessoa ser exposta. Alguns destes caçadores de bandidos mais famosos são o Kitboga, Jim Browning, ScammerRevolts, e Ansar Hamed.
No ancapistão, essas pessoas seriam perseguidas por diversas entidades privadas. Provavelmente, não iriam nem existir, haja visto que o custo que eles teriam caso fossem pegos, seriam absurdamente altos. Imagine um call center tendo que se esconder de vários tribunais, policiais e detetives, todos privados. Além disso, quando fossem pegos, pense o quanto eles teriam que pagar de indenização e custas neste processo. Enfim, como falamos anteriormente, tudo isso acontece devido ao juspositivismo estatal, e a ideia de delimitar essas regras baseadas em linhas imaginárias definidas por bandidos estacionários.
Apesar do problema estar nas terras do Tio Sam, é sempre importante lembrar que quando receber alguma notificação de alguma central de atendimento, evite informar seus dados. Caso tenha dúvida, desligue imediatamente, e ligue para a central da empresa, usando o número oficial. Em caso de bitcoin, nunca forneça a seed da sua carteira, e evite mantê-los em corretoras. Lembre-se que bitcoin em corretora, não são seus.
https://www.youtube.com/watch?v=KII9ENQ2zB0
https://www1.folha.uol.com.br/paywall/login.shtml?https://www1.folha.uol.com.br/fsp/newyorktimes/14360-filipinas-viram-nova-capital-dos-quotcall-centersquot.shtml
https://outraspalavras.net/outrasmidias/as-mafias-de-call-centers-e-o-desamparo-dos-idosos/
https://www.deccanherald.com/india/americans-duped-into-losing-10-billion-by-illegal-indian-call-centres-in-2022-report-1175156.html