Com Trump presidente, como ficará o futuro da Direita no Mundo?

Os democratas sofreram uma grande derrota nessa eleição e perderam totalmente seu espaço popular para a direita. Mas Trump nem assumiu e já estão falando de quem vai o suceder? Será que isso pode se repetir aqui no Bananil e fragmentar a direita?

Trump ganhou as eleições de 2024 em uma vitória arrasadora contra a Kamala Harris, tanto nos colégios eleitorais quanto no voto popular, e este ano assumirá novamente a presidência americana no dia 20 de janeiro. É claro que agora com seu segundo mandato ele não poderá se candidatar novamente, o que deixa a questão de, como será o movimento "Make America Great Again" sem Trump? É óbvio que com Trump ainda vivo e governando por 4 anos, ficará um pouco mais fácil indicar alguém e preparar essa pessoa para ser seu sucessor, com seus apoiadores seguindo ele posteriormente.

Mas se caso Trump acabasse morrendo de causas naturais ou por um novo atentado, os republicanos iriam ficar extremamente divididos sobre quem estaria mais apto a liderar ou ser aceito por todos como o novo representante da direita. Até mesmo nomes de fora do partido republicano poderiam ser nomeados para esse posto, então vamos falar de alguns deles agora.

Para começar, temos o menos provável dos três que iremos listar e que nem sequer é parte do Partido Republicano: Robert Kennedy Jr. Sobrinho do antigo presidente americano John F. Kennedy, ele é filiado ao Partido Democrata, assim como seu tio era, mas discorda profundamente do esquerdismo radical do partido. Em muitos pontos, assemelha-se mais aos republicanos, podendo ser definido como parte dos "antigos democratas". Estes englobam figuras hoje conservadoras que, no passado, apoiaram o Partido Democrata em sua era menos esquerdista, como Elon Musk e, ironicamente, o próprio Donald Trump.

Kennedy Jr. saiu da corrida presidencial nos estados-chave em troca de ser secretário da Saúde no novo governo, o que o coloca dentro do cenário trumpista, mas ainda o distancia por não ser intrinsecamente pró-Trump. Ele quer claramente formar um movimento de apoio próprio baseado no legado de seu tio. Caso chegasse à presidência, seu governo seria muito similar aos governos democratas dos anos 1960 e 1970, que foram moldados em uma realidade econômica totalmente diferente da atual.

Um nome muito popular entre os republicanos e mais alinhado ao livre mercado americano é o governador da Flórida, Ron DeSantis. Ele se tornou bastante conhecido em uma região que, nos anos anteriores, costumava oscilar nas eleições entre republicanos e democratas, mas que agora é fortemente republicana. Ele foi um dos nomes cotados pelo público para substituir Trump caso este não pudesse concorrer na última eleição devido aos processos judiciais da época.

DeSantis se afasta mais da direita protecionista de Trump e é bastante ativo na guerra cultural contra a esquerda "woke" e as marcas que a apoiam, chegando até a brigar com a Disney. Ele é o mais próximo de um libertário entre os candidatos deste vídeo. Contudo, já entrou em conflito com Trump algumas vezes no passado e não pode ser simplesmente definido como trumpista, sendo muito mais um político de direita no estilo de Ronald Reagan. Ele tem bom potencial eleitoral para se tornar presidente, mas não necessariamente seria escolhido por Trump como sucessor.

Por último, temos o atual vice de Trump, JD Vance, que é extremamente russete e representa a parte menos apreciada pelos libertários no trumpismo, alinhando-se diretamente com os conservadores que defendem a regulamentação estatal na economia. Ele também teria dificuldades em captar votos religiosos por ser fortemente pró-Israel, o que, embora não seja uma maioria, representa um segmento que pode definir o resultado em disputas apertadas.

Embora no Brasil isso não tenha tanta importância, é bastante frequente, na história americana, que um vice-presidente concorra como sucessor do presidente em exercício, sendo Biden um exemplo claro. O "trumpismo" está se consolidando como uma ideologia própria na política americana, similar ao "jeffersonianismo", que também se baseava principalmente em uma única figura (Thomas Jefferson) para liderar o movimento, reunindo características de outros pensamentos políticos da época em uma grande coalizão.

Assim como os jeffersonianos, é provável que o trumpismo tenha seu pico de popularidade agora e desapareça com o passar das décadas pós-Trump, ainda que deixe uma influência significativa para moldar a política e as decisões americanas. Nesse contexto, é altamente provável que Trump indique Vance como sucessor, mas o público em geral pode acabar escolhendo alguém como Ron DeSantis como novo líder conservador popular.

Com o sucesso das políticas contrárias ao esquerdismo e ao marxismo, os Estados Unidos tendem a experimentar uma alavancagem positiva em sua economia. A implementação de medidas favoráveis ao livre mercado e à redução da intervenção estatal pode aumentar o dinamismo econômico, atraindo investimentos e fortalecendo o dólar. Essa valorização da moeda americana, por sua vez, impactará diretamente economias emergentes como o Brasil, onde o real pode se desvalorizar ainda mais. Essa disparidade enfraquece a credibilidade do governo petista, especialmente perante um cenário global de retração em políticas esquerdistas. Imagine o impacto nas narrativas das eleições de 2026 caso o Dolar esteja perto ou acima dos 8 ou 9 reais no final de 2025.

Na Europa, o cansaço crescente com a cultura "woke" e os efeitos negativos de políticas esquerdistas abre espaço para que o conservadorismo e as políticas de liberdade econômica ganhem maior aceitação. Países que enfrentam desafios como altas taxas de desemprego, endividamento público e crises culturais tendem a observar os modelos pró-mercado com mais interesse, especialmente se os resultados nos Estados Unidos forem positivos. Essa mudança de percepção pode gerar uma onda conservadora no continente, influenciando eleições e decisões políticas em nações-chave, como França, Alemanha e Itália.

Esse contexto favorece a expansão da narrativa anti-esquerda na guerra cultural, consolidando uma visão mais crítica às ideologias progressistas. O sucesso econômico atrelado a valores conservadores e à liberdade individual fortalece o argumento de que as políticas de direita são mais eficazes na promoção do bem-estar e da estabilidade. Assim, a rejeição ao marxismo e ao esquerdismo não se limita ao campo econômico, mas também se torna uma ferramenta poderosa para moldar o discurso cultural e político em escala global.

Também podemos falar sobre o futuro dos democratas e dos libertários americanos. Trump elogiou os libertários durante sua campanha, mas não indicou nenhum libertário para seu governo, além de ter elogiado a direção econômica da Argentina sob Javier Milei e a redução de impostos. Contudo, agora ameaça impor tarifas de importação para "proteger a indústria americana". Dado isso, é pouco provável que ele aponte algum libertário como sucessor. Apesar disso, o Partido Libertário Americano pode encontrar inspiração na Argentina para moldar um novo candidato até 2028. O mesmo vale para os democratas, que, embora não tenham um país para se espelhar, precisarão escolher entre apelar aos direitos trabalhistas com assistencialismo estatal ou enveredar ainda mais à esquerda, correndo o risco de desaparecer no cenário eleitoral.

Ademais, outras questões podem impactar um futuro representante da direita, já que presidentes americanos frequentemente utilizam seus últimos mandatos para colocar projetos impopulares em prática. Estes, por sua vez, só terão consequências eleitorais quando eles já estiverem fora do cargo.

Podemos observar que Trump está começando a fazer isso com seu plano de altas tarifas sobre produtos importados em troca de benefícios para realocar toda a indústria americana da China para os Estados Unidos, produzindo tudo localmente. Todos sabem que isso será impopular e encarecerá os produtos no curto prazo, com apenas a promessa estatal de que isso trará benefícios futuros e aumentará as oportunidades de emprego para os trabalhadores, além de manter a hegemonia americana.

Embora isso possa levar a uma reindustrialização dos EUA, tal iniciativa não deve ser orientada pelo Estado, pois pode criar um vício estrutural nas empresas americanas, que permaneceriam no país apenas devido aos subsídios estatais. Além disso, mesmo sendo mais seguro abrir empresas em uma democracia, a mão de obra americana continua significativamente mais cara que a chinesa. O povo não deseja sofrer no presente por uma promessa vazia de futuro, e, se for tão ruim assim, isso pode acabar prejudicando quem for o sucessor de Trump, reduzindo seu potencial eleitoral.

Aqui, na América Latina, Javier Milei provavelmente não terá esse tipo de problema e poderá deixar um legado extremamente positivo para seu sucessor, cujo nome ainda desconhecemos. O mesmo não se aplica ao Brasil, onde, enquanto a direita global discute bons candidatos para sucessão, a esquerda se apega a velhas figuras do passado e seus lacaios secundários, sem apoio popular, garantindo, assim, sua irrelevância no curto prazo.

Referências:

https://www.youtube.com/watch?v=J0U9HrEw0Vg&pp=ygUZdHJ1bXAgc3VjZXNzb3IgbW9uc2lldXIgeg%3D%3D