Dizem que a idade traz sabedoria, mas será que ela também traz a liberdade de gerir seu próprio dinheiro sem a intromissão estatal?
Em um mundo em que a juventude e a inovação disruptiva recebem toda atenção, um estudo recente revela, no entanto, que um grupo frequentemente subestimado supera os jovens. Os dados sugerem que a experiência, ao invés de ser a oposta da inovação, como o senso comum e preconceitos etários podem argumentar, fornece aos indivíduos uma competência considerável para administrar suas finanças. Em outras palavras, o Seu José administra o seu dinheiro muito melhor do que o Enzo. Essa conclusão, embora aparentemente óbvia para quem está normalmente inclinado a valorizar a autonomia e a capacidade individual, é um sopro de ar em uma paisagem na qual a intervenção estatal e o pensamento coletivista tendem a ditar como as pessoas devem viver, trabalhar e, sobretudo, gastar seu próprio dinheiro . A sabedoria financeira dos mais velhos não é simplesmente um dado estatístico, é um testemunho da capacidade humana de aprender, adaptar-se e ir para o lugar que pertence quando é deixada em paz para fazer suas próprias escolhas.
Tradicionalmente, a imagem do idoso na sociedade moderna tem sido, por vezes, estereotipada. Vistos como dependentes, frágeis ou menos aptos a lidar com as complexidades do mundo contemporâneo, os mais velhos são frequentemente alvo de políticas paternalistas que, sob o pretexto de "proteção", acabam por minar sua autonomia. No entanto, a realidade, como o estudo em questão demonstra, é bem diferente. A longevidade traz consigo não apenas rugas e cabelos brancos, mas também um vasto repertório de experiências, erros e acertos que se traduzem em uma perspicácia única para navegar no universo das finanças pessoais. Eles viveram crises econômicas, viram modismos financeiros irem e virem, e aprenderam, muitas vezes da forma mais dura, o valor da poupança, do investimento prudente e da resiliência.
Tal competência financeira se expressa de várias maneiras. Muitos dos mais velhos são mestres na arte do orçamento e controle, como resultado de uma vida repleta de dificuldades e da necessidade de fazer o dinheiro render. Eles são menos suscetíveis a certos tipos de golpes financeiros e a investimentos arriscados, porque desenvolveram um ceticismo saudável em relação a promessas de enriquecimento rápido. Para além disso, a experiência de ter criado suas próprias famílias, enfrentado ou não imprevistos e se programado para a aposentadoria conferiu-lhes uma visão de longo prazo que frequentemente falta às gerações mais novas, com seu foco no consumo imediato e na gratificação instantânea. Isso significa que você provavelmente não verá um idoso gastando toda a sua aposentadoria em uma aposta no Jogo do Tigrinho. No máximo você os verá fazendo alguma fezinha na Mega Sena ou apostando dez conto no macaco do jogo do bicho.
(pausa)
Essa capacidade inata dos indivíduos, independentemente de sua idade, constitui, do ponto de vista libertário, um dos pilares principais de tal fato. Acreditamos que cada um é o melhor juiz dos seus próprios interesses e que, desde que não infrinja os direitos de terceiros, deve ser livre para decidir por si mesmo, inclusive em questões financeiras. A concepção segundo a qual o estado ou outra entidade qualquer deve, de alguma forma, "proteger" adultos de si mesmos - em particular em relação a seu próprio dinheiro - é uma ofensa à dignidade humana e um convite à tirania.
Entretanto, o que se observa na prática é a presença de um estado cada vez mais invasor na vida privada do cidadão. Desde a burocracia tributária que consome uma significante fração da renda de todos, até a regulamentação excessiva que fere a inovação e o direito à liberdade econômica, sem esquecer dos programas sociais criadores de dependência, e que desvalorizam o trabalho pessoal dos indivíduos, o Leviatã estatal parece padecer de uma compulsão irrefreável por controlar cada centavo que entra e sai do bolso das pessoas. Os idosos, por sua vez, muitas vezes, se tornam alvos fáceis da lógica desse apetite regulador estatal, sob a justificativa de que são "vulneráveis" e que precisam de "tutela". Quando não, suas aposentadorias são vítimas das falcatruas dos grandes bancos, esta, no entanto, é uma história para outro vídeo.
Mas o que é essa "tutela" senão uma forma de desempoderamento? Quando o estado resolve que sabe melhor do que você como seu dinheiro deve ser utilizado, não está te protegendo, mas te infantilizando. Está tirando de você a oportunidade de aprender com seus erros, de correr riscos e de usufruir das consequências de suas próprias opções. Está te tornando um mero número em uma planilha do Excel, em vez de um ser de individualidade e capacidade de autodeterminação.
Tomemos, por exemplo, as discussões acerca da previdência social. Durante muito tempo, o estado implementou um sistema de aposentadoria compulsório, advogando que os indivíduos não têm a capacidade de poupar para o futuro. O resultado? Um regime insustentável, que cobra dos mais jovens para sustentar os mais velhos, e que tira dos indivíduos a liberdade de investir suas economias como quiserem. Se os adultos mais velhos são, de fato, habilidosos com seu dinheiro, como sugere o estudo, por que o estado insiste em tratá-los como irresponsáveis que precisam ser obrigados a poupar?
Outro exemplo é o aumento excessivo de leis e regras que visam à "proteção" do consumidor, mas que de fato limitam suas opções e tornam ainda mais caros produtos e serviços. Sob a justificativa da "segurança", o estado impõe barreiras para novas empresas, causa dificuldades à concorrência, ao mesmo tempo em que impede que seja permitido aos próprios indivíduos fazer suas avaliações pessoais sobre o risco de sua liberdade. Se um idoso é experiente e decide investir em algo que o estado considera "arriscado" para ele, por que não deveria ter essa liberdade? Quem, senão o próprio indivíduo, é que há de decidir o que é "bom" ou "ruim" para ele?
(pausa)
É obrigação da sociedade reconhecer e respeitar a competência do idoso, desde o viés financeiro até todas as outras esferas da vida. Eles possuem um capital humano inigualável e sua sabedoria só pode ser adquirida pelo tempo. Ao invés de controlá-los ou de "protegê-los" deles mesmos, nós deveríamos empoderá-los ainda mais, eliminando os obstáculos estatais em termos de liberdade de escolha, para que eles transcendem a condição de cidadãos de terceira idade e possam continuar contribuindo para a sociedade, mas com seus próprios olhos, com seus próprios estilos. O aprendizado do estudo da competência financeira dos idosos é claro: liberdade é a melhor ação. Quando as pessoas têm liberdade para gerenciar seu próprio dinheiro, para fazer as próprias escolhas e para se responsabilizar por suas próprias vidas, eles tendem a prosperar mais, a ser mais felizes e mais realizados. Já o estado, ao tentar manter tudo sob controle, não traz nenhuma solução; pelo contrário, em todos os casos, é o problema. Que a sabedoria da idade nos inspire para querermos batalhar por um futuro onde a autonomia individual seja a regra e não a exceção que cada um possa auferir para gastar seu próprio dinheiro como bem lhe convier, livremente e sem intromissões burocráticas de secretários ou do controle das agências governamentais e muito menos a intervenção da moral de qualquer político.
Em resumo, a competência financeira dos idosos é, em si mesma, um argumento forte de que a capacidade de autogestão não diminui com a idade, mas que, ao contrário, pode ser aprimorada pela experiência. É um argumento contra o paternalismo estatal e a favor da liberdade em todas as suas formas. Que isso nos lembre de que temos que nos esforçar para construir um modelo de sociedade com a menor quantidade possível de intervenção do governo, onde todos os indivíduos, independentemente da idade, sejam tratados como seres autônomos e responsáveis, capazes de tomar as melhores decisões para si e para suas famílias.
https://g1.globo.com/bemestar/blog/longevidade-modo-de-usar/post/2025/06/10/estudo-mostra-que-adultos-mais-velhos-sao-competentes-com-seu-dinheiro.ghtml
https://www.viparaguaia.com.br/noticia/183105/araguaia-xingu/estudo-mostra-que-adultos-mais-velhos-sao-competentes-com-seu-dinheiro-blog-longevidade-modo-de-usar.html
https://www.news-medical.net/news/20250602/Older-adults-accurately-gauge-their-financial-skills-until-dementia-sets-in.aspx