O FMI pode até ter vencido essa batalha, mas a verdadeira pergunta é: será que o sistema financeiro mundial não é quem está perdendo a guerra?
Durante os últimos anos, as criptomoedas têm sido cada vez mais influente no cenário econômico global geral, especialmente o Bitcoin, devido a sua escassez programada e capacidade como reserva de valor. Desde seu início repentino e misterioso, o famoso ouro digital foi considerado por muitos como a moeda do futuro. O caso político de El Salvador entre os países mais falados é um exemplo; é a primeira nação a tomar o Bitcoin como moeda oficial. No entanto, isso durou pouco, uma vez que a euforia se instalou com essa ação, que foi revertida por um revés mais recente gerado por uma série de desafios práticos e críticas e oposição externa e interna. O Presidente de El Salvador cedeu a um pedido do Fundo Monetário Internacional em troca de acesso a um novo lote de financiamento. Bukele enviou uma lei ao Parlamento, que foi aprovada, e a mais poderosa das criptomoedas deixou de ter curso legal no país.
A reforma da denominada "Lei Bitcoin", aprovada em 29 de janeiro de 2025, alterou pontos fundamentais da legislação original. No momento, a criptomoeda será aceita apenas voluntariamente por indivíduos e empresas, que não serão mais compelidos a aceitar satoshis como forma de pagamento.
É importante destacar que a decisão é tomada em um cenário de renegociação da dívida externa e a demanda por novos recursos do FMI. Os bitconheiros no país condenaram veementemente a decisão, alegando que ela é uma perda para a independência financeira individual e um retrocesso na implementação de criptomoedas. Também foi a interrompido, pela primeira vez, o programa governamental de compra de "um Bitcoin por dia". Essa interrupção gerou especulações sobre a situação financeira do governo e se haverá uma futura liquidação dos Bitcoins já adquiridos por ele.
Os números mais recentes mostram que El Salvador detém cerca de 6049 Bitcoins, o que vale mais de 600 milhões de dólares atualmente. Assim, caso Bukele decida declarar liquidação de suas reservas, poderemos ter um desconto na compra de satoshinhos a partir do próximo mês.
Em 2021, El Salvador ganhou as manchetes ao adotar o Bitcoin como moeda legal ao lado do dólar americano, num esforço para aumentar a inclusão financeira e diversificar a economia. O jovem presidente Nayib Bukele sentiu que o ouro digital poderia ser a chave para levar o pequeno país da América Central a ascender ao próximo nível econômico. Em suas palavras, a moeda poderia impulsionar o investimento e criar um fluxo de recursos que a moeda fiduciária tradicional não poderia fornecer.
Embora tenha sido aprovada uma lei para promulgar o uso do Bitcoin em todos os estabelecimentos comerciais do país, nem todos estavam preparados para isso. Enquanto algumas partes do país começaram a colocar em prática regularmente o uso da moeda digital, como em Surf City, na maioria das cidades o uso não foi adotado com muito imediatismo.
A realidade era que, para muitos, o Bitcoin era mais visto como uma reserva de valor, um ativo a ser guardado, do que como uma moeda prática para transações cotidianas.
O uso do ouro digital foi contestado por várias organizações, incluindo o FMI, que apontaram uma série de falhas e riscos associados ao uso dessa criptomoeda como moeda oficial. Segundo o FMI, a adoção em massa dessa criptomoeda pode gerar sérios problemas macroeconômicos, como o risco de volatilidade cambial e desestabilização financeira. Além disso, a organização monetária internacional alertou que a implementação do Bitcoin seria muito cara e trabalhosa, pois exigiria muito tempo para educar a população, além de ser necessário construir infraestrutura para o uso massivo dela.
O FMI, juntamente com a mídia esquerdista, sempre apresentou um conjunto de críticas com o objetivo de difamar a imagem do Bitcoin. Todas essas objeções não passam de propaganda contra a moeda criada por Satoshi Nakamoto, que representa um risco real ao status quo do sistema financeiro. As desculpas são sempre as mesmas: “O Bitcoin facilita o crime”, “A volatilidade torna o Bitcoin inutilizável”, “Mas e o meio ambiente?”. São apenas alguns dos argumentos repetidos a torto e a direito pela esquerda global.
A primeira grande objeção que a organização internacional levantou foi o uso do Bitcoin em atividades ilícitas, incluindo lavagem de dinheiro - como se o dinheiro impresso pelo governo não fosse usado para esses mesmos fins. A entidade disse ainda que a descentralização e o pseudonimato do Bitcoin poderiam facilitar ainda mais fraudes e crimes financeiros. No entanto, isso simplesmente não é o que os dados mostram, o uso de criptomoedas na criminalidade é mínimo e diminui a cada ano. A esmagadora maioria das transações em Bitcoin ocorre de forma totalmente transparente, e a adoção cresce diretamente em função de uma melhor educação sobre como usar a moeda com segurança.
Outra questão crítica levantada pelo FMI foi o suposto alto consumo de energia da moeda digital, configurando o Bitcoin como uma ameaça ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável. As críticas ao consumo e apelo ao ambientalismo são jargões repetidos à exaustão, e também não são nada mais do que uma bravata para enganar a massa de manobras composta por ativistas ambientais.
Embora o Bitcoin utilize muita energia, quando comparado com outras indústrias financeiras tradicionais, chegamos à conclusão de que o sistema financeiro global consome, proporcionalmente, muito mais recursos do que o ouro digital. Além disso, os mineradores adaptaram-se para procurar fontes de energia mais eficientes e limpas, visando o aumento da margem de lucro. Dados de pesquisas recentes indicam que aproximadamente mais de 50% de toda a rede de mineração Bitcoin é alimentada atualmente por recursos de energia renovável, hidrelétrica, eólica e solar. Regiões conhecidas pela abundância de energia hidroelétrica, como a Islândia e Quebeque, também se tornam importantes destinos para mineradores. A energia geotérmica também foi apontada como uma das alternativas a ser adotada em El Salvador, onde o presidente Bukele anunciou planos de utilizar a energia dos vulcões para a mineração da famosa criptomoeda de forma ecologicamente correta.
Outras questões importantes relacionadas ao Bitcoin são a volatilidade, mas essa crítica esquece a realidade de que a volatilidade dos mercados de criptomoedas é uma mera característica transitória. Como qualquer outro ativo novo e emergente, o ouro digital passou por períodos de grandes flutuações de preço, mas isso está circunscrito em seu processo de evolução, com mais e mais pessoas o adotando, assim estabilizando o mercado. Seu crescimento em volume, apesar das flutuações nas transações de Bitcoin, mostrou que os usuários dessa moeda digital estão cada vez mais confiantes nela, com sua importância crescendo exponencialmente, especialmente nos Estados Unidos.
A crítica do FMI ao Bitcoin é, na verdade, a defesa de um sistema obsoleto de poder monetário, centralizado no leviatã estatal. O ouro digital se posiciona como inimigo de tal sistema, pois representa a chance de emancipação que está sendo entregue à população. Antes cativos de um sistema que destrói o poder de compra dos cidadãos por meio da inflação e desvalorização da taxa de câmbio, pessoas comuns hoje podem usar o Bitcoin para blindar o fruto de seu trabalho.
Ao recorrer ao Bitcoin como sua moeda oficial, El Salvador forneceu uma curva de aprendizado importante para aplicações futuras que terão que superar certas barreiras observadas na experiência salvadorenha. Usar essa poderosa criptomoeda não foi tão fácil, e logo foi descoberto que, apesar de ter legislação a seu favor, a infraestrutura necessária para o uso do Bitcoin na vida diária estava longe de ser adequada. Além disso, muitos estabelecimentos comerciais não estavam prontos para lidar com transações de Bitcoin, e a falta geral de entendimento sobre como a criptomoeda funciona impediu ainda mais sua adoção.
O fato de El Salvador usar o dólar, uma das moedas mais fortes do mundo, como moeda de curso forçado, contribuiu para que a população não introduzisse tanto o Bitcoin na vida cotidiana. A moeda fiduciária americana se provou mais interessante para quem preferia facilidade no dia a dia e estabilidade no curto prazo, fazendo com que muitas pessoas preferissem continuar usando o dólar e não arriscar com uma criptomoeda volátil. Tipicamente, o Bitcoin é visto mais como uma reserva de valor do que uma moeda de troca porque é geralmente aceito que, com o tempo, ele tende a se valorizar. Isso incentiva o consumidor a guardar seus satoshis enquanto usa moedas menos valiosas para custear gastos cotidianos.
Isso não significa que a experiência salvadorenha foi um fracasso; muito pelo contrário: ela foi um passo importante para tentar integrar o Bitcoin na economia popular, fazendo as pessoas conhecerem a importância dessa moeda digital. Embora enfrentando muitas dificuldades, serviu como uma lição a ser aprendida para que, no futuro, outros lugares do mundo possam seguir um caminho melhor. Apesar de o Bitcoin ter sido tratado inicialmente como uma moeda alternativa e um ativo digital para investidores, ele está a caminho de se tornar uma moeda de uso diário, é questão de tempo.
A experiência de El Salvador, embora não seja perfeita, mostrou claramente que o Bitcoin pode mudar a economia global, mas sua implementação completa leva tempo e adaptação. Ele não pode ser controlado por governos ou entidades supranacionais, o que significa que as pessoas podem transacionar sem depender de intermediários, como bancos, ou das inseguranças geradas por medidas fiscais não ortodoxas.
Em um mundo onde políticas fiscais e intervenção governamental podem tirar muita riqueza das mãos das pessoas que geram riqueza no mercado, o Bitcoin se apresenta como uma alternativa para aqueles que querem ser independentes, e poderem salvaguardar seu poder de compra e liberdade financeira. À medida que mais e mais pessoas começam a entender os riscos inerentemente embutidos no sistema financeiro baseado em moedas FIAT e nas políticas monetárias inflacionárias, a adoção dessa poderosa criptomoeda será a única saída viável.
É certo que o Bitcoin se tornará a moeda corrente quando o sistema financeiro global fiduciário inevitavelmente colapsar mediante a sua própria descredibilidade. Já o ouro digital, com sua estrutura descentralizada e sua capacidade de agir como um ativo deflacionário, substituirá naturalmente o papel das moedas estatais, inaugurando um novo sistema mais eficiente e justo, gerando confiança no mercado. O Bitcoin não é apenas uma moeda digital e disruptiva, mas uma verdadeira revolução na forma como entendemos o valor do dinheiro. Ele poderá garantir a verdadeira liberdade e a nossa independência em meio a um cenário de total centralização e controle das moedas digitais governamentais, que representam a maior ameaça a nossa liberdade nos últimos séculos. Enfim, quando esse sistema centralizado e arcaico colapsar, poderemos descansar em paz sabendo que temos o plano ₿.
https://blocktrends.com.br/el-salvador-cede-ao-fmi-e-remove-bitcoin-como-moeda-de-curso-legal/
https://carboncredits.com/the-energy-debate-how-bitcoin-mining-blockchain-and-cryptocurrency-shape-our-carbon-future/#:~:text=Recent%20data%20suggests%20that%20over,become%20hotspots%20for%20mining%20operations.