Com INFLAÇÃO, brasileiro COME mais MACARRÃO e menos ARROZ e FEIJÃO

O prato do brasileiro mudou, e a culpa não é do gosto nem da moda fitness, mas do governo e sua inflação que nos empobrece disfarçadamente.

Entre 2023 e 2025, o consumo de macarrão no Brasil cresceu impressionantes 14 vezes, segundo levantamento da VR que analisou mais de 5 milhões de notas fiscais. Traduzindo para números mais diretos, em 2025, quando analisada a proporção de quilos comprados, o macarrão representou 58% das compras, contra 22% do arroz e 20% do feijão. A tradicional dupla arroz com feijão, símbolo cultural da mesa brasileira, está sendo substituída por massas baratas, ultraprocessadas e nutricionalmente inferiores. E o motivo é brutalmente simples. O brasileiro não tem mais dinheiro para comer como comia antes. O responsável por essa degradação alimentar tem nome e sobrenome: estado brasileiro. Com sua política monetária desastrosa, gasto público desenfreado e inflação disfarçada, o governo está degradando a comida do brasileiro.

Os dados são ainda mais cruéis quando olhamos os preços. Enquanto o arroz de 5kg chegou a custar R$ 18 por unidade em 2024 e o feijão oscilou entre R$ 7 e R$ 10, o macarrão manteve-se estável entre R$ 4 e R$ 5 por pacote durante todo o triênio. A explicação técnica envolve safra global de trigo recorde e estabilização internacional do grão, mas a verdade é que o macarrão virou a única comida acessível para famílias que ganham salário mínimo corroído pela inflação. E essa inflação não caiu do céu. Ela foi fabricada em Brasília, impressa pelo Banco Central e distribuída democraticamente sobre a mesa dos mais pobres. A inflação oficial de alimentos acumulou alta de 12,5% entre 2023 e 2024, pressionada pela quebra parcial da safra de arroz no Rio Grande do Sul e pelo aumento no custo dos fertilizantes, cujo preço depende do dólar, que passou de R$ 5,10 para R$ 5,45 no período. Mas esse número de 12,5% é o que o governo diz ser o real, mas como bons libertários sabemos que esse número é mais maquiado que a cara das Youtubers famosas. A inflação real, aquela sentida no caixa do supermercado, é muito maior, porque inclui o fenômeno perverso da shrinkflation, ou reduflação, como foi batizado no Brasil. Trata-se da prática de reduzir a dimensão das embalagens mantendo o mesmo preço, uma forma de inflação invisível que rouba o poder de compra sem que o consumidor perceba imediatamente.

Segundo a consultoria Kantar, 70% dos alimentos e bebidas vendidos no Brasil tiveram redução no tamanho desde 2021. Uma embalagem de macarrão de 500 gramas agora pesa 400; o pacote de bolacha mantém o tamanho da caixa, mas perdeu quatro unidades; o café, o chocolate e o sabão em pó encolheram discretamente. A barra de chocolate caiu de 200g para 180g, depois para 150g, 125g, 100g, 90g, e hoje algumas marcas chegam a comercializar o produto em porções de até 80 gramas. O tradicional biscoito Maizena teve a embalagem reduzida de 200g para 175g, o wafer dessa mesma marca foi de 160g para 100g, alguns molhos de tomates foram reduzidos de 340g para 300g e o leite condensado foi substituído por “mistura láctea”. Nem mesmo os palitos de fósforos ficaram de fora dessa e diminuíram de 240 para 200, uma redução de 20%.

A prática é legal, desde que informada na embalagem por no mínimo 90 dias, mas quem lê letras miúdas enquanto tenta sobreviver ao fim do salário? As próprias empresas recorrem a essas reduções para compensar os custos produzidos por impostos, combustíveis caros e aumento salarial artificial imposto por decretos estatais. Elas não são vilãs, mas sobreviventes do jogo criado por Brasília. O estado taxa, regula, infla e depois culpa o mercado pelo encolhimento das embalagens. Mas a degradação alimentar do brasileiro não para na substituição de arroz e feijão por macarrão nem no encolhimento das embalagens. O consumo de carne vermelha despencou dramaticamente. Segundo dados do Rabobank e da Conab, o consumo per capita deve cair de 35 quilos para 31,9 quilos por ano em 2025, quase 10% a menos na mesa. Nos primeiros quatro meses de 2025, as vendas de carnes bovina e suína caíram 7,9% em volume, mesmo com os preços médios recuando 8,9%. Ou seja, mesmo com a carne mais barata, o brasileiro não consegue comprar. Isso não é economia, é empobrecimento estrutural.

O trabalhador comum corta o bife do almoço para caber no orçamento, substitui a proteína por ovo, que subiu mais de 30% nos primeiros meses de 2025, e, nas semanas mais apertadas, por macarrão que depois de cozido custa em média R$ 2 o quilo. Os ovos ganharam mais espaço na mesa: crescimento de 5,5% nas vendas, mesmo com um aumento de 11,7% no preço por quilo. Isso reforça uma tendência de substituição de carnes mais caras por fontes de proteína mais acessíveis e nutricionalmente inferiores. A exportação para China e outros mercados, estimulada pelo câmbio alto, reduz a oferta interna de carne, enquanto o governo, ao invés de atacar a raiz inflacionária, cria programas assistenciais que somente disfarçam o problema. A raiz do problema está na política monetária e fiscal completamente descontrolada do estado brasileiro. A dívida pública ultrapassou 77% do PIB em 2025, subindo de 72% para 83% durante o mandato atual. O estado gasta mais do que arrecada, financia déficits por meio da monetização da dívida e depois culpa “fatores externos” pelo aumento dos preços. O real foi uma das moedas mais desvalorizadas do planeta em 2025. A inflação é sempre consequência de emissão excessiva de moeda e gasto público acima da arrecadação.

Enquanto isso, o Banco Central mantém a taxa Selic em 15% ao ano, tentando controlar uma inflação que ele mesmo criou ao financiar o gastança estatal. A estimativa de inflação para 2025 é de 4,8%, acima do teto da meta de 4,5%. As projeções de mercado indicam que a inflação permanecerá acima da meta pelos próximos anos. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, alega que o mercado de trabalho aquecido exige manutenção dos juros altos. Desde a produção agrícola até a prateleira do mercado, o governo está em cada camada, cobrando taxa, imposto ou licenciamento. A burocracia no campo encarece fertilizantes, transporte e combustível; a intervenção no câmbio distorce preços de exportação e importação; a tributação múltipla na cadeia de alimentos multiplica o custo final em até 40%. O produtor rural trabalha com margens mínimas, o supermercado repassa os aumentos e o governo aparece nas propagandas, sorrindo em programa eleitoral, dizendo que ninguém passará fome. O resultado é a contradição perfeita: o Brasil é um dos maiores exportadores de grãos e proteínas do mundo, mas o povo come macarrão. O país vende soja e carne à Ásia enquanto compra trigo da Europa.

Economistas estatistas culpam o clima, a guerra na Ucrânia, o dólar e até as bets. Mas a verdade é que a inflação de alimentos no Brasil é resultado direto de décadas de intervencionismo estatal, gasto público descontrolado e política monetária expansionista. A desvalorização do real frente ao dólar impacta diretamente a dinâmica das exportações brasileiras, tornando mais atrativo para os produtores vender no mercado externo ao invés da comercialização no mercado nacional. Esse é o caso do café, da carne e do ovo. Com isso, esses produtos ficam mais caros no mercado interno, pressionando a inflação. Mesmo a redução pontual no preço do arroz e do feijão, apontada por estudos pontuais em 2025, não traz alívio real. O que o brasileiro compra hoje é menos produto pelo mesmo dinheiro. E quem escolhe o cardápio do povo é o governo mediante sua política monetária, fiscal e cambial, que define o que o brasileiro pode comer.

Em uma sociedade de leis privadas, a inflação como conhecemos simplesmente não existiria. Sem banco central estatal imprimindo moeda, cada emissor seria responsável por manter o valor do seu dinheiro, sob pena de falência imediata. Moedas privadas e lastreadas em ativos reais competiriam livremente, protegendo o poder de compra e impedindo o governo de financiar populismo mediante desvalorização. Em vez de destruir o valor da moeda para estimular consumo, o mercado estimularia produção, eficiência e poupança. Além disso, em um ambiente econômico livre, empresas e produtores agrícolas não seriam punidos com impostos, regulações e bloqueios logísticos que encarecem cada saca colhida. Sem intervenção estatal, o preço dos alimentos seria determinado unicamente pela produtividade e pelo equilíbrio natural da oferta e demanda, não por decisões de gabinete. O mercado, e não o governo, garantiria estoques, transportes e competitividade entre distribuidores. O resultado inevitável seria o oposto do que vivemos hoje: abundância, diversidade e acesso.

A shrinkflation, nesse contexto, seria praticamente extinta. Numa sociedade de leis privadas, contratos voluntários e reputação substituiriam burocratas e leis artificiais. Um fabricante que tentasse enganar seus consumidores perderia imediatamente espaço para concorrentes mais transparentes. A excelência não seria uma obrigação moral regulada, mas um requisito econômico para sobreviver. Os próprios brasileiros, livres de taxas e distorções cambiais, teriam renda suficiente para voltar ao básico: carne, feijão, arroz e frutas frescas. Comer bem deixaria de ser privilégio e voltaria a ser rotina. A economia livre recompensa quem produz, protege quem poupa e pune quem mente, exatamente o oposto do que faz o estado. O país que já foi exemplo de abundância agrícola agora tem famílias contando moedas no caixa para comprar um pacote de macarrão. Isso não é progresso social; é a confissão de que o sistema centralizado faliu.

O problema nunca foi o mercado, o empresário ou o exportador. O problema é o governo, que imprime dinheiro, destrói o poder de compra, e depois culpa a economia global. O brasileiro não quer subsídio, quer liberdade para escolher o que come, quanto vale o seu dinheiro e como viver sem ser punido por trabalhar. O macarrão no prato é somente o sintoma de uma doença chamada governo.

Referências:

https://supervarejo.com.br/economia/consumo-de-macarrao-apresentou-alta-de-56-em-2024
https://www.uol.com.br/flash/?c=64da507bbbf49e806a3b706a52f12cf120251015
https://www.otempo.com.br/economia/2025/6/14/preco-do-arroz-e-do-feijao-cai-dois-digitos-mas-mesmo-assim-brasileiro-consome-menos-por-que
https://timesbrasil.com.br/empresas-e-negocios/consumo-de-macarrao-dispara-no-brasil
https://investsmart.com.br/reduflacao
https://www.scanntech.com.br/noticia-varejo-queda-consumo-carne-bovina-brasil
https://veja.abril.com.br/economia/economista-explica-o-que-causou-a-inflacao-dos-alimentos-e-qual-a-culpa-do-governo
https://g1.globo.com/economia/noticia/2023/09/26/reduflacao-por-que-produtos-menores-com-precos-iguais-vieram-para-ficar.ghtml
https://canalpecuarista.com.br/noticia/17249/consumo-carne-bovina-brasil-cair-2025-aponta
https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/economia/audio/2025-09/inflacao-deve-fechar-o-ano-em-48-estima-banco-central
https://cultura.uol.com.br/noticias/64040_no-brasil-70-dos-alimentos-tiveram-reducao-no-tamanho-das-embalagens.html
https://www.voxms.com.br/economia/consumo-de-carne-bovina-volta-a-cair-apos-dois-anos-com-alta-de-preco-e-exportacao
https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/metade-da-divida-publica-e-heranca-metade-e-fruto-do-governo-diz-pessoa/#goog_rewarded
https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2025-09/ata-do-copom-indica-selic-15-por-periodo-bastante-prolongado#:~:text=Diante%20desse%20cen%C3%A1rio%2C%20o%20Copom,e%20avaliar%20os%20impactos%20acumulados.
https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2025-10/mercado-financeiro-reduz-previsao-de-inflacao-para-48#:~:text=Pela%20segunda%20semana%20consecutiva%2C%20o,(6)%20pelo%20Banco%20Central.