O Plano DESCONHECIDO para evitar a INDEPENDÊNCIA da AMÉRICA HISPÂNICA

O Estado sempre tenta se proteger e com o Império Espanhol não foi diferente.

Todos conhecemos, pelas aulas de história na escola, o Império espanhol e o Império português com suas colônias nas Américas. Mas poucos conhecem a história desse plano de um diplomata espanhol para evitar sua ruína.

Naquela época, os Estados Unidos haviam recém conseguido sua independência contra a maior potência do mundo, o Reino Unido. Algumas pessoas daquele tempo já viam com preocupação uma futura ascensão americana, que tanto poderia se tornar uma potência por ser um modelo atrativo de liberdade para outras pessoas, quanto poderia servir como exemplo para outras nações que também quisessem conquistar a liberdade de seus colonizadores.

Isso, de fato, veio a acontecer ao longo dos séculos, mas imaginar alguém já ter uma visão tão grande a longo prazo naquela época é algo impressionante.

o diplomata espanhol Pedro Pablo Abarca de Bolea, sendo o décimo Conde de Aranda e morrendo somente em 1898, foi o embaixador espanhol em Paris e após assinar o tratado de paz com a Inglaterra pelo apoio espanhol e francês na guerra de independência americana ficou preocupado que isso começasse a ser bem visto pelo povo nas colônias espanholas.

Escrevendo, então, uma carta com um plano a Carlos III, o rei espanhol da época, no qual do jeito pomposo da época, ele dizia que manifestava preocupação com o futuro das possessões espanholas nas américas.

Chegando a chamar os Estados Unidos de "Pigmeus", acreditava que estes só conseguiram sua independência por causa do auxílio de outras potências europeias. Ele dizia que os Estados Unidos futuramente deixariam de lado essa "aliança" e focaria em se expandir para os territórios desprotegidos da américa espanhola, o que futuramente aconteceu com o Destino Manifesto e a expansão para o Oeste.

O Conde de Aranda também sabia das divergências que estavam crescendo nas colônias da Espanha e admitiu que os Estados Unidos eram visto por outras populações que em maioria eram perseguidas na Europa e viam o país americano como um lugar novo sem nada para perder, aumentando a população americana e facilitando sua expansão. O próprio conde não pôde negar o óbvio nem mesmo naquela época: de que a liberdade atrai as pessoas e faz a economia crescer.

A própria Espanha sempre temeu dar mais autonomia e liberdade econômica para suas colônias e territórios fora da península, pois os mesmos por serem gigantescos em território e com vastos recursos, facilmente conseguiriam iniciar uma guerra própria de independência e dificilmente seriam reconquistados devido à distância da parte europeia do país e suas respectivas colônias contra pessoas já estabelecidas nas américas.

As revoltas por autonomia espanhola já aconteciam desde o século 17 e por isso o Conde de Aranda desenhou um plano para dar essa tal autonomia e manter esses locais ainda conectados ao trono espanhol.

Sua proposta que ficou conhecida oficialmente como "Plano Aranda", era o de dividir o território da América espanhola em três grandes reinos, com uma criança sendo enviada para governar cada um deles e com o juramento de sempre obedecerem ao Rei da Espanha, que se tornaria o imperador desses mesmos reinos.

Seriam fundados o Reino do México, com os territórios do México, América Central e Flórida, o Reino de Terra Firme, com os territórios similares aos da Grã-colômbia, e o Reino do Peru, indo do atual Peru até Buenos Aires, com a Espanha mantendo apenas o controle das ilhas do Caribe e do sul do Atlântico para controlar o comércio nas colônias.

O conde escreveu: "sua majestade e todos os príncipes sucessores, tomará para si o título de imperador de todos esses reinos! Com os soberanos dessas três nações e todos os seus descendentes devendo reconhecer o Rei da Espanha como o Chefe supremo da família e de todo esse império, também abdicando de qualquer pretensão ao trono original".

Dessa forma, com o fortalecimento do comércio e maior independência das colônias, elas manteriam suprindo a Espanha com seus recursos e também poderiam ter uma estabilidade maior e se preparar para a ascensão dos Estados Unidos no continente.

Todas essas nações obviamente pagariam impostos ao rei espanhol, pelo mesmo ter feito a ‘bondade’ de ter dado seus territórios aos povos que ele mesmo roubou, que cômico né?

Até mesmo o modelo econômico desses países foi planejado, com o Reino do México fornecendo prata à Espanha, o Reino do Peru oferecendo ouro e o Reino de Terra Firme fornecendo produtos cultivados em grande escala, como o tabaco. Formando também um mercado comum hispânico.

Além da regra de os membros da família real desses reinos serem permitidos somente a se casarem entre si para manter os laços e sua colaboração mútua entre eles.

Mas de onde viria essa infraestrutura toda? Seria fornecida por meio de uma aliança com a França em troca do comprometimento de trabalharem juntos para excluir o Reino Unido do cenário europeu e o enfraquecer.

Obviamente isso seria uma grande alteração na história, pois mesmo que momentaneamente teria resolvido as revoltas dos latifundiários nas colônias e fortaleceria a economia líquida da Espanha sem precisar enviar mais colonos para assimilar a população dessas terras. Seria um grande impulso que faria um equilíbrio e manteria a Espanha como uma potência muito maior do que em nossa realidade.

Porém, o rei espanhol em toda sua grande mente iluminada considerou esse plano de Aranda como uma alta traição, pelos vastos territórios serem questão de prestígio nacional e internacional, chegando a serem considerados como "Senhores das Américas". O líder do estado, como sempre, preferiu ir pelo próprio ego do que pelo mais eficiente, quem poderia imaginar não?

Mas ainda, o mais importante de tudo é: Esse plano funcionaria? A resposta é muito provavelmente que não.

Seria arriscado a criação de gigantescos reinos nas Américas sem estabilidade alguma e facilmente podendo ser invadidos por potências estrangeiras e pelo próprio Estados Unidos que era o motivo pelo qual o plano foi criado.

Além disso, com seus territórios, maior população e grande economia, seria fácil para esses novos reinos sem opressão direta acabarem tomando gradualmente a liderança desse tratado da Espanha e se tornando a maior economia dessa esfera.

Um exemplo diferente seria o Reino Unido, o qual foi dando mais autonomia política e econômica para suas colônias ao longo do tempo, porém sempre mantiveram sua cultura como predominante, quanto às ilhas britânicas na Europa ainda eram mais ricas e com mais indústrias do que suas próprias colônias, mantendo assim uma balança de poder na mão dos Britânicos.

Isso tudo sem sequer contarmos com a cronologia histórica em nossa realidade, é impossível sabermos se esse esquema se manteria após as Guerras Napoleônicas ou se não seria desfeito no caso de algum rei espanhol morrer sem deixar herdeiros. Duvido muito que os reis daqueles reinos deixariam de tentar colocar seu próprio candidato no trono espanhol, somente por causa de um tratado feito séculos atrás.

Embora ainda vale destacar que algo similar foi feito algumas décadas depois instaurando na América o sistema de "Vice-reinos".

Esse se torna mais um plano extremamente bonito na teoria, mas que foi impraticável devido a diversos fatores. Isso acontece em diversos planos, pois justamente estes são feitos acreditando que sempre irão funcionar e que não possuem falhas.

Assim como a ideia de Marx, o Plano Aranda foi somente mais uma das várias ideias na história que não deram certo e que os que acreditam nela esperneiam que "a verdadeira ideia não foi realmente posta na prática".

Referências:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Pablo_Abarca_de_Bolea,_Conde_de_Aranda