UFSC refém da balaclava: o terrorismo de militantes e a rendição das universidades públicas

O que era para ser uma universidade se transformou em palco para militância agressiva e intolerante, com apoio tácito de reitores covardes e coniventes. Até quando vamos fingir que isso é “protesto legítimo”?

No último dia 29 de abril, o Conselho Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, a UFSC, foi surpreendido — ou melhor, novamente invadido — por um grupo de estudantes mascarados. Com o rosto coberto por balaclavas, roupas escuras e atitudes intimidadoras, eles pareciam tudo, menos alunos em busca de conhecimento ou capacitação profissional, e muito menos representantes legítimos de uma pauta acadêmica. Sua presença e indumentária evocavam outra imagem: a de guerrilheiros, milicianos ideológicos e fanáticos dispostos a usar a força para impor sua vontade. E, como de praxe, foram tolerados, ou, ao menos, parcialmente contidos apenas após pressão para que mostrassem seus rostos. Mais uma vez, a força se sobrepôs à razão.

A justificativa para esse "ato de protesto" foi a insatisfação com a demissão de funcionários terceirizados, e problemas estruturais envolvendo o restaurante universitário e a moradia estudantil, além de serem influenciados por professores militantes que reclamam sobre o reajuste salarial que não tem sido satisfatório. Mas não há uma única linha de reflexão sobre o orçamento público, sobre a crise fiscal, sobre os limites da gestão. Para eles, o dinheiro é infinito — basta reivindicar com força suficiente. E se não vier por bem, virá pela força, com gritos, depredações, piquetes, greves, intimidações e balaclavas.

Mas o perigo é muito maior do que as demandas em si. Trata-se de uma questão de método, de mentalidade, e da corrosão profunda da cultura universitária pelas práticas autoritárias da militância esquerdista. Houve intimidação, uso de força e encenação revolucionária com figurino importado das piores tradições totalitárias do século XX.

Esses mesmos estudantes, recentemente, já haviam fechado o acesso ao campus da Trindade — um dos principais da UFSC — em uma ação igualmente arbitrária e violenta. Impediram o direito de ir e vir de professores e colegas, fecharam portões com correntes e cadeados e criaram um clima de tensão digno de regimes autoritários. Isso não é protesto, é sequestro do espaço público e coação. É um terrorismo simbólico que se normaliza a cada vez que não é combatido com firmeza — e a cada vez que é tolerado ou legitimado.

(Sugestão de pausa)

Essa escalada de atitudes autoritárias não surgiu do nada. Ela é o fruto previsível de décadas de dominação ideológica da esquerda nas universidades públicas. Seguindo à risca o método gramsciano, as universidades públicas foram pouco a pouco se tornando feudos ideológicos, redutos de militância revolucionária. Nesses espaços a formação acadêmica virou pretexto para doutrinação, e o pensamento crítico - que raramente é incentivado - foi substituído por discursos de ódio contra qualquer forma de dissidência. E onde há hegemonia ideológica, há arrogância. Onde não há oposição real, surge a convicção de que tudo é permitido, inclusive a violência.

O acontecimento não se trata de um episódio isolado. Em maio de 2023, outro grupo de mascarados impediu a entrada de alunos na mesma universidade. Era o mesmo roteiro: rostos cobertos, discurso agressivo, palavras de ordem, barricadas improvisadas, e um profundo desprezo pelas regras mínimas da convivência civilizada. O professor da UFSC, Rafael Ary, chegou a chamar a ação de terrorismo. E não estava errado. Quando uma minoria impõe sua vontade pela força, pela ameaça e pela coerção física, está, sim, cometendo uma forma de terrorismo. Ainda que simbólico, ainda que travestido de “luta estudantil”. E da mesma maneira, diversos "protestos" do gênero, ou "ocupações", como eles chamam, têm ocorrido na Universidade Federal do Paraná, na USP e outras universidades brasileiras, nos anos recentes.

(Sugestão de pausa)

Talvez, o pior de tudo nessa história seja a reação das autoridades universitárias: sempre hesitantes, sempre complacentes, sempre tentando "compreender o lado dos estudantes". Mas não dos estudantes de verdade, que estão dedicados em aprender, e sim dos que violam os direitos de terceiros e os impedem de ir vir; estes são os estudantes ouvidos pelas autoridades. Essas autoridades universitárias não entendem, ou não querem entender, que não se deve negociar com terroristas. O Conselho Universitário da UFSC permitiu que uma representante mascarada falasse, desde que mostrasse o rosto. Que concessão generosa! E mais uma vez, como sempre, isso foi aceito. Apesar de as autoridades da universidade terem permitido que uma representante falasse “sem máscara”, eles autorizaram a presença do grupo encapuzado que estava impedindo os professores de darem aula. Ou seja, tolerou. Recuou. Aceitou o jogo da chantagem. A instituição que em teoria deveria ser um bastião de racionalidade, liberdade intelectual e respeito mútuo ajoelha-se diante de adolescentes e baderneiros profissionais.

Mas é importante abrir um parêntese aqui sobre a questão da privacidade e anonimato. Os libertários não se opõem a manifestações pacíficas e que seus integrantes estejam escondendo seus rostos. O problema é quando os manifestantes partem para a violência contra pessoas pacíficas. Como bem constatou Murray Rothbard, o famoso economista americano que é considerado o pai do anarcocapitalismo e uma das principais vozes intelectuais no campo do libertarianismo: 

Sobre privacidade, Rothbard escreveu:

"O direito à privacidade não é um direito separado, mas parte do direito de propriedade."

Ou seja: se alguém não deseja divulgar seus dados, rosto ou identidade, isso é uma escolha legítima baseada no direito sobre si mesmo e sobre a informação pessoal. Já seu aluno, o brilhante economista alemão Hans Hermann Hoppe, em sua famosa obra "Democracia: o Deus que Falhou", argumenta que uma sociedade verdadeiramente libertária seria baseada em propriedade privada para tudo, inclusive ruas e praças. Em tal sociedade, o direito de se manifestar (anonimamente ou não) dependeria do consentimento do dono do local. No entanto, Hoppe também critica manifestações que envolvam invasão, tumulto ou violência, especialmente aquelas em espaços alheios.

(Sugestão de pausa)

A cada vez que o Conselho Universitário e a reitoria cedem a esse tipo de comportamento, estão sinalizando a esses grupos que o caminho da vitória política é a ameaça e a coação. O resultado previsível é o crescimento da violência. Se os baderneiros bloquearem as portas novamente amanhã, não será surpresa. Se ameaçarem professores ou danificarem patrimônio público, tampouco. Foram ensinados a acreditar que tudo isso é aceitável — afinal, estão “lutando por direitos”.

Há um padrão claro: tudo é válido quando serve à "revolução". Invadir prédios, agredir professores, impedir colegas de estudar, depredar patrimônio, interromper aulas, chantagear conselhos e reitores. São táticas herdadas de Mao Tsé-Tung a Fidel Castro, e adaptadas ao campus. Mas são também fruto de um sistema estatal que os incentiva, que os protege, que lhes dá recursos e impunidade. O movimento estudantil se tornou apenas mais um braço armado dos partidos políticos de esquerda.

(Sugestão de pausa)

O problema da UFSC e de tantas outras instituições públicas, não é meramente um caso de desvio de conduta pontual. É um problema estrutural. Não se trata de “melhorar a gestão” ou “reformular os conselhos universitários”. Trata-se de romper com o modelo estatal que possibilita esse tipo de degeneração institucional.

E quem paga a conta dessa guerra cultural? Nós, os contribuintes. Afinal, na lógica estatista e militante dos revolucionários de apartamento, todos têm “direitos” a exigir — exceto o pagador de impostos; o cidadão produtivo que banca esse circo. O resultado é uma geração de militantes mimados, com a cabeça feita por ideólogos de esquerda, que acreditam piamente que podem se impor na base da coação e da gritaria. Cada centavo das bolsas que sustentam essa militância, cada minuto dos salários pagos a professores coniventes, cada metro quadrado das estruturas invadidas e depredadas, sai do bolso de trabalhadores que não têm a menor chance de colocar seus filhos numa universidade privada de melhor qualidade e que tenha regras. As federais viraram redutos de uma elite ideológica sustentada por quem jamais terá acesso a esse privilégio. Uma elite do funcionalismo público que cospe na mão que a alimenta, que ataca o próprio sistema que a sustenta, e que exige mais verbas enquanto fecha os portões da universidade para a sociedade.

(Sugestão de pausa)

A Visão Libertária não tem ilusões sobre o Estado e seus tentáculos. As universidades públicas são um dos mais custosos e perniciosos tentáculos do Leviatã estatal. Elas concentram poder, recursos e autoridade nas mãos de burocratas ideológicos e muito bem remunerados. São quase feudos autônomos onde reina o politicamente correto, a censura informal, a doutrinação sistemática e a militância profissionalizada. E, como todo monopólio estatal, não respondem a incentivos de eficiência, qualidade ou pluralismo. Respondem apenas a pressões políticas.

Em uma sociedade livre, a educação não deve ser monopólio do Estado, muito menos um direito custeado pelo dinheiro roubado de terceiros. As universidades devem ser mantidas por quem de fato valoriza o conhecimento, sejam estudantes ou doadores, e não por governos que enxergam o ensino superior como campo de batalha ideológica. Numa sociedade libertária, estudantes que invadissem e impedissem o funcionamento de uma instituição seriam expulsos, processados e até multados (a depender de seus atos de vandalismo), porque em toda propriedade privada tem regras. Simples assim. A propriedade privada é um direito natural e inviolável do seu dono. A liberdade exige responsabilidade, e a violência não é meio legítimo de reforma política. O direito de protestar não inclui ameaçar, obstruir ou agredir os demais. O ambiente de ensino exige ordem, respeito mútuo e responsabilidade. Valores que não florescem onde o Estado, como um grande papai banana, garante tudo, sem exigir nada. Se as autoridades públicas não impõem limites, se as instituições cedem, então cabe à sociedade denunciar, reagir, cortar o financiamento desse parasitismo institucional.

Mas enquanto o ensino superior for estatal, continuará sendo campo de guerra. E a guerra será vencida por quem gritar mais alto, por quem intimidar com mais força, por quem sequestrar o discurso com mais radicalismo. É um jogo onde os pacíficos e justos sempre perdem, e onde os piores sobem à liderança - é assim que a esquerda joga o jogo e consegue dominar certos ambientes.

O caso da UFSC é um alerta para todos. Não se trata apenas de um protesto. Trata-se de uma metodologia de intimidação. E essa metodologia é baseada em chantagem e violência. Ela não busca diálogo, busca submissão. E, enquanto continuarmos a tratá-la com tolerância, ela crescerá. Hoje é a balaclava, amanhã será o coquetel molotov. Enquanto hoje é a corrente no portão, amanhã será a ocupação do gabinete do reitor. E, no limite, será a destruição completa do ambiente acadêmico como espaço de conhecimento.

(Sugestão de pausa)

A militância revolucionária já não tem mais pudor, nem disfarça seu projeto de poder. Eles querem a ruptura, o caos, a revolução permanente — e encontraram no sistema estatal o ambiente perfeito para isso: dinheiro garantido, ausência de concorrência, apoio político e impunidade funcional. Em vez de buscar formação, os membros desses grupos se dedicam exclusivamente à militância. Dominam DCEs, centros acadêmicos e sindicatos estudantis, aparelhando todo o ambiente universitário. Usam a estrutura pública como trampolim para a política partidária. E fazem isso sem qualquer responsabilidade, pois não têm que prestar contas nem mostrar resultados. Após ingressarem, a vaga está garantida por mais uns dez anos — e o estrago se perpetua. Se necessário, basta prestar o vestibular novamente para algum curso de baixa concorrência.

Enfim, combater essa realidade exige coragem, seja dos políticos, seja dos alunos e profissionais que trabalham nas universidades. As autoridades precisam parar de tratar esses agitadores como estudantes mal comportados, mas como delinquentes antissociais. Quase todos já são maiores de idade, e precisam aprender que, no mundo real, suas ações têm consequências.

Esses terroristas são soldados de uma guerra cultural, que podem vencer se as autoridades e a população fingirem que ainda se trata de mais um protesto estudantil. A solução não virá de dentro: o sistema está aparelhado. A única saída real está no corte de verbas, na privatização e na substituição da militância por ensino de verdade — com liberdade e responsabilidade. Se a sociedade continuar aceitando que universidades públicas sejam ocupadas por pequenos tiranos de balaclava, a próxima geração de “intelectuais” será formada não por pensadores, mas por agitadores profissionais — pagos com o seu dinheiro.

Está na hora de dar um basta. Está na hora de libertar todo o sistema de ensino do leviatã estatal e seus agitadores intolerantes.

Referências:

https://jornalrazao.com/educacao/estudantes-mascarados-impedem-a-entrada-de-alunos-na-ufsc-em-florianopolis
https://ndmais.com.br/educacao/estudantes-trajados-como-terroristas-na-ufsc-uma-postura-que-nao-pode-mais-ser-tolerada/