O caso Polymarket e o avanço da descentralização das apostas!

O mercado de apostas descentralizadas tem gerado medo nas autoridades americanas, e ele representa o início do fim das estruturas centralizadas!

No último dia 13, Shayne Coplan, CEO de 26 anos da Polymarket, foi alvo de uma operação do FBI em Nova York. A empresa, cujo lema é "Aposte em suas crenças", oferece um mercado de previsões que permite a compra de contratos futuros baseados em eventos. Entre as apostas abertas em 2024 e suas respectivas probabilidades, destacam-se entra elas: 3% de chance de o governo dos Estados Unidos confirmar a existência de alienígenas, 13% de Taylor Swift aparecer grávida e 65% de o Bitcoin atingir 100 mil dólares.
Em comunicado, a empresa defendeu que a ação policial foi uma retaliação à criação de um mercado que previu corretamente o resultado da eleição americana, superando os tradicionais institutos de pesquisa. Este episódio ilustra a crescente disputa entre as estruturas hierárquicas tradicionais e os novos modelos distribuídos e descentralizados que não são totalmente controlados pelo governo.
Em um cassino tradicional, a banca define os prêmios para os resultados possíveis e lucra explorando a vantagem matemática que possui em relação aos jogadores, chamada de "house edge" (vantagem da casa). Essa vantagem é incorporada em praticamente todos os jogos oferecidos pelo cassino e garante que, ao longo do tempo, o estabelecimento tenha um lucro consistente. . Em contraste, os contratos inteligentes na Polymarket funcionam como derivativos peer-to-peer, cujos preços flutuam de acordo com a oferta e a demanda. Isso significa que a contraparte em qualquer aposta não é a empresa, mas outro usuário que aceitou os termos. Como o site utiliza a rede Polygon, todas as operações são públicas e auditáveis, representando uma das aplicações mais interessantes da Web3 até o momento.
A empresa enfrentou problemas anteriormente com a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC) por não cumprir requisitos regulatórios, sendo proibida de operar nos Estados Unidos. No entanto, isso não impede que americanos utilizem VPNs e realizem depósitos via criptomoedas, o que levou a empresa a ser alvo do departamento de justiça. A CFTC argumentou que o mercado de apostas em eventos políticos tem o potencial de comprometer a integridade das eleições – justificativa favorita dos tiranos quando lhes faltam argumentos decentes. Apesar disso, a justiça americana concedeu ganho de causa à Kalshi, principal concorrente da Polymarket, no que diz respeito a apostas políticas, abrindo precedentes para que mais empresas entrem no setor.
O ataque à Polymarket apresenta claras motivações políticas, considerando que Peter Thiel, importante investidor do Vale do Silício e apoiador de Donald Trump, é um dos principais investidores da empresa. No X (antigo Twitter), Coplan expressou seu descontentamento com a parcialidade do FBI: "É desanimador ver a atual administração fazer um último esforço para perseguir empresas que eles associam a opositores políticos. A Polymarket gerou valor para dezenas de milhares de usuários neste ciclo eleitoral, sem causar dano a ninguém. Estamos muito orgulhosos disso."
A maioria das casas de apostas já indicava significativa vantagem para o candidato republicano. Em 3 de novembro, véspera da eleição, a vantagem de Trump ultrapassava 12 pontos percentuais. Enquanto isso, os grandes e renomados institutos de pesquisa apontavam para um empate técnico, aparentemente se acovardaram diante do medo de, pela terceira vez consecutiva, errarem a temperatura e direcionamento dos eleitores, optando por publicar o resultado mais neutro possível. Aqueles que recorreram às plataformas de apostas, especialmente as que operam como derivativos, obtiveram previsões muito melhores se comparado aos seguidores dos métodos tradicionais – uma tendência que deve se fortalecer.
Este episódio representa apenas mais um dos ataques que as estruturas hierárquicas tradicionais impõem sobre formas alternativas e descentralizadas de informação. Adotando uma definição ampla de informação descentralizada e distribuída, observa-se como ela vem conquistando espaço sobre as formas tradicionais de organização e, mais significativamente, tem se tornado a opção da população na hora de interagir com a sociedade. A sociedade libertária não se estabelecerá pela persuasão ideológica ou convencimento ético, mas pela conveniência e pelas vantagens econômicas que cada indivíduo poderá obter ao adotá-la. Da mesma forma que vemos os famosos comunistas de iPhone pegando carona em Uber, a tecnologia da Blockchain e o Bitcoin logo serão amplamente usadas por vários socialistas hipócritas.
O X já se consolidou como uma fonte de informação mais eficiente que a mídia tradicional. Hoje em dia é a velha e extrema imprensa que precisa postar na rede social para manter sua relevância, não o contrário. A arbitragem entre entidades privadas já é a forma preferencial de resolução de conflitos entre empresas no comércio internacional, tendência em constante crescimento. A uberização e a pejotização, entre outras formas de organização do trabalho, mostram-se preferíveis do que o regime CLT, com seus benefícios imaginários, mas horários rígidos. E agora fica claro que os institutos de pesquisa tradicionais estão perdendo relevância diante de alternativas descentralizadas, mais econômicas e transparentes, os quais todos podem verificar os resultados.
É comum que os meios alternativos ao padrão hierárquico sejam inicialmente caros e acessíveis apenas a grupos seletos. A aplicação da teoria das bandeiras, por exemplo, em que o indivíduo distribui sua vida em diferentes jurisdições com finalidades específicas – uma para investimentos, outra para residência, outra para cidadania – ainda é inviável para grande parte da sociedade. No entanto, essa barreira é menor do que se imagina, especialmente considerando aplicações parciais da teoria. Manter uma conta em dólar e investir no exterior apresenta barreiras de entrada relativamente modestas hoje em dia, tanto pela redução dos custos quanto pela disseminação desse conhecimento. E agora, com a possibilidade de fazer poupança em satoshinhos, a proteção do patrimônio está ficando mais fácil para o cidadão médio.
Esse fenômeno manifesta-se com diferentes intensidades em diversos setores. Os custos educacionais, por exemplo, diminuíram significativamente. Uma pessoa determinada a aprender tem um grande acervo de recursos gratuitos a sua disposição. Estudos demonstram que a vantagem financeira de um diploma superior tem diminuído, tanto pela sua popularização quanto pela disponibilidade de informação gratuita e de qualidade.
O acesso a moedas mais estáveis também vem barateando. Anteriormente, era necessário dispor de considerável capital e arcar com altas taxas para obter uma moeda marginalmente melhor, como o dólar. Hoje, o Bitcoin está disponível globalmente para qualquer pessoa e em qualquer lugar. Em áreas como justiça privada e escolha da jurisdição, os custos ainda são proibitivos para o homem comum, mas mesmo para esses serviços de alta classe os custos já têm caído e tendem a cair ainda mais.
A redução dos custos de transação facilita a substituição de serviços insatisfatórios. Quando Fernando Collor confiscou as poupanças dos brasileiros, era esperado que a desconfiança em relação à moeda nacional fosse devastadora, mas o impacto social foi menor que deveria ser. Os brasileiros não adotaram massivamente a prata, o ouro ou o dólar como reserva de valor, pelo menos não de forma relevante, principalmente porque os custos de aquisição e administração dessas alternativas nos anos 90 eram relativamente altos. Hoje, as pessoas podem facilmente investir no famoso ouro digital, ou seja, em Bitcoin, com qualquer valor e de qualquer lugar. Fora que se o comprador for cuidadoso é impossível ligar a carteira a pessoa ou confiscar seus fundos. Portanto, hoje em dia, se ocorrer um novo confisco, aí sim o Bitcoin será popularizado de vez no Brasil e as pessoas tomarão consciência da importância dessa criptomoeda descentralizada.
A direção dessa tendência é clara e inevitável: a redução dos custos de transação alcançará, mais cedo ou mais tarde, todos os serviços e todas as pessoas. O sucesso dessas alternativas depende de muitas coisas fora do controle de qualquer um, mas quanto mais pessoas usarem modelos alternativos aos tradicionais, maior será o efeito de rede e, consequentemente, as vantagens econômicas desse grupo. Se os benefícios ainda não lhe convenceram, adote esses sistemas como forma de autopreservação contra a diluição da moeda por parte do governo, ou contra o desrespeito aos contratos por parte da justiça, ou contra a manipulação informacional por parte da mídia. Seja qual for o tópico que mais lhe é caro, é bem possível que exista uma alternativa ao governo. 
Lembre-se que o governo não é pior do que aqueles que de livre e espontânea vontade se acomodam no seu seio e preferem a conveniência à liberdade. Já disse Victor Hugo: “Entre um governo que faz o mal e o povo que o consente, há certa cumplicidade vergonhosa.”

Referências:

https://www.youtube.com/watch?v=tx6A3_OLEMY
https://portaldobitcoin.uol.com.br/criador-do-polymarket-sofre-batida-do-fbi-apos-vitoria-de-trump/