BNDES libera MEIO BILHÃO de reais para PRODUÇÃO do "CARRO VOADOR" brasileiro

Se o governo está envolvido, podemos esperar inovação, porém, apenas na forma de taxar até os ventos que impulsionam esses veículos aéreos!

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) acaba de aprovar um financiamento robusto de 500 milhões de reais para a Eve Air Mobility. Com a instalação da fábrica em Taubaté, a expectativa é de que a empresa produza até 480 aeronaves por ano usando uma abordagem modular que prevê quatro fases de 120 aeronaves cada. Essa estratégia, segundo a Eve, promete uma gestão de capital mais eficiente à medida que o mercado de mobilidade aérea se expande.

A ligação entre o BNDES e a Eve não é recente. Em 2022, uma linha de crédito anterior de 490 milhões de reais fora aprovada para apoiar o desenvolvimento dos eVTOLs. O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, reforçou o compromisso do governo Lula com projetos de alta tecnologia que buscam dar competitividade internacional às empresas amigas do rei. O governo realmente não esconde o seu amor ao intervencionismo, direcionando quase 1 bilhão de reais para inflar artificialmente o nascente mercado de carros voadores.

Johann Bordais, CEO da Eve, expressou gratidão pelo apoio contínuo do BNDES, enfatizando que a nova unidade não apenas será a primeira do Brasil, mas também funcionará com energia limpa e renovável. José Luis Gordon, diretor do BNDES, acrescentou que o financiamento se alinha ao Plano Mais Produção, cuja meta é promover a inovação e a descarbonização no contexto nacional, criando mais empregos qualificados.

A Eve, já possui um backlog impressionante de 2.900 cartas de intenção para eVTOLs de 30 clientes em 13 países, representando um potencial de receita de 14,5 bilhões de dólares. Com um design inovador que utiliza oito rotores e asas fixas, o eVTOL promete desempenho elevado, segurança e custos operacionais reduzidos. Além disso, a empresa se apoia na experiência de 55 anos da Embraer em projetos e fabricação de aeronaves.

Enquanto isso, o protótipo do eVTOL, lançado em julho, está passando por rigorosos testes para garantir que todas as capacidades de voo e recursos de segurança sejam atendidos, consolidando a posição da Eve como um protagonista no futuro da mobilidade urbana. A expectativa é que, com esse financiamento, a Eve se estabeleça como vanguarda dos automóveis aéreos aqui nas terras tupiniquins. Mas será mesmo que a aliança entre empresas privadas e governo, pode realmente gerar bens e serviços de qualidade? A história prova que o futuro desta parceria pode ser desastroso para o público consumidor.

A movimentação do governo não é apenas uma injeção de recursos, mas uma clara demonstração da tentativa de controlar e dirigir a inovação em setores considerados estratégicos. Essa prática não é nova, e a história nos mostra que a interseção entre estado e indústria, no mercado que deveria ser livre, sempre resulta em distorções, monopólios e ineficiência.

Quando pensamos em impostos e regulações, especialmente no Brasil, o cenário se mostra nebuloso. Tomando como exemplo a indústria automotiva, os impostos representam uma carga insuportável para o consumidor. Cerca de 50% do valor de um carro é desviado para o governo sob a forma de tributos. Esse roubo legal se torna ainda mais grotesco ao considerarmos que, em muitos casos, o imposto sobre produtos como o IPI e o ICMS pode ser mais alto que o lucro das montadoras.

Para ilustrar essa distorção, consideremos o exemplo do Chevrolet Onix. Sem impostos, o carro custaria menos de 39 mil reais, mas, ao incluir a pesada carga tributária, o preço sobe para mais de 61 mil reais. E esse é apenas um dos exemplos que demonstram como o governo interfere no mercado, tornando a propriedade de um carro um luxo que muitos não podem arcar. O IPVA, a taxa de licenciamento, e os impostos sobre combustíveis adicionam camadas adicionais de roubo, tornando a vida do proprietário de carro no Brasil uma verdadeira penitência.

O Brasil, em vez de fomentar um ambiente favorável à inovação, estrangula o setor automobilístico e, consequentemente, qualquer tentativa de modernização. O custo altíssimo dos veículos novos impede que a população acesse tecnologias mais avançadas, limitando as alternativas disponíveis e favorecendo um mercado controlado por poucos players, que conseguem lidar com os custos associados ao cumprimento das exigências estatais.

Essa situação escandalosa se torna ainda mais pertinente quando olhamos para a recente tentativa do governo em expandir sua influência na nascente indústria de carros voadores. Se a taxação já é uma barreira intransponível para a aquisição de um carro normal, o que podemos esperar quando o governo decidir taxar carros voadores?

A história da indústria aeronáutica é repleta de episódios dos quais a mão do governo se fez sentir, e como sabemos, nunca acaba de maneira benéfica ao consumidor. O financiamento do BNDES à Eve Air Mobility não é apenas uma questão de alocação de recursos, é um claro exemplo de como o governo se coloca como um árbitro em um mercado que deveria ser regido pelas forças da oferta e da demanda. Ao financiar uma empresa, o governo não apenas cria uma dependência, mas favorece um modelo que se distancia da competição saudável.

O governo, em sua essência, não produz nada. Ele simplesmente redistribui recursos tirados de indivíduos por meio de tributos, criando uma estrutura na qual a eficiência é sacrificada em nome do controle. Quando o estado financia uma empresa, não está apenas investindo em inovação. Está criando uma nova forma de monopólio. As empresas que recebem esses fundos têm um enorme incentivo para se alinhar ao governo, tornando-se dependentes de suas benesses.

Isso leva a um ciclo vicioso: empresas que deveriam inovar e competir no mercado se tornam vassalas de um governo que, por sua vez, tenta justificar sua intervenção com o argumento de “desenvolvimento econômico”. Isso resulta em um ambiente de ineficiência, na qual a inovação é sufocada, os consumidores são deixados à mercê de preços inflacionados e os produtos possuem qualidade inferior.

A história que envolve a indústria alimentícia, do catchup do empresário Henry John Heinz, ilustra perfeitamente como a aliança entre empresários e governo pode criar monopólios. Heinz, em busca de eliminar a concorrência, utilizou sua influência para promover regulamentações que favoreciam seu produto em detrimento de outros. O governo, na ânsia de criar novas taxações e regulações, aceitou essas propostas, criando toda sorte de entraves sem questionar.

Essa mesma dinâmica se repete hoje em dia. Quando uma empresa, como a Eve Air Mobility, visa estabelecer um novo produto inédito no mercado, a tentação de se aliar ao governo é irresistível. O apoio governamental pode criar uma barreira intransponível para potenciais concorrentes, permitindo que a empresa favorecida opere em um ambiente protegido, livre da pressão competitiva que caracteriza um mercado saudável. Com isso, a companhia não apenas assegura sua posição de monopólio, mas se transforma em uma extensão do aparato estatal.

A possibilidade de barreiras protecionistas surgirem a partir da parceria entre a Eve Air Mobility e o governo não é mera especulação. Mais alarmante ainda é o potencial dessa aliança criar uma barreira protecionista que inviabiliza a importação de outras tecnologias. Se uma parceria como essa se consolidar, será possível que o governo implemente regulamentações que dificultem a entrada de novas soluções tecnológicas no Brasil, argumentando que a segurança e a qualidade do produto nacional precisam ser garantidas. Isso seria um golpe duro para o consumidor e para a própria evolução do setor tecnológico no país.

Esperamos que este terrível cenário não se concretize, mas o alerta fica. O Brasil já passou por um cenário como esse durante os governos militares, com o governo protegendo monopólios do setor de eletrônicos. O leviatã tupiniquim impôs diversos entraves à importação de eletrônicos nos anos 1970, enquanto cultivava um ecossistema de empresas campeãs nacionais. Como resultado, o Brasil ficou defasado tecnologicamente, o mercado inundado de produtos de qualidade péssima e altos preços, inflados ainda mais pela nossa tradicional inflação. O remédio para tal cenário teria um gosto amargo, vindo com a abertura do mercado brasileiro nos anos 1990, na qual muitas dessas empresas faliram e milhares de pessoas ficaram desempregadas. Apesar do trauma, este era necessário para que o mercado, naturalmente autorregulado, corrigisse as distorções criadas pelo governo daqui.

Ao analisarmos essa relação espúria entre governo e indústria, fica claro que a intervenção estatal é uma armadilha que não apenas mina a liberdade econômica, como cria distorções que prejudicam o mercado por anos após o fim da regulação. Desde a taxação exorbitante sobre automóveis até o financiamento de projetos que favorecem empresas específicas, o governo se posiciona como um obstáculo à inovação e à concorrência.

Um mercado verdadeiramente livre é o único caminho para a prosperidade. Quando deixamos o governo interferir nas dinâmicas de mercado, permitimos que os interesses de poucos se sobreponham ao bem-estar de muitos. É hora de reivindicarmos um retorno à liberdade econômica, à competição e à inovação, para que sejam as forças motrizes da indústria, não as manobras políticas de empresários que buscam garantir seus lucros às custas do consumidor.

A liberdade é o verdadeiro motor do progresso, e a história mostra que a intervenção estatal só gera ineficiência e corrupção. Chegou o momento de reconhecer que, para um futuro próspero e verdadeiramente livre, por hora o governo deve ser afastado dos negócios, e isso vale para todos os setores da economia. Mas todos sabemos que a solução em definitivo será a completa extinção do governo. Entretanto, fique tranquilo, não há necessidade de pegar em armas para isso, a crescente tragédia do cálculo econômico fará o trabalho pesado para nós.

Referências:

https://agenciadenoticias.bndes.gov.br/detalhe/noticia/BNDES-aprova-R$-500-milhoes-para-Eve-Air-Mobility-produzir-o-carro-voador/
https://www.guiamuriae.com.br/noticias/brasil/bndes-libera-r-500-milhoes-para-producao-do-carro-voador-no-brasil/