O PSDB está INDO A FALÊNCIA e senador fala sobre fusão com outro partido

Enquanto a busca por fusões se torna o último recurso, podemos dizer que estamos testemunhando a morte lenta de um modelo político obsoleto.

Recentemente, o senador Plínio Valério, a única voz restante do PSDB no Senado, deixou claro os fatos em relação ao capital político de seu partido. Valério propôs discutirem sobre uma possível fusão com outro partido para recuperar sua influência no cenário nacional. O pedido de fusão do PSDB não é só um sinal de que o partido está lutando para sobreviver, mas também mostra como o cenário político está cada vez mais caótico, com os partidos do centro perdendo força. Dá para sentir o desespero no ar: a ideia de unir forças com outras legendas deixa claro que o PSDB já não consegue se sustentar sozinho, sofrendo com várias derrotas nas urnas e se tornando cada vez mais irrelevante.


Pra quem é muito jovem, é importante lembrar que o PSDB se posicionava como uma alternativa sólida à esquerda petista desde a vitória do Molusco de Nove Dedos. Agora, ele se vê à mercê de alianças precárias e de uma federação que, segundo Valério, "puxa para baixo". Assim, a história do PSDB não é apenas uma crônica de ascensão e queda, mas também um reflexo da desilusão política de um país que, mesmo sononolento e deitado eternamente em berço explendido, despertou um pouquinho para a realidade. A recente trajetória política do PSDB é marcada por um nível alarmante de desespero.


A insatisfação crescente com os resultados das eleições de 2024, nas quais ele registrou uma queda vertiginosa no número de prefeituras e votos, levou seus líderes a cogitar a união para tentar recuperar a força perdida. A percepção de que a fusão ou federação com outros partidos é uma solução viável para a crise do PSDB é um claro indicativo de que o futuro do partido se torna cada vez mais incerto.


O PSDB surgiu como uma resposta ao apodrecimento político do PMDB na década de 1980, em um momento em que a democracia brasileira ainda se reerguia após o regime militar. O Movimento de Unidade Progressista (MUP), liderado por figuras como Fernando Henrique Cardoso, buscava restaurar um ideal progressista em um partido que se tornara um amálgama de interesses, desprovido de uma identidade clara. Esse Movimento, que se destacou após as eleições gerais de 1986, evidenciava a necessidade de uma nova proposta política que se afastasse do conservadorismo e do clientelismo do PMDB. Em 25 de junho de 1988, o PSDB foi oficialmente fundado, impulsionado pela indignação de líderes como Mário Covas e José Serra em relação ao governo Sarney.


O partido foi construído sobre uma base ideológica que incorporava a ética, a solidariedade e a participação comunitária, mas com um foco claro em se contrapor ao populismo e ao clientelismo que caracterizavam o PMDB. Com uma bancada inaugural respeitável, o PSDB rapidamente se destacou nas eleições municipais de 1988, conquistando prefeituras em estados como Minas Gerais e São Paulo. Porém, esse sucesso inicial escondia uma fragilidade estrutural que, ao longo das décadas, se tornaria evidente.


Essa ascensão, como evidenciado, não foi sustentável. Desde 2016, o PSDB começou a experimentar um declínio acentuado, especialmente nas eleições municipais, onde sua capacidade de conquistar prefeituras diminuiu drasticamente. A trajetória do PSDB foi marcada por reveses significativos, com um agravamento crítico na catastrófica campanha de Geraldo Alckmin em 2018. Alckmin, que durante muitos anos foi um dos rostos mais conhecidos do partido, lançou-se à corrida presidencial com a expectativa de que a máquina tucana fosse suficiente para garantir sua vitória.


Contudo, sua abordagem foi amplamente criticada, com muitos apontando que a campanha refletia uma falta de conexão com as novas demandas do eleitorado. O marqueteiro e as alianças com o centrão foram aspectos que, segundo críticos, evidenciavam a obsolescência de sua estratégia. Alckmin não conseguiu atrair o voto de opinião, pois a máquina do PSDB não operou como antes, especialmente diante da ascensão avassaladora de Bolsonaro, que rapidamente se apropriou da narrativa direitista. Como vice-presidente na gestão Lula, Alckmin saiu do PSDB, entrando no PSB, e se tornou um símbolo do que muitos chamam de "vassalização" política.


Sua frase na pré-campanha de 2021, "Lula quer voltar à cena do crime", soou mais como uma tentativa desesperada de capitalizar a imagem negativa de seu adversário do que um verdadeiro compromisso com a mudança. O que se viu foi uma aliança forçada, sem convicções claras e mergulhada em contradições, que acabou corroendo ainda mais a imagem do PSDB. Alckmin foi derrotado, e sua subsequente saída do PSDB entregou de vez o partido a uma situação de vulnerabilidade extrema.


O partido encontrava-se à deriva, com sua estrutura política dilapidada e um eleitorado cada vez mais distante. O impacto dessa derrota foi devastador, levando o PSDB a uma desestabilização que resultou em um colapso de sua influência, especialmente em seu reduto histórico, São Paulo.


A participação de Alckmin no governo Lula, após sua derrota em 2018, é um sinal de sua vassalização, uma rendição a um sistema político que antes ele dizia combater. O que resta do PSDB é um espectro do que já foi. Sem Alckmin, o partido perdeu sua última liderança minimamente relevante, em um cenário cada vez mais polarizado. A crítica à sua candidatura reflete um sentimento mais amplo dentro da política brasileira, onde figuras que deveriam ser protagonistas se tornaram coadjuvantes em um teatro político dominado por outras forças.


Outras lideranças tucanas também fizeram coro ao senador Valério. Reinaldo Azambuja, ex-governador do Mato Grosso do Sul, avalia que seu partido ficou "muito pequeno" após a promoção da pré-candidatura de João Doria à presidência em 2022. Foi um erro estratégico que "diminuía o tamanho do partido a nível nacional".


A decisão de lançar Doria, uma candidatura vista como "inviável", evidenciou a desconexão do PSDB com a realidade política brasileira e contribuiu para sua acentuada perda de apoio nas urnas. Os dados são claros: em 2016, o PSDB tinha 799 prefeituras. Nas eleições de 2020, saiu com 523. No primeiro turno deste ano, conquistou 273 cidades, um declínio de quase 70% em relação a 2016. Eduardo Leite, atual governador do Rio Grande do Sul, também manifestou sua opinião quanto à fusão: “A participação nesse novo cenário, com as atuais regras do jogo, exige que o PSDB discuta fusões e federações ampliadas para sobreviver como uma alternativa viável”.


Para Leite, o PSDB tenta representar o centro, um desafio em meio à polarização entre esquerda e direita. “O centro com propósito, que o PSDB busca representar, está mais comprimido nesse debate. Aqueles que se aproximam dos polos — à esquerda no Nordeste e à direita no Sudeste — têm obtido melhores resultados”, disse. “Mas esse não é o centro que o PSDB quer ser”. As eleições municipais de 2024 mostraram um desempenho semelhante entre o PSDB e o PT, dois partidos que, ao longo da história política brasileira, foram protagonistas em diversas disputas eleitorais. O PT, que por muitos anos dominou as eleições municipais, viu sua influência reduzida. Apesar de uma leve recuperação, elegendo 248 prefeitos, ainda assim ficou aquém das expectativas, especialmente em capitais, onde não venceu nenhuma vez no primeiro turno, avançando para o segundo em 4 capitais.


De maneira similar, o PSDB não elegeu nenhum vereador em seu berço político, a cidade de São Paulo, um fato sem precedentes na história do partido. As eleições de 2024 refletiram uma tendência de declínio acentuado, com ambos os partidos sendo superados por legendas de centro e direita, como PSD e MDB, que dominaram o cenário eleitoral. Eduardo Leite minimizou a queda do partido, afirmando que a polarização política atual dificultava a atenção ao PSDB, mas essa explicação parece cada vez menos convincente diante dos resultados. Reinaldo Azambuja reiterou essa preocupação, afirmando que o PSDB precisa reavaliar sua estratégia e que a fusão com outros partidos pode ser uma solução. O que fica claro é que tanto o PSDB quanto o PT estão em uma trajetória descendente que os coloca em um caminho rumo à irrelevância política.


A comparação entre os dois partidos é reveladora. Ambos, uma vez considerados potências políticas, agora enfrentam a dura realidade de se tornarem meros anexos no ambiente político, deslocados em um cenário onde a política se fragmenta em novas direções. O que restou do PSDB e do PT é um eco distante de sua antiga glória, desprovido de ideais robustos e incapaz de mobilizar suas bases eleitorais. Essa crise de relevância revela não apenas a incapacidade dos partidos de se adaptarem às novas demandas sociais, mas também um profundo cansaço do eleitorado em relação a estruturas políticas que já não refletem mais suas aspirações.


Tanto o PSDB quanto o PT parecem presos em um ciclo vicioso de decadência, enquanto novas forças emergem, buscando preencher o vácuo deixado por estas antigas siglas. As recentes declarações de figuras como Leite e Azambuja refletem uma consciência crescente de que o cenário político brasileiro está em constante mutação. A necessidade de fusões e coligações para a sobrevivência do PSDB é um sinal de que a velha política, caracterizada por alianças frágeis e estratégias arcaicas, não é mais viável. A ascensão de partidos como o PL de Jair Bolsonaro e a consolidação de novas forças políticas são aspectos que complicam ainda mais a posição do PSDB e do PT, tornando-os cada vez mais obsoletos.


O PSDB e o PT enfrentam um futuro incerto, refletindo a insatisfação de um eleitorado em busca de alternativas mais eficazes e representativas. O desespero para buscar uniões de legendas e a constante análise de suas trajetórias políticas indicam que ambos os partidos estão se tornando coadjuvantes, em um cenário político onde a nova ordem é ditada por forças emergentes. A irrelevância política se aproxima, e a necessidade de uma reavaliação profunda de estratégias e ideologias se torna cada vez mais urgente e improvável, sob pena de se tornarem meras sombras de um passado que já não os reconhece.


Em meio a uma dança de fusões e alianças frágeis, o PSDB e o PT se tornam caricaturas de suas antigas glórias, vítimas de um circo político em que já não são mais nem mesmo os protagonistas, mas meros figurantes de um espetáculo em que a plateia já perdeu o interesse.

Referências:

https://www.poder360.com.br/partidos-politicos/precisamos-avaliar-fusao-com-outro-partido-diz-unico-senador-do-psdb/
https://www.cnnbrasil.com.br/eleicoes/cenario-politico-exige-que-psdb-discuta-fusoes-e-federacoes-diz-eduardo-leite/
https://www.jota.info/eleicoes/eleicoes-2024-confira-os-resultados-do-primeiro-turno-nas-capitais-brasileiras
https://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_da_Social_Democracia_Brasileira