Nas últimas semanas, temos acompanhado uma crise poucas vezes vista em um órgão técnico de Estado, causada por Márcio Pochmann, presidente do IBGE, indicado por Lula. E o motivo? Supostas interferências na produção de estatísticas.
Quem imaginaria que o governo do Lula, homem conhecido por sua inquestionável envergadura moral e, não obstante, autoapelidado de "a alma mais honesta desse país", estaria envolvido com... mentiras e manipulações! Chocando um total de zero pessoas, o Janjo tratou de aparelhar todos os órgãos do governo assim que assumiu a presidência do país pela terceira vez. Isso não poderia deixar de incluir também órgãos considerados "técnicos", como o IBGE, dos quais não se deveria esperar um alinhamento político-ideológico qualquer, mas sim uma abordagem séria e técnica. Mas estamos falando de Brasil, e de um governo de um ex-condenado.
O IBGE (sigla para "Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística") é um órgão vinculado ao Governo Federal, fundado em 1936, com a missão de "produzir e disseminar informações essenciais sobre a realidade geográfica, demográfica, social e econômica do Brasil". O instituto é, ou deveria ser, responsável pela coleta, análise e publicação de dados estatísticos em diversas áreas, como população, trabalho, saúde, educação, agricultura, indústria e meio ambiente. Entre suas principais atividades estão a realização de censos populacionais, como o censo demográfico, realizado a cada dez anos, e pesquisas contínuas, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF). Além disso, o IBGE também é responsável pela produção de mapas, estudos geoespaciais e informações sobre o território nacional, como o sistema cartográfico nacional. No conto de fadas vendido por políticos, onde políticas públicas são fundamentadas em dados e parâmetros técnicos, o IBGE deveria ser fundamental na formulação de políticas públicas em áreas como saúde, educação, transporte e infraestrutura, além de ser utilizado por empresas, pesquisadores e organizações nacionais e internacionais. Este órgão teria, então, um papel crucial na geração de informações confiáveis e objetivas, que orientariam o desenvolvimento do país e ajudariam na análise da evolução de diferentes setores da sociedade brasileira.
Um órgão tão importante, cujos dados têm relevância para a opinião pública, não poderia estar nas mãos de qualquer um. E é aí que Márcio Pochmann entra na jogada. Indicado por Lula para garantir que apenas boas notícias viriam à tona, ele assume a presidência com a missão de "embelezar" os números. Desde então, a briga de Pochmann com os servidores tem se arrastado por várias semanas, com diversos indícios e acusações de pressões indevidas e até de fraudes, o que levanta sérias questões sobre a integridade da instituição.
A repercussão do caso levou o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho do PL do Rio Grande do Norte, a solicitar ao Tribunal de Contas da União, o TCU, que apure a "possível gestão temerária" de Márcio Pochmann à frente do IBGE e avalie seu afastamento cautelar da presidência do órgão. Segundo Marinho, a ideia é "resguardar o IBGE e seus trabalhos de coleta de dados e pesquisas", além de proteger a credibilidade do IPCA, principal índice de inflação do país. O senador alerta que a "incapacidade" de Pochmann em resolver o impasse com servidores e diretores pode comprometer a integridade das pesquisas realizadas.
O conflito se arrasta desde setembro, quando servidores denunciaram a falta de diálogo da presidência, especialmente em relação à criação da Fundação IBGE+, uma entidade público-privada que, segundo os trabalhadores, foi estabelecida de forma sigilosa e sem consulta à categoria. A fundação, que permite captar recursos de estatais e bancos públicos, foi apelidada de "IBGE paralelo" pelos servidores, que temem que isso leve à perda de autonomia e credibilidade do instituto. Pochmann defendeu a fundação, alegando que ela é uma tentativa de captar recursos para o órgão, mas a iniciativa não tem convencido os servidores. Paulo Lindesay, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatística (ASSIBGE), afirmou que, caso o orçamento não seja suficiente, Pochmann deveria "buscar mais recursos diretamente com o presidente da República ou o Parlamento, e não recorrer a fontes privadas”.
Porém, ao contrário do que pensam os funças do IBGE, o problema parece ter pouca relação com a natureza privada da fonte de financiamento da Fundação IBGE+, mas sim com o caráter ideológico e metodológico do governo Lula. Segundo a Gazeta do Povo, a gestão de Pochmann tem sido alvo de escrutínio desde sua indicação, e a desconfiança em relação à fundação atinge diretamente o Palácio do Planalto. Na verdade, desde que Lula nomeou o aliado Márcio Pochmann para a presidência do IBGE, em julho de 2023, o órgão tem vivido justificadamente sob constante observação pública. A nomeação foi feita sem o conhecimento da ministra do planejamento, Simone Tebet, que afirmou desconhecer o suposto economista. Pochmann, filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), já havia presidido o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) entre 2007 e 2012, onde acumulou críticas e denúncias de aparelhamento e ingerência nos estudos do órgão. Sua nomeação para o IBGE gerou um clima de desconfiança e temores sobre possíveis interferências na produção das estatísticas. Na época, Edmar Bacha - ex-presidente do IBGE nos anos 1980 e um dos "pais" do Plano Real - disse que Pochmann possui "uma visão totalmente ideológica da economia" e que não hesitaria em colocar o IBGE a serviço dessa ideologia. A economista Elena Landau, responsável pelo programa econômico de Simone Tebet em 2022, também criticou duramente a nomeação, afirmando que Pochmann "não entende de estatística, não tem preparo para a presidência do IBGE e não tem nada a ver com a linha da equipe econômica do Ministério do Planejamento".
Como vocês podem perceber, a imensa quantidade de críticas ao presidente do órgão responsável pelas estatísticas mais importantes do Brasil não vem de figuras da chamada 'extrema-direita fascista', mas de pessoas que, em algum grau, estão ligadas ao próprio governo. Mas, claro, nada disso foi suficiente para abalar a confiança de Lula em sua escolha. O presidente, em sua sabedoria, defendeu sua nomeação dizendo: “Não é aceitável as pessoas tentarem criar uma imagem negativa de uma pessoa da qualificação do Márcio Pochmann. Escolhi porque confio na capacidade intelectual dele. É um pesquisador exímio.” E aí está, o pronunciamento do presidente dispensa qualquer dúvida: se o Lula confia na capacidade intelectual de alguém, tenha certeza de que essa pessoa é no mínimo um gênio, o próprio Einstein. Afinal, quem melhor que ele para fazer escolhas tão acertadas, não é?
Em outra matéria, a Gazeta do Povo relata que os titulares da Diretoria de Pesquisas do IBGE, a mais importante do instituto, pediram exoneração de seus cargos. Elizabeth Hypólito, então diretora, e João Hallak Neto, diretor-adjunto, justificaram a saída pela "falta de interlocução" com a presidência, seja lá o que isso signifique. Mas a situação não parou por aí: na quinta-feira, 23 de janeiro, o IBGE confirmou a saída de duas titulares da Diretoria de Geociências, Ivone Lopes Batista, diretora, e Patrícia do Amorim Vida Costa, diretora-adjunta. Em meio a essa sequência de demissões, o diretor do sindicato ASSIBGE, Paulo Lindesay, afirma que a entidade tem sofrido retaliações. Na semana passada, o sindicato recebeu uma notificação extrajudicial em que a gestão de Pochmann exigia que os servidores não usassem a sigla do IBGE em seu nome, além de solicitar um levantamento de todas as áreas ocupadas pela entidade dentro dos prédios do instituto. Paulo explicou que as áreas haviam sido cedidas à entidade por anos, até décadas, por meio de um acordo de comodato. Ironicamente, ele diz: "Não caímos de paraquedas. Nunca esperávamos uma atitude antissindical de alguém que teve tanto contato com o movimento".
Embora as matérias ressaltem que essa crise não implicaria necessariamente em fraude nos dados, um sinal vermelho está aceso. De fato, embora o cálculo oficial do PIB seja responsabilidade do IBGE, outras instituições também buscam medir a atividade econômica e a produção de riquezas. O Banco Central, por exemplo, é responsável pelo Índice de Atividade Econômica, o IBC-BR, enquanto o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-IBRE) produz o Monitor do PIB, um dos índices que mais se aproxima dos dados medidos pelo IBGE. Isso levanta questionamentos sobre a credibilidade e a consistência das informações geradas, especialmente em um momento de tensões dentro do próprio instituto.
Embora as matérias enfatizem que não há fraudes nos dados, a mera suspeita causa danos irreversíveis à imagem do órgão, e a questão do que é ou não "fraude" vai muito além da simples e rasteira modificação dos valores numéricos. O verdadeiro problema está em como estatísticas e dados reais podem ser manipulados ou apresentados para criar narrativas irreais. Alterar definições, como o conceito de pobreza ou o que caracteriza o crescimento econômico, é uma estratégia usada para ajustar os dados conforme a narrativa desejada. Assim, em vez de refletirem a realidade objetiva, os números acabam sendo distorcidos para servir aos interesses políticos, dando a impressão de um cenário mais positivo ou controlado do que realmente é. Sabemos bem que o plano dos socialistas que comandam o governo é criar a falsa ideia de que os pobres estão virando classe média, mesmo que seus salários continuem a mesma miséria de sempre.
Consideremos dois exemplos ilustrativos e relativamente fáceis de entender, os quais foram suportados por dados do IBGE de Pochmann. No início de 2024, o governo, apoiado por dados do IBGE, afirmou que "Pobreza e extrema pobreza atingem os menores níveis da história em 2023". Para sustentar essa afirmação, o governo definiu o que significa ser "pobre" como alguém que ganhe menos de 665 reais por mês, com o valor sendo comparado a 2012. Ora, interessante, não? A inflação não foi considerada, e, cá entre nós, alguém que ganhe, por exemplo, 700 reais por mês não ser considerado pobre só pode ser uma piada de extremo mal gosto. De forma semelhante, o governo anunciou que a taxa de desemprego de 2024 seria a menor da história. No entanto, ao analisarmos os dados mais de perto, vemos que esse 'milagre' é basicamente fruto do crescimento do funcionalismo público, além de que os dados não fazem a distinção entre pessoas em subempregos e as demais, o que distorce a real situação do mercado de trabalho.
Enfim, podemos chegar a conclusão de que um governo de mentiras só se mantém em pé se eles alterarem os dados oficiais e modificarem a realidade com ajuda de uma boa propaganda. Em toda ditadura é assim e sempre foi, pois a maior das inimigas dos ditadores é a verdade. Enquanto a verdade estiver exposta ao povo, a popularidade dos charlatões e incompetentes socialistas em posição de poder não será tão grande assim. Em resumo: não confie nos dados do governo, sobretudo nos do governo do molusco. Essas pessoas que hoje comandam o Brasil querem ter o poder de mentir para você, manipulando dados, ao mesmo tempo, em que tentam calar a oposição usando a desculpa de estarem lutando contra “fakenews”.
1. IBGE: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/42489-comunicado-da-presidencia-apuracao-de-irregularidades
2. GAZETA DO POVO: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/briga-de-pochmann-e-servidores-arranha-imagem-do-ibge-e-amplia-desgaste-do-governo/ ; https://www.gazetadopovo.com.br/economia/crise-no-ibge-reforca-suspeita-de-controle-politico-das-estatisticas-oficiais/?ref=veja-tambem ; e https://www.gazetadopovo.com.br/economia/quem-e-marcio-pochmann-escolhido-lula-presidencia-ibge/
3. CNN BRASIL: https://www.youtube.com/watch?v=qw1zIL3hwyk
4. GOVERNO FEDERAL: https://www.gov.br/mds/pt-br/noticias-e-conteudos/desenvolvimento-social/noticias-desenvolvimento-social/pobreza-e-extrema-pobreza-atingem-menores-niveis-da-historia-em-2023
5. G1: https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/01/31/taxa-media-de-desemprego-cai-para-66percent-em-2024-menor-patamar-da-historia-diz-ibge.ghtml