CRISE no HAITI se aprofunda, com GANGUES tomando conta do país: será que esse PROBLEMA tem SOLUÇÃO?

Mais uma vez, o Haiti mergulha no completo caos. Será que o pequeno país caribenho ainda tem solução?

O Haiti, repetidas vezes, tem se tornado notícia internacional por conta de seu longo histórico de crises, que costumam envolver questões ambientais, mas também políticas. Esse é considerado o país mais pobre das Américas - o que não é dizer pouca coisa, haja vista que esse continente abriga países como Cuba e Venezuela. O Haiti, de fato, é constantemente impactado por desastres naturais, como terremotos e furacões. O grande problema da pequena nação caribenha, porém, está mesmo na ação humana.

O Haiti ocupa a porção ocidental da ilha Hispaniola, no Caribe - sendo que a outra metade da ilha forma a República Dominicana, país cujo histórico é totalmente diferente dos seus quase-conterrâneos do oeste. Sua independência, conquistada em 1804, é amplamente celebrada como sendo a primeira do Caribe, e também como a primeira formação de um estado negro independente na História colonial. Contudo, o que veio depois disso foi uma amálgama de constantes conflitos e golpes de estado - com especial destaque para as figuras de Papa Doc e de seu filho, Baby Doc.

Nós já falamos sobre o Haiti em algumas oportunidades, aqui no canal. Deixamos, como recomendação, os vídeos: “Haiti: um resumo da primeira colônia independente da América Latina” e “Presidente do Haiti, Jovenel Moïse, é assassinado: Nenhuma novidade”. Todos os links estão na descrição deste vídeo.

Os últimos acontecimentos no Haiti, porém, ultrapassam qualquer limite do tolerável - basta ver as recentes notícias a respeito das gangues que tomaram conta do país, e que envolvem até casos de canibalismo, pra você entender do que estamos tratando aqui. De fato, a ONU já vinha avisando sobre o colapso nos sistemas governamentais há alguns dias. De lá para cá, várias cenas de violentos ataques foram relatadas no Haiti - incluindo aí, acredite ou não, até mesmo tiroteios acontecendo ao redor do palácio presidencial. Diga-se de passagem, o presidente interino do país, Arial Henry, já meteu o pé de lá - embora, acredita-se, ele esteja tentando voltar, para controlar a situação.

De acordo com o que foi apurado pela ONU, ao menos 200 gangues criminosas operam no país - lutando de igual para igual ou, em não raros casos, com vantagem, contra a polícia local. Essas organizações criminosas tocam o terror no país há algum tempo, financiando suas atividades por meio de atividades como tráfico de drogas e armas, roubos, sequestros, extorsões, desvio de mercadorias, dentre outros. Dessas centenas de organizações criminosas, 23 gangues se destacam, sendo responsáveis, hoje, por controlar 80% do território da capital do país.

Alguns dias atrás, diversas gangues invadiram a principal prisão haitiana, libertando de lá quase 4 mil presos - muitos dos quais, de altíssima periculosidade. Acredita-se, inclusive, que o criminoso conhecido como “Barbecue”, um ex-policial que lidera uma das mais perigosas dessas gangues, a G9, é quem realmente dá as cartas no Haiti - pelo menos nas ruas. Seu nome, que significa “churrasco”, está relacionado, é claro, aos seus hábitos canibais.

A situação ficou tão grave, que o próprio governo dos EUA anunciou, no dia 10, a retirada de seus diplomatas e funcionários do país. De acordo com pronunciamento da própria embaixada americana, no X (antigo Twitter), “o aumento da violência de gangues nas proximidades da embaixada dos EUA e do aeroporto levou o Departamento de Estado a tomar providências para permitir a saída de pessoal adicional”.

Algumas horas depois, a União Europeia também anunciou a retirada de seus diplomatas do país. Até mesmo Sua Santidade, o Papa Francisco chegou a se pronunciar pedindo a paz e o fim da violência no Haiti. A verdade, porém, é que de nada adianta implorar para criminosos pararem de cometer crimes e atos violentos. A solução para o problema, definitivamente, não passa por aí.

Bem, mas então, qual seria a solução? A comunidade internacional tem debatido a respeito de possíveis ações a serem tomadas. No momento, está sendo realizada uma reunião na Jamaica, com a participação dos Estados Unidos, França, países caribenhos e também representantes da ONU. Na verdade, o próprio Conselho de Segurança da organização globalista clamou por uma solução, por vias democráticas, para a crise haitiana. Qualquer manifestação da ONU relacionada ao tema, contudo, soa como um deboche, uma vez que há alguns meses a organização tenta, em vão, enviar uma missão internacional para lá.

Agora, falta à ONU responder à seguinte questão: como é possível pedir por uma “solução democrática” para a crise no Haiti, se o país tem sido castigado, por décadas a fio, por governos ditatoriais e tomadas violentas de poder? Dado o histórico do país, é pouco provável imaginar que o governo haitiano conseguirá, por conta própria, dar um jeito nesse problema. Enquanto o impasse continua, contudo, as gangues se mantêm firmes no seu intuito de destruir o que ainda resta, no país, do estado democrático de direito.

Que a ONU ainda vai bater cabeça sobre esse tema, bem, todos nós sabemos. Contudo, será que não existem outras soluções mais objetivas sendo propostas? Sim, elas existem; e uma, em particular, é bastante pitoresca. Trata-se da proposta veiculada pelo malvado favorito da direita mundial, Nayib Bukele, em sua própria conta no X. Em uma postagem, o presidente bitconheiro de El Salvador afirmou que seu país está disposto a resolver o problema no Haiti, desde que sejam atendidas algumas condições. Seriam elas: a autorização da ONU, a conivência do próprio governo do Haiti e, é claro, que alguém banque os gastos envolvidos com a operação.

Bem, se existe algum político com histórico de vitória contra grupos organizados e perigosos, esse cara é o Bukele. Se ele iria conseguir enfrentar mais de 200 grupos criminosos organizados, armados inclusive com metralhadoras .50, em território estrangeiro, isso é outra história. A verdade é que até mesmo a ex-primeira dama do Haiti parece ter aprovado essa ideia. Só que, como bem sabemos, a ONU jamais permitiria algo do tipo. Aceitar a entrada de El Salvador no Haiti seria equivalente a reconhecer sua própria incompetência, enquanto organização destinada a evitar crises humanitárias.

Contudo, o real ponto a respeito do Haiti é que, de fato, a solução para os seus problemas não está no estado. A máfia estatal é, em primeiro lugar, a grande responsável por permitir essa deterioração terrível do tecido social. O governo do Haiti, tem falhado, em várias oportunidades, e por décadas a fio, no seu suposto objetivo de trazer paz social e prosperidade para o país. O que o Haiti possui, atualmente, é justamente o contrário de tudo o que foi prometido: pobreza, miséria e muita, muita violência.

Enquanto que, para um cidadão comum, é praticamente impossível conseguir acesso a uma arma de fogo legal, as gangues haitianas vêm sendo abastecidas com o contrabando de armas há vários meses. É claro que, nesse tipo de cenário, armas pertencentes ao estado também acabam parando nas mãos dos bandidos - como acontece, com frequência, aqui no Brasil. Ou seja: o estado proíbe o cidadão de ter uma arma de fogo, para promover sua defesa, enquanto permite, e até facilita, o armamento de gangues criminosas. No fim das contas, o estado está entregando o povo, indefeso, de bandeja, para os bandidos.

Já a ONU, que se tornou uma verdadeira piada internacional, também foi incapaz de resolver os problemas do Haiti, em suas incontáveis missões humanitárias - das quais até mesmo o Brasil já fez parte. Não apenas as missões fracassaram, em seu objetivo de estabilizar o país, como não faltaram acusações de violência, abuso de autoridade e prejuízos aos haitianos, por parte dos aliados da ONU. Depois de tantos erros cometidos, por agentes estatais e organizações globalistas, será que não chegou o momento de alguma solução, fora do estado, ser tentada, no Haiti?

A verdade é que, sob todos os aspectos, não há diferenças fundamentais entre as gangues haitianas, e os diversos governos convencionais que se sucederam no país. Pense, por exemplo, na famigerada ditadura do citado Papa Doc. Esse diabo foi responsável por ordenar a execução de centenas de seus opositores, além de derramar muito sangue inocente. Acredita-se, inclusive, que Papa Doc chegou ao cúmulo de utilizar as cabeças decepadas de seus rivais em rituais de vodu. Aliás, você sabe de onde surgiram as primeiras gangues que operam, hoje, no Haiti? Dos grupos de extermínios criados pelo ditador, 50 anos atrás, para assassinar seus rivais. Me diga se é possível identificar qualquer diferença prática entre o governo haitiano, e as gangues que se trucidam, dia e noite, na capital do país?

A verdade é que o pleno desenvolvimento de qualquer sociedade só pode ser conquistado se houver paz social e instituições sólidas que possam coordenar a coexistência entre os indivíduos - e isso em qualquer parte do mundo. Só que, ao contrário do que aquele seu amigo esquerdista gosta de afirmar, tais objetivos também podem ser alcançados por meio de uma sociedade livre. Na verdade, a solução libertária é muito mais eficiente, uma vez que grande parte dos problemas que hoje observamos, ao redor do mundo, decorrem, justamente, da ação do estado.

É por conta disso, inclusive, que é tão difícil vislumbrar um cenário de coesão social no Haiti - pelo menos nas atuais circunstâncias. A culpa desse cenário, é claro, recai sobre o estado - que não apenas enfraqueceu as bases institucionais do país, por anos a fio, como permitiu, de forma concomitante, o crescimento das atuais gangues. Lembre-se, apenas, que o tal Barbecue é um ex-agente do estado.

A história estatal se repete, embora os personagens mudem. O que estamos vendo acontecer, no Haiti, é algo que também acontece aqui, no Brasil, em locais dominados por facções criminosas e por grupos de milicianos. Em todos esses casos, uma análise racional e honesta da situação sempre vai apontar a culpa do estado, no agravamento da violência e no enfraquecimento das instituições.

Os países que, ao longo dos anos, conseguiram se desenvolver e alcançar um status de paz social e de sólidas instituições, o fizeram não por conta do estado - mas sim apesar dele. Alguns países, como nos demonstra a história, tiveram a sorte de contar com governantes com algum grau de razoabilidade. O problema, na verdade, é ter que contar com a sorte, em se tratando do estado. Nessa verdadeira roleta russa, o país tem uma chance remota de virar uma Suíça, ou uma chance grande de se tornar uma Bósnia, uma Somália ou um Haiti. Portanto, será que vale a pena correr esse risco, em nome do estado?

Esperamos, sinceramente, que as coisas se resolvam no Haiti, de forma pacífica. Isso, contudo, é mais uma torcida, uma esperança otimista, do que uma análise fria dos fatos. O Haiti tem sido tragado, década após década, para uma espiral de destruição e de empobrecimento. E, enquanto os mesmos erros forem cometidos, é pouco provável que as coisas mudem por lá. A solução para o Haiti, como para qualquer outro país, em qualquer outra parte do mundo, passa pela liberdade. Torcemos, portanto, para que os haitianos consigam se livrar das gangues, e também do estado - entidades mafiosas que tanto mal fizeram, e ainda fazem, a esse povo sofrido.

Referências:

https://www.terra.com.br/noticias/mundo/militares-dos-eua-retiram-funcionarios-da-embaixada-do-haiti-e-reforcam-seguranca,14747fdce61b499a2ac54e1fff94306cidq957m8.html

https://www.cartacapital.com.br/mundo/reuniao-de-urgencia-na-jamaica-debate-crise-no-haiti-onu-pede-negociacoes-pela-democracia/

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-quem-foi-francois-duvalier-papa-doc.phtml

https://twitter.com/nayibbukele/status/1766698383132012674

https://www.bbc.com/portuguese/articles/cl46rv274l3o

“Haiti: um resumo da primeira colônia independente da América Latina”
https://www.youtube.com/watch?v=hA4gBcv_fxY

“Presidente do Haiti, Jovenel Moïse, é assassinado: Nenhuma novidade”
https://youtu.be/a5nGO5ANxu0?si=VvZXX7_4soD-ykHS