A Medicina da Miséria: O Mito da Excelência Cubana

A medicina cubana tornou-se o troféu preferido dos intelectuais de esquerda: um símbolo glamouroso da revolução e vitrine reluzente do socialismo, mesmo erguida sobre escassez, propaganda e hospitais em ruínas.

Os artistas engajados, bem como partidos de esquerda no Brasil, celebram os supostos êxitos de Cuba: índices elevados de saúde, taxas baixas de analfabetismo, e igualdade salarial são entoados como prova irrefutável de que “em Cuba o socialismo funciona”.

É nesse contexto que o governo da Bahia, fiel à tradição romântica da esquerda latino-americana, anuncia com orgulho o envio de sessenta estudantes para “estudar medicina” em Cuba.

As vagas destinam-se a brasileiros de baixa renda, especialmente daqueles vindos das zonas rurais da Bahia, com histórico de militância ou envolvimento em movimentos sociais. Em contrapartida, os formados em Cuba deverão prestar serviços por, no mínimo, dois anos em comunidades rurais baianas.

Enquanto os hospitais cubanos se deterioram e seus médicos sonham em fugir da ilha, a Secretaria de Saúde da Bahia prefere ignorar a realidade e celebrar um mito.

A medicina cubana, vendida ao mundo como exemplar, não passa de uma vitrine quebrada: por trás do discurso oficial, escondem-se, falta de insumos básicos, equipamentos sucateados e estatísticas manipuladas.

As taxas de mortalidade infantil, consideradas uma das menores do mundo, é sustentada por um truque burocrático. Os recém-nascidos só são oficialmente registrados após alguns meses de vida, o que exclui das cifras oficiais todas as mortes ocorridas nesse período inicial. Assim, o que se vende como triunfo da medicina socialista é, na verdade, um artifício estatístico cuidadosamente elaborado para alimentar a propaganda do regime.

A medicina precisa de intercâmbio de ideias, acesso a novas pesquisas e liberdade para inovar. Sem esses elementos, permanece presa ao passado, à propaganda e ao improviso.

Apesar de Cuba ostentar uma das maiores densidades médicas do mundo, cerca de 67 profissionais para cada 10 mil habitantes em 2014, isso não torna seu sistema de saúde moderno nem inovador. A abundância de médicos não compensa a escassez de liberdade acadêmica, de especialização avançada e de acesso a tecnologias de ponta.

Mesmo com instituições de pesquisa estruturadas, como o Center for Genetic Engineering and Biotechnology (CIGB), responsável por vacinas como a Abdala, a ciência cubana continua profundamente subordinada ao planejamento estatal. O talento individual e a pesquisa independente são limitados.  

(Sugestão de Pausa)

Além disso, Cuba transformou o envio de profissionais da saúde em uma de suas principais fontes de receita e influência política. O regime firma contratos diretamente com governos estrangeiros, quase sempre ditaduras amigas ou países de orientação socialista, ficando com a maior parte do pagamento pelos serviços médicos.

Aos profissionais, repassa-se apenas uma fração do valor original, frequentemente inferior a 20%. O resultado é que o Estado cubano vende o trabalho de seus cidadãos como mercadoria diplomática, lucrando com a servidão disfarçada de missão humanitária.

Esses médicos não viajam por escolha, mas são designados pelos diretores do programa. Seus passaportes são confiscados, seus deslocamentos vigiados, e suas famílias mantidas em Cuba como forma de coação. Aqueles que decidem abandonar as missões são declarados desertores e proibidos de retornar à ilha por anos.

O programa “Mais Médicos”, firmado entre Brasil e Cuba em 2013, revelou a natureza dessa prática. O governo brasileiro pagava integralmente por cada profissional, mas mais de 75% do salário era retido pelo regime cubano, que usava o restante como vitrine de sua suposta “eficiência socialista”. Quando o Brasil exigiu que os médicos recebessem diretamente e pudessem trazer suas famílias, Havana respondeu retirando seus profissionais do país.

Entretanto, devemos admitir uma coisa: o socialismo cubano acabou com a desigualdade social. Um médico, depois de longos anos de estudo e dedicação, recebe o equivalente a R$ 100 por mês, enquanto um professor, pilar da “educação gratuita e exemplar”, leva para casa algo em torno de R$ 60. É a utopia nivelando todos.

Não é de admirar que muitos médicos abandonem o bisturi para segurar bandejas em hotéis de Havana. Lá, ao menos, há uma chance de ganhar algumas gorjetas em dólar, essa moeda “imperialista” que, curiosamente, continua sendo o verdadeiro remédio contra a miséria socialista.

Diante de tudo isso, deve-se perguntar: o que exatamente os estudantes baianos vão aprender em Cuba? Talvez a arte de fazer cirurgia sem bisturi, ou de tratar pacientes sem remédios.

Que vantagem real existe em estudar medicina em um país de condições precárias, com hospitais sucateados, falta de insumos e equipamentos obsoletos?

O governo da Bahia anuncia com entusiasmo o envio desses jovens, mas evita discutir o ponto essencial: que tipo de medicina será ensinada. Será uma formação aberta à investigação, ao debate científico e ao uso de tecnologias modernas?

(Sugestão de Pausa)

E, no fim, conseguirão sequer validar seus diplomas no Brasil, ou retornarão apenas com um certificado de lealdade a um regime em ruínas?

Sem acesso garantido a bases internacionais de pesquisa, sem cultura de inovação e sem liberdade para questionar, esses estudantes correm o risco de importar limitações, não excelência. Voltarão com um diploma, mas sem a autonomia científica e técnica que caracteriza a boa medicina.

Estudos sobre a formação médica de estrangeiros em Cuba reconhecem que, embora os alunos adquiram habilidades voltadas à atenção primária e ao trabalho comunitário, o ensino carece de especialização e tecnologia moderna.

Em vez de exportar descobertas científicas, Cuba exporta mão de obra. O país converteu seus médicos em mercadorias. Sob o pretexto de solidariedade internacional, o regime vende o serviço dos médicos como quem exporta açúcar ou níquel, e retém para si a maior parte do pagamento.

Assim, Cuba jamais se tornou um centro de excelência médica. Nunca produziu uma descoberta relevante, não possui prêmios internacionais de prestígio, tampouco pesquisadores entre os mais citados do mundo. Suas publicações científicas são escassas e pouco reconhecidas.

Enquanto universidades de países livres competem por inovações e contribuem com descobertas de impacto global, a ilha permanece isolada, sem intercâmbio acadêmico, sem liberdade intelectual e sem reconhecimento científico.

(Sugestão de Pausa)

O investimento em saúde não deveria servir para sustentar modelos ultrapassados, mas para libertar o potencial humano. Em vez de enviar jovens para aprender medicina em sistemas atrasados e ideologizados, o poder público deveria abrir espaço para que médicos e pesquisadores colaborem com centros de ponta, participem de redes internacionais de inovação e compartilhem descobertas com profissionais do mundo todo. Isso não exige mais Estado — exige menos Estado.

A solução real não está na ampliação da burocracia, mas na abertura dos mercados. Um sistema verdadeiramente livre, sem barreiras corporativas e sem monopólios profissionais, permitiria que competência e reputação definissem quem é digno de exercer uma função. Profissões deveriam ser desregulamentadas, devolvendo ao indivíduo o direito de escolher e competir.

Sem essas amarras, jovens inteligentes e curiosos, mesmo de origem humilde, poderiam ter acesso a instituições inovadoras, concorrer a bolsas internacionais e estudar em países onde a ciência prospera sob o oxigênio da liberdade.

Se o governo deseja, de fato, ajudar, que invista em liberdade, não em tutela: ofereça cursos de inglês de excelência, elimine impostos sobre intercâmbios educacionais e facilite o acesso a certificações globais. Assim, esses estudantes poderiam aprender medicina onde ela realmente floresce, nos Estados Unidos, na Europa, ou em qualquer país que valorize o mérito, a inovação e a verdade científica.

Há, contudo, um caminho ainda mais nobre — e infinitamente mais eficaz — do que exportar estudantes para um regime autoritário: a filantropia privada e voluntária.

O Hospital de Amor, em Barretos, é uma prova viva desse princípio. Mantido por doações e pelo vigor do agronegócio brasileiro, o hospital se tornou referência internacional em pesquisa e tratamento oncológico gratuito. Nenhum decreto socialista produziu algo comparável. Isso demonstra que a caridade privada gera resultados que o Estado jamais alcançará.

Se o governo da Bahia realmente quisesse preparar seus jovens para servir às comunidades pobres, poderia incentivar parcerias com hospitais privados, universidades inovadoras e redes filantrópicas nacionais, criando programas de bolsas financiados por empresários e produtores rurais.

(Sugestão de Pausa)

O setor do agro, que já sustenta inúmeras obras sociais, poderia investir diretamente em formar médicos competentes, livres e solidários, sem precisar submeter ninguém a uma ditadura estrangeira.

No fim, o caso da Bahia é apenas um sintoma. A prova de como governos alinhados ao socialismo continuam dispostos a importar ilusões travestidas de virtude. Cuba não é exemplo de sucesso, mas o retrato persistente do fracasso: um país que prometeu igualdade e entregou miséria.

A medicina, como toda ciência, só floresce onde há liberdade de pensar, criar e escolher. Nenhum plano central pode produzir o que o mercado livre realiza espontaneamente: cooperação voluntária, inovação e prosperidade. A cura para os males da saúde pública não está em enviar jovens para regimes falidos, mas em libertar a inteligência humana das correntes da burocracia estatal.

Se a Bahia quer mais médicos, rompa monopólios corporativos, permita certificações concorrentes, abra o mercado educacional, destrave bolsas privadas, estimule parcerias com hospitais de excelência e redes filantrópicas nacionais. Deixe que empreendedores, pesquisadores, doadores e estudantes escolham, experimentem, errem e vençam. É assim que se forma competência: pela liberdade.

Referências:

https://human-resources-health.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12960-020-0450-9
https://rdcu.be/ePAC0
https://www.wipo.int/en/web/global-health/w/news/2024/innovation-and-technology-transfer-in-cuba-the-development-production-and-transfer-of-covid-19-vaccine-technology-1
https://english.elpais.com/elpais/2017/02/10/inenglish/1486729823_171276.html
https://hia.paho.org/en/country-profiles/cuba